sábado, 24 de dezembro de 2011

Papai Noel Azul

Papai Noel Azul: crônica de Natal e Futebol


Por AIRTON GONTOW

Léo e Cláudio são amigos desde a infância.

Desde piás, como se diz em Porto Alegre.

Da mesma idade, ambos bons de bola e apaixonados por música seriam até que parecidos se não houvesse uma diferença maior do que o canyon do Itaimbezinho.

O primeiro é gremista. O segundo colorado. Um é azul. O outro, vermelho.

Desde guris os dois amigos inseparáveis gostavam de provocar um ao outro quando o assunto era futebol.

Foi de Cláudio a idéia de receber Léo na frente do colégio, com outros colegas, no dia seguinte à conquista do octacampeonato gaúcho pelo Inter, pintá-lo de azul, deitá-lo em um caixão e desfilar com o “morto gremista” pelos longos corredores do colégio.

Foi Cláudio que infernizou a vida do amigo nas duas vezes em que o Grêmio foi para a segundona do Campeonato Brasileiro: “ão, ão, ão, segunda divisão”, tripudiava até em momentos que nada tinham a ver com o futebol, como no recente encontro dos ex-colegas da turma formada no Ginásio em 78.

Léo teve menos oportunidades de irritar o amigo. Mas pôde fazê-lo por muito mais tempo.

De 83 a 2006, longo período que separa do título mundial gremista do colorado. “Qual é o próximo jogo do Nacional? Digo Nacional porque vocês nunca ganharam lá fora. Internacional é o que vocês não são….”, era seu maior jargão.

A verdade é que mesmo após as conquistas da Libertadores e do Mundial em 2006 pelo rival, Léo não se deu por vencido: “Tudo bem, tudo bem, mas vocês ainda estão atrás da gente. Somos bi da América”,  disse para o colega, antes mesmo do abraço, quando se encontraram por acaso no supermercado.

Adaptou o discurso este ano, com o bi da América pelo Colorado: “vocês venceram tanto nos últimos anos e ficaram tão grandes, mas tão grandes, que conseguiram chegar onde o Grêmio já está há muito tempo”, diz.

Léo é, desde sempre, desses gremistas que nunca vestem roupa vermelha, que não teriam um carro vermelho (“Nem a Ferrari”, garante) e que usam gorrinho azul no Natal. Tinha até a bandeirinha do PT azul – coisa que só acontece no Rio Grande – nos tempos de militante, como tantos e tantos tricolores.

Neste dia 24 de dezembro, Léo recebeu pela manhã a notícia de que Cláudio finalmente foi pai.

Mesmo em meio à correria dos preparativos para a ceia, encontrou tempo para sair às ruas em busca de um presente para o menino. No caminho, teve uma ideia e correu para uma loja de produtos esportivos.

Observou atentamente as vitrines e apontou para o vendedor. “Quero esse uniforme para bebê. Completo: meiõeszinhos, calção e camiseta.”

Pouco antes do meio-dia estava no hospital. Entrou no quarto, cumprimentou a mãe, saudou o velho amigo e entregou o pacote.

Cláudio logo viu a etiqueta da loja e imaginou do que se tratava. Abriu o presente e, como pensava, era um uniforme completo de futebol. Olhou para Léo e exclamou: “Mas é do Inter!”

- Quero que meu filho tire muito sarro do teu, mas faço questão que teu filho seja colorado. Eu torço por isso. Acho tão bonito quando um filho torce pelo mesmo time do pai! – falou Léo.

Os dois se olharam em silêncio. Léo observou os olhos lacrimejantes e vermelhos do amigo. Sentiu o rosto molhado e percebeu que também estava com os olhos vermelhos. “Ambos com a cor do Inter!”, pensou. Pela primeira vez o rival levava vantagem absoluta no confronto diário dessa amizade de mais de 40 anos.

Não resistiu e encontrou, antes de partir, a palavra final, para ao menos empatar a peleja:
- Um dia conte ao teu filho que ele recebeu, na data em que nasceu, um lindo presente de um Papai Noel Azul…

Airton Gontow é jornalista e cronista.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Deixe aflorar toda a sua doçura!

Por Rosana Braga

Às vezes, fico me perguntando por que é tão difícil ser transparente... Costumamos acreditar que ser transparente é simplesmente ser sincero, não enganar os outros. Mas ser transparente é muito mais do que isso.

É ter coragem de se expor, de ser frágil, de chorar, de falar do que a gente sente... Ser transparente é desnudar a alma, é deixar cair as máscaras, baixar as armas, destruir os imensos e grossos muros que nos empenhamos tanto para levantar...

Ser transparente é permitir que toda a nossa doçura aflore, desabroche, transborde! Mas infelizmente, quase sempre, a maioria de nós decide não correr esse risco. Preferimos a dureza da razão à leveza que exporia toda a fragilidade humana.

Preferimos o nó na garganta às lágrimas que brotam do mais profundo de nosso ser... Preferimos nos perder numa busca insana por respostas imediatas à simplesmente nos entregar e admitir que não sabemos, que temos medo!

Por mais doloroso que seja ter de construir uma máscara que nos distancia cada vez mais de quem realmente somos, preferimos assim: manter uma imagem que nos dê a sensação de proteção...

E assim, vamos nos afogando mais e mais em falsas palavras, em falsas atitudes, em falsos sentimentos... Não porque sejamos pessoas mentirosas, mas apenas porque nos perdemos de nós mesmos e já não sabemos onde está nossa brandura, nosso amor mais intenso e não-contaminado...

Com o passar dos anos, um vazio frio e escuro nos faz perceber que já não sabemos dar e nem pedir o que de mais precioso temos a compartilhar... doçura, compaixão... a compreensão de que todos nós sofremos, nos sentimos sós, imensamente tristes e choramos baixinho antes de dormir, num silêncio que nos remete a uma saudade desesperada de nós mesmos... daquilo que pulsa e grita dentro de nós, mas que não temos coragem de mostrar àqueles que mais amamos!

Porque, infelizmente, aprendemos que é melhor revidar, descontar, agredir, acusar, criticar e julgar do que simplesmente dizer: “você está me machucando... pode parar, por favor?”. Porque aprendemos que dizer isso é ser fraco, é ser bobo, é ser menos do que o outro. Quando, na verdade, se agíssemos com o coração, poderíamos evitar tanta dor, tanta dor...

Sugiro que deixemos explodir toda a nossa doçura! Que consigamos não prender o choro, não conter a gargalhada, não esconder tanto o nosso medo, não desejar parecer tão invencível...

Que consigamos não tentar controlar tanto, responder tanto, competir tanto... Que consigamos docemente viver... sentir, amar...

E que você seja todo coração, muito mais sentimento, inundado de um amor transparente, apesar de todo o risco que isso possa significar...

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Telescópio da Nasa encontra primeiro planeta habitável


Kepler-22b está a 600 anos-luz de distância e é maior do que a Terra

Kepler-22b está há 600 anos-luz de distância e é maior do que a Terra<br /><b>Crédito: </b> AmesJPL Caltech / NASA / CP
Kepler-22b está há 600 anos-luz de distância e é maior do que a Terra
Crédito: AmesJPL Caltech / NASA / CP
A agência espacial dos Estados Unidos (Nasa) informou, nesta segunda-feira, que o telescópio espacial Kepler confirmou a existência do primeiro planeta habitável numa região fora do sistema solar. O astro tem cerca de 2,4 vezes o diâmetro da Terra, mas é pequeno o suficiente para não ser um gigante gasoso, como Júpiter ou Saturno. Além disso, ele orbita uma estrela muito similar ao Sol, ao contrário de outros candidatos, que giravam ao redor de anãs-vermelhas.

No início deste ano, cientistas franceses confirmaram a existência do primeiro planeta fora do sistema solar a atender às exigências para a manutenção da vida, conhecido como Gliese 581d. Mas o Kepler 22b, visto pela primeira vez em 2009, foi o primeiro cujas características puderam ser confirmadas pela agência espacial norte-americana. A confirmação significa que os astrônomos viram o astro cruzar a frente de sua estrela três vezes.

"A fortuna sorriu para nós com a detecção do primeiro planeta", disse William Borucki, principal pesquisador do Kepler no Centro de Pesquisas Ames, da Nasa. "O primeiro trânsito foi capturado apenas três dias depois de termos declarado o telescópio pronto operacionalmente. Nós testemunhamos a definição do terceiro trânsito durante o período de férias de 2010."

O Kepler-22b está há 600 anos-luz de distância. O planeta tem uma órbita de 290 dias ao redor de sua estrela. A Nasa também anunciou que o Kepler descobriu mais de 1 mil planetas com potencial de abrigar vida, duas vezes o número previamente localizado, segundo uma pesquisa que está sendo apresentada numa conferência realizada na Califórnia nesta semana.

O Kepler é a primeira sonda espacial da Nasa que procura planetas semelhantes à Terra e que orbitem sóis similares aos nossos. 
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