segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Assalariados pagam mais IR que os bancos


Trabalhadores garantem 9,9% da arrecadação federal, mais que o dobro dos 4,1% pagos pelas instituições financeiras, aponta estudo

16 de outubro de 2011 | 23h 13

Iuri Dantas, de O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - As distorções tributárias do País prejudicam a classe média, que contribui com mais impostos do que os bancos. Análise feita pelo Sindicato Nacional de Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco), e confirmada por especialistas, indica que os trabalhadores pagaram o equivalente a 9,9% da arrecadação federal somente com o recolhimento de Imposto de Renda ao longo de um ano. As entidades financeiras arcaram com menos da metade disso (4,1%), com o pagamento de quatro tributos.
"Os dados mostram a opção equivocada do governo brasileiro de tributar a renda em vez da riqueza e do patrimônio", avalia João Eloi Olenike, presidente do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). A face mais nítida desta escolha, segundo o especialista, é a retenção de imposto de renda na fonte, ou seja, no salário do trabalhador.
"São poucos os países que, como o Brasil, não deixam as empresas e as pessoas formarem riqueza," afirmou. "Todos os tributaristas entendem que não está correto, era preciso tributar quem tem mais."
O Sindifisco analisou a arrecadação de impostos federais no período de setembro de 2010 a agosto deste ano. Neste período, as pessoas físicas pagaram um total de R$ 87,6 bilhões em Imposto de Renda, incluídos os valores retidos na fonte como rendimentos do trabalho.
No mesmo período, o sistema financeiro gastou apenas R$ 36,3 bilhões com o pagamento de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), contribuição para o PIS/Pasep, Cofins e Imposto de Renda.
Procuradas, a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) e a Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF) não se pronunciaram.
Motivo. Especialistas se dividem sobre as razões para a manutenção do que chamam de distorção tributária. Segundo o advogado tributarista Robson Maia, doutor pela PUC de São Paulo e professor do Instituto Brasileiro de Estudos Tributários, o Brasil precisa cobrar tributos equivalentes aos de outros países, para não perder investimentos.
Na avaliação de Olenike, do IBPT, a estrutura tributária tem relação com o poder de influência de bancos e instituições financeiras. "Se fosse em qualquer outro país, o governo já tinha caído, mas nós não temos essa vocação no Brasil, o povo é muito dócil e permite que o governo faça o que quer."
No seu estudo sobre benefícios fiscais ao capital, o Sindifisco defende mudanças na legislação para reduzir as distorções e permitir menor pagamento de imposto por trabalhadores e maior cobrança de grandes empresas e entidades financeiras. "Não basta o Estado bater recordes de arrecadação de Imposto sobre a Renda, pois quem sustenta essa estatística é a fatigada classe média."
http://economia.estadao.com.br/noticias/economia,assalariados-pagam-mais-ir-que-os-bancos,88394,0.htm
Fonte: 

sábado, 15 de outubro de 2011

Dia do Professor

  “Sou professor a favor da decência contra o despudor, a favor da liberdade contra o autoritarismo, da autoridade contra a licenciosidade (...)

    Sou professor a favor da esperança que me anima, apesar de tudo. Sou professor contra o desengano que me consome e me imobiliza.

    Sou professor a favor da boniteza de minha própria prática, boniteza que dela some se não cuido do saber que devo ensinar, se não brigo por este saber, se não luto pelas condições materiais necessárias, sem as quais meu corpo, descuidado, corre o risco de se amofinar e de já não ser o testemunho que deve ser do lutador pertinaz, que cansa, mas não desiste.

    Boniteza que se esvai de minha prática se, cheio de mim mesmo, arrogante e desdenhoso dos alunos, não canso de me admirar.”

 Paulo Freire

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

A quarta maçã


Nasci em 1956 em Bauru, no interior de São Paulo, numa família católica apostólica romana. Cresci sob a moral cristã num contexto em que uma maçã teve peso absoluto. Foi experimentando uma que Adão e Eva desobedeceram a uma ordem divina e foram expulsos do Paraíso. Mesmo que você argumente que Adão e Eva são apenas uma alegoria e que nada daquilo existiu de fato, aquela maçã determinou um momento de virada que influenciou a história da humanidade e a formação moral de milhões de pessoas. 

Sou o que sou como reflexo daquela primeira maçã.

Em 1965, com nove anos de idade, ganhei um compacto duplo com quatro músicas: Help!, I´m down, Not a Second Time e Till There Was You, de uma banda chamada The Beatles. Mas eu era muito jovem para entender aquilo. Foi só a partir de 1969, aos 13 anos, depois de ganhar um elepê chamado The Beatles, que percebi que algo diferente acontecia no mundo. E comecei a trilhar um caminho no qual meu modo de vestir, de dançar, de pentear o cabelo comprido, de falar e de interagir com os amigos e com a família entrava em choque com a geração de meus pais. O mundo estava em revolução. Vietnan, Rock´n Roll, as drogas, os hippies, a contracultura, os quadrinhos, o cinema, tudo mudou. Mas foi aquele disquinho de 1969 que abriu meus olhos para o que estava acontecendo. Ah, sim, aquele elepê foi editado por um selo novíssimo chamado... Apple.

Sou o que sou como reflexo daquela segunda maçã.

Cresci, fiz minhas escolhas e nos anos oitenta fui trabalhar como executivo numa multinacional de autopeças. Em 1986, produzindo um anúncio em homenagem à Volkswagem, fui a uma agência de criação onde conheci uma novidade: um computador Macintosh. Assisti maravilhado o artista fazendo diabruras com o logotipo da empresa, botando abaixo tudo aquilo que eu conhecia de fotomontagem, pasteup, letraset e fotolitos. Uma máquina com um design diferente, tela em preto e branco, um mouse e capacidade de fazer coisas que a gente via na tela antes de ter o produto pronto! Eu sabia que naquele momento minha vida começava a mudar. O computador passou a ser minha ferramenta indispensável para pesquisar, brincar, criar e me comunicar. Mudei a forma de trabalhar, a forma de pensar, a forma de me relacionar com o mundo. Depois veio o IPod com o ITunes, a base da tecnologia que me possibilitou criar o podcast Café Brasil. E por fim, o IPhone e o IPad. Nunca me cansei de admirar aquela turma capaz de criar coisas com as quais a gente nem mesmo sonhava... Ah, o nome da empresa é Apple.

Sou o que sou como reflexo dessa terceira maçã.

Ontem morreu Steve Jobs, o gênio criador da Apple, um espetacular editor de idéias que sabia antes da gente o que é que a gente queria. Não tenho dúvidas que junto com ele morreu muito do espírito inquieto que fez da Apple a empresa revolucionária que mudou a vida até de quem não sabe o que é um computador. 

Mas hoje acordei com uma dúvida...

Qual será a quarta maçã?

Luciano Pires

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