ANO 117 Nº 258 - PORTO ALEGRE, QUINTA-FEIRA, 14 DE JUNHO DE 2012
- Querem acabar com a imprensa livre, Candoca. - Estás falando da Oia, Laçador? - Claro, é o principal veículo da liberdade de imprensa neste país cada vez mais dominado pelos comunistas. Graças a ela, sabe-se que nunca se roubou tanto... - Besteira, Laçador, nada mais do que uma besteira. A Oia faz parte é do Partido da Imprensa Golpista, o PIG. - Ah! Mais um leitor de Karl Marx, mais um comuna. - Eu? Eu leio Voltaire, Laçador, só Voltaire. - Voltaire Porto? - Deixa de ser idiota, Laçador. Voltaire Porto é um baita repórter, mas não é dele que estou falando, é do outro. - Ah, deve ser do Voltaire Schilling? - Esse é um baita historiador e intelectual gaúcho, mas não é dele que estou falando, é do outro, o iluminista. - Nunca li esse daí. Ah, agora me lembro, o Carlos Lacerda, de vez em quando, falava dele. Era um subversivo francês, um desordeiro de marca maior que queria acabar com os padres e deixar o povo ao deus-dará, um safado. - Deixa de ser ignorante, Laçador. É o que dá só ver a Rede Baita Sol e só ler as pataquadas dessa Oia. - É o que eu sempre digo, Candoca. Tu és ingênuo mesmo. A Oia é a revista da família, da Pátria, da propriedade, não é como a Carta Comunista, esse panfleto vermelho que defende Bolsa-Família, as cotas, os frescos, vadios ganhando sem trabalhar, todas essas barbaridades do PT. - A Oia ainda não explicou bem a sua relação com o Cachoeira, Laçador. Tem coelho nesse mato, vai por mim. - A Oia já fez mais pelo país depois disso. Revelou o golpe do Sapo Barbudo para cima de um insuspeito ministro do STF na tentativa de atrasar o julgamento do mensalão. - Insuspeito? Todo mundo diz que esse aí não corre, voa. - Meu Deus! Santa ingenuidade. É isso conversa dos comunistas, Candoca. O homem é limpo, não aceita pressão, tem capacidade de indignação, botou a boca no trombone. - Indignação? Mas, Laçador, 30 dias depois do fato. - Te larguei, Candoca. Deixa de ser ingênuo. Cada um tem o seu tempo de indignação. Um ministro do STF pensa, pondera, pesa, calcula, não sai por aí feito um louco. - É, eu devo ser muito ingênuo mesmo. Que coisa! - Lê a Oia. Vai ver que nunca se roubou tanto... Juremir Machado da Silva | juremir@correiodopovo.com.br |