Mostrando postagens com marcador Nulo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Nulo. Mostrar todas as postagens

domingo, 31 de outubro de 2010

Nulo, branco ou praia

Uma leitora me escreve: “Luciano, sugiro que você esclareça como podemos anular nossos votos para que não seja nem Dilma nem Serra, e que pelo percentual possam ver a indignação de um povo, que só tem a opção do menos pior.”

O comentário da leitora merece uma reflexão que alguns acharão óbvia, mas que pode ser útil. Vamos lá.

Na votação do dia 31 estaremos diante de cinco opções de voto: Dilma, Serra, nulo, branco ou simplesmente não aparecer para votar. Para muita gente as duas primeiras opções exigirão aquilo que a leitora chamou de “escolher o menos pior”.

Já o voto nulo é um voto de protesto: “Não concordo com nada do que está aí, não quero fazer parte desse circo, portanto voto em ninguém”. É uma opção válida, uma opinião que o eleitor dará sobre sua insatisfação com os candidatos e com a política nacional. É o voto da indignação

O voto em branco é diferente. Ele quer dizer: “não sei em quem votar. Fiquei em dúvida e prefiro me abster”. Também é uma opção válida. É o voto da dúvida.

O não comparecimento à votação pode querer dizer que “não vale a pena me deslocar até o local da votação para escolher o menos pior. Vou pra praia”. É o “voto” do desprezo.

Resumo: temos Dilma, Serra, Indignação, Dúvida ou Desprezo.

No primeiro turno tivemos o potencial de comparecimento de 135.804.433 eleitores às urnas. Desse total, 6.124.254 votaram nulo (4,51%); 3.479.340 votaram em branco (2,56%) e 24.610.296 não apareceram para votar (18,12%!).

A soma dos nulos, brancos e abstenções reduziu o potencial de 135 milhões de votos para pouco mais de 101 milhões, que chamamos de “votos válidos”. O candidato que conseguisse mais da metade dos votos válidos teria sido eleito Presidente. Nenhum conseguiu e os dois mais votados foram para o segundo turno.

Agora imaginemos uma situação hipotética. Suponha que a soma dos nulos, brancos e abstenções no segundo turno seja de 135.804.433. Nesse caso os votos válidos serão reduzidos a... 3 (três). E o candidato que obtiver 2 votos será eleito presidente. Não existe essa história que circula de que se tivermos mais de 70% de votos nulos a eleição é anulada. Essa é mais uma lenda que a ignorância perpetua ao longo dos anos.

A opção pela não escolha deixa o eleitor em paz com sua consciência, já que ele sente que não participou do circo. Mas apesar de ser uma opção válida, é egoísta. E o pior, essa sensação de “lavar as mãos” é um engano. Quem opta pelo nulo, branco ou abstenção está ajudando o candidato mais forte ao reduzir a quantidade de votos válidos. Sendo assim, seu “protesto, dúvida ou desprezo” também é uma escolha política, com conseqüências nas eleições. Pensando que não participou, você participou igual...

Portanto, respondendo à leitora: o que você pede é impossível. Apesar dos nulos, brancos ou da praia, será Dilma ou Serra. A reação possível está depois das eleições: transformar a indignação, a dúvida e o desprezo em ações efetivas de cobrança sobre seu vereador, seu deputado, seu senador e sobre o presidente eleito. Não aceitar bovinamente as mentiras, desmascarar a falsidade, ridicularizar os malandros, chamar bandido de bandido e vigarista de vigarista. Defender a lei e deixar claro que punguista eleitoral não tem mais vez.

Coisinhas simples que o brasileiro desaprendeu a fazer.

Bom voto.


Luciano Pires

Seguidores

Visualizações nos últimos 30 dias

Visitas (clicks) desde o início do blog (31/3/2007) e; usuários Online:

Visitas (diárias) por locais do planeta, desde 13/5/2007:

Estatísticas