Hoje é 6 de janeiro de 2011. São quase duas da manhã...
Pensei em algo muito louco. Pelo menos para nossos tempos...
Tudo que for muito diferente daquilo que vivemos
daquilo que temos convencionado como natural, lógico
É loucura.
Mas pode não ser... é, pode não ser...
Se for algo de outro tempo, não será loucura nesse outro momento.
Mesmo que todos jurem que seja louco.
Minha loucura, portanto, seria ganhar a possibilidade de viajar no tempo...
Navegar pelas dobras do tempo...
Poderia escolher ir ao passado e reencontrar aqueles momentos mágicos...
Momentos que o tempo, diabolicamente fez, como sempre o faz, desaparecerem das nossas vidas.
Fica só a lembrança. Um pontinho entrelaçado pelos neurônios...
Saudade..
Muita saudade...
Saudade de um tempo em que uma criaturinha não tinha tanto poder...
Poder de estraçalhar com meu coração...
Era franzino, era pequenininho.
Podia agarrá-lo e abraçar como um pequeno objeto.
Mas tinha vida, calor portanto.
E neste calor, tinha luz, tinha amor.
Nossa, quanto amor!
Mas o tempo - olha ele aí novamente - o fez crescer...
Agora já não é mais aquela criaturinha que era só amor...
Agora já é gente grande...
Agora já faz parte do mundo dos adultos...
E como todo bom adulto, humano, manipulado, ludibriado, enganado...
Não é mais aquela pessoinha que conheci, que era só amor.
Brilhava amor nos olhos dele...
Era algo inexplicável.
Também teve um outro elemento: o medo.
Um fantasma que ninguém soube lidar direito.
Nem ele, nem eu.
O medo, não de mim, mas o medo pelo medo
O fez afastar-se de mim.
Assim, não mais só o tempo, mas a distância, aliaram-se contra mim.
E se já não bastasse dois inimigos, juntaram-se a outros malditos...
Que finalmente conseguiram seu intento...
Agora, não sou mais nada!
Sou apenas um miserável maldito!
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O batismo, a confissão, o espiritismo, e boa parte, senão a maioria das práticas atuais, muitas adotadas pelas religiões, remontam à Grécia Antiga.
Estamos nos referindo, portanto, a 500 a.C.
Este é um espaço que agora é inaugurado para o desabafo, como prática terapêutica e, absolutamente, isento de qualquer caráter ofensivo. Apenas um espaço para colocar o desabafo à disposição de todos, do mundo.
Se você tiver interesse em participar, escreva para crsabbi@gmail.com e conte tua história, omitindo nomes e preservando a individualidade de todos e mantendo o máximo respeito com os outros.
Vale palavrão, vale qualquer coisa, desde que não seja ofensivo à outrem.
ATENÇÃO, se você não quer ler ou compartilhar do DESABAFO.COM, não siga adiante, não leia o restante do conteúdo.
E, se não tiver 18 anos, mesmo que já tenha sido devidamente avisado antes de entrar no blog, reitero encarecidamente para não seguir adiante.
O desabafo que segue é real, original e um exemplo de como pode ser utilizado o espaço.
03/01/2011
UMA CONQUISTA, UMA DESGRAÇA!
Fui ao banheiro
Olhei-me no espelho
Bah... mas que cara calejada, pálida, marcada, sofrida...
Mas que droga, não me sinto assim!
Será que o espelho não está sendo sincero?
Não seria de admirar, pois a dissimilação tem sido um predicado...
Da maioria que encontro por aí.
E se estiver sendo sincero?
Então significará que de nada adianta sentir-se jovem, feliz.
O tempo é fatal em qualquer circunstância.
Não, não! Tem gente que tem cara de guri, de menina e são tão velhos!
Bem, então tem alguma coisa orgânica influenciando esse processo.
Sei não. Sei não.
Lembrei-me agora de outra coisa.
Meu pai sempre dizia que não queria fazer 50 anos.
Pois morreu 3 dias antes de completar o seu limite.
Quando eu era guri, achava normal ele dizer isso.
Mas o tempo foi passando e aí mais jovem, quase adolescente,
Após ele reafirmar essa já velha e batida afirmativa, perguntei
O por que afinal de contas ele não queria completar 50 anos?
Foi quando ele me disse simplesmente que não queria ficar velho.
Bem, naquela época, mesmo não sendo guri, eu achava, como todos
Que 50 anos já seria um velho caterrento, pra lá de Bagdá.
Agora estou com 54 e me sinto um guri.
Então volto a pensar que realmente o espelho pode estar sendo sincero
E, nesse caso, não sei mais se meus olhos não me ajudam a enxergar direito
Ou minha mente está a me enganar.
Ah, mas agora me surgiu outra possibilidade
Sim, uma inédita.
Talvez minha mente não siga o mesmo ritmo de envelhecimento do corpo
É, mas eu vejo a meninada e enxergo nelas um brilho em seus olhos
Não, estou olhando novamente para meus olhos
Estou em frente ao espelho
Não, não tem nenhuma luz, tampouco luzinha brilhando neles...
Mas, e aquela máxima de que os olhos são a janela da alma?
Será mais uma das infinitas falácias com que convivemos?
Ou será que minha mente é jovem, sim, mas não tanto a ponto
De ter um brilho, uma luz reluzindo para a vida?
Sei lá, também é verdade que com esse tempo já de caminhada
Essa jornada toda não foi tão fácil assim.
Porra, cada paulada que levei.
Mas olha paulada porretada, pra arrebentar de vez...
Nossa tanta coisa que nunca imaginei...
Sabe aquelas coisas que acontecem e que você
Acha que nunca acontecerá contigo?
Não, não. Não é isso que você está pensando.
Estou me referindo a questões não materiais.
O que por si só já é muito pior.
Estou querendo dizer que são questões relacionais,
Questões morais, porra!
Questões envolvendo a virtude e com gente,
Veja bem, com gente da tua gente.
Gente parte do teu próprio sangue.
Puta que o pariu, tem coisas que jamais imaginaria
Quanta provação.
Olha você já sentiu uma provação tão grande?
Que você duvide que ela vá te ensinar alguma coisa?
De tão grande, de tão imensa
Que para cair à ficha é preciso muito tempo...?
Tem coisas que só o tempo mesmo...
Estou me referindo em alguns ou muitos anos...
É, dependendo não da tempo para cair a ficha
Pode tombar o corpo primeiro, e com ele
A própria vida.
E a ficha? Vai junto arquivada, sem análise,
Sem utilidade...
Bem que eu poderia ser mais específico, não é mesmo?
Está bem, está bem.
Imagine você se propor a dar algo para alguém.
Mas essa coisa é tão cara, tão difícil.
Aí você elabora um planejamento de médio ou de longo prazo
Vai em frente e com toda energia do mundo
E com todo esforço mental, emocional, físico, espiritual e o caralho...
Você tem sucesso!!!
Sim, cacete! Você tem sucesso, P O R R A!!!
Ah, mas que beleza, não é mesmo?
Não, se enganou!
Não é mesmo!
Cacete novamente!
Sim, palavrão novamente, mas o tom já está mais baixo,
Já cansei só de relembrar...
Agora já estou ruminando comigo mesmo...
Falando baixinho....
Você acredita que em primeiro lugar,
Um dos caras que se beneficiaria disso
Simplesmente abdicou de tudo!
Sim, sim, sim. Tenho muito que repetir esse sim.
Sim, sim, sim. Eu ainda preciso acreditar nisso.
Vai um tempo...
Nesse caso muito tempo. Coloque vários “u” nesse muito
É para dar a noção exata do tempo....
É...
Mas vou te dizer uma coisa.
Na verdade, mas na verdade mesmo,
Vou te dizer que a coisa toda
Não parou por aí.
Você pensava que teu coração estava esfacelado?
Que restava pouco para reparti-lo em pedaços?
Pois se enganou meu bem.
Se equivocou completamente.
Acredite, por favor, faça um esforço
Acredite que além de desprezar algo que você,
Veja bem, algo que você considera uma legítima obra-prima.
Pessoal, não precisa que os outros pensem assim.
Coisa pessoal, quero dizer.
Mas não deixa de ser obra prima só porque é pessoal
Foi conquista!
Conquista do cacete.
Não foi ganhar na loteria.
Foi muito melhor!
Foi algo pessoal!
Foi conquista de anos de planejamento e de execução.
Muito suor, muito pensar, muita ação, muito coração.
Puxa, pensei, planejei, executei e consegui.
Tanto orgulho pessoal, íntimo, não dividido com ninguém.
Mas feliz muito mais feliz ainda, porque esse conquista
Possibilitaria a realização de algo extraordinário.
Bem, chega de reclamar e desembucha logo...
É, pois além de desprezarem o que conquistei com tanto amor
Amor e o cacete, caralho...!!!!
Descobri que tudo o que eu fiz foi entendido como...
Pasmem!!!!!!
... como mera obrigação!!!
Obrigação o cacete!!!
Pra te dizer a verdade, um dos motivos que me levaram
A essa conquista, foi aplicar uma autocrítica muito severa
Severa a ponto de particularmente, realmente
Considerar uma obrigação.
Na verdade sempre foi muito mais do que isso.
Era a construção de uma situação que normalmente
Seria absolutamente impossível.
Você só consegue algo se tiver obstinação
Obstinação e equilíbrio e,
Evidentemente, um pouco de competência,
Um pouco de maestria...
Afinal de contas, nada é por acaso!
Um desafio extraordinário para dar,
Sim, para dar, não para ter
Para oportunizar uma condição diferenciada
Ao menos para meu padrão de vida e para aquilo que
Eu poderia oportunizar.
Mas se acha que a coisa parou por aí...
É, sim senhor... está enganado!
Enganou-se novamente meu bem.
Você acredita que essa condição diferenciada
Conquistada, calejada, planejada,
Elaborada... enfim, o caralho!!!
Tudo feito para dar, repito.
Sim, um presente.
Passou a ser exigido,
Sim, exigido noutra situação
Noutra circunstância
Noutro lugar.
Porra do cacete....
No meu tempo chamaria o Mandrake!
Agora, sei lá, Mister “M” me acude uma colega aqui ao lado.
Aliás, ela pergunta pra que você quer saber nome de mágico?
Porque só me lembro do Mandrake, mas isso faz tanto tempo...
Estou escrevendo para um guri, e talvez ele nem vá saber
Quem é este tal de Mandrake....
Então, voltando a minha intimidade com o texto...
Cacete do caralho, chamem o Mandrake ou a porra
Do Mister M
Sim, porque agora, assim do nada,
De repente, sem mais nem menos
Eu sou o todo poderoso que consigo
Realizar todos os seus sonhos
Num simples piscar de olhos...
O cacete!!!!!
O caralho!!!!
Tá bom, não vou mais dizer palavrão.
Nem é do meu dia a dia fazer isso...
É que o espelho, sabe,
Aquele do início dessa história
Acabou me provocando...
Mostrou-me um cara calejado...
Mesmo que me sinta jovem,
Por outro lado sei que encrencas de saúde é que não me faltam
Mas me sinto um cara vitorioso
Mas tem o.... opsss
Mas tenho bons motivos, é óbvio, para estar
Assim, desse jeito...
Pálido!
Calejado!
E, é claro, absolutamente desprezado!
Quer saber, sinceramente quer saber de uma coisa:
Preferia ter morrido antes de ter vivido tudo isso,
Até porque tem mais, mais detalhes, mais dores,
Mais desprazeres, angústia e desespero.
O que foi uma conquista maravilhosa,
Tornou-se,
Sem mais, nem menos,
Uma das maiores desgraças da minha vida!
Carlos Roberto Sabbi
Editor do blog e deste espaço - DESABAFO.COM
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