Mostrando postagens com marcador Obama. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Obama. Mostrar todas as postagens

sábado, 11 de abril de 2009

O discurso de Obama

Esse foi o discurso antológico de Barack Obama em Ohio, no dia 27 de outubro de 2008
Sim, o governo deve liderar o caminho da independência energética, mas cada um de nós deve fazer nossa parte para tornar as nossas casas e as nossas empresas mais eficientes. Sim, temos de dar mais chances de êxito aos jovens que caiam na vida do crime e desespero. Mas todos nós temos de fazer nossa parte como pais, para desligar a TV e ler para nossos filhos e sermos responsáveis pelo fornecimento de amor e da orientação que necessitam.
Sim, podemos discutir e debater as nossas posições apaixonadamente, mas neste momento de definição, todos nós devemos convocar a força e a graça para superar as nossas diferenças e unir esforços comuns – preto, branco, Latino, asiáticos, Nativo Americano; democrata e republicano, jovens e velhos, ricos e pobres, gays e heteros, deficientes ou não. Todos nós temos de nos juntar.
Ohio, nesta eleição não podemos permitir os mesmos jogos políticos e táticas que são utilizadas pra colocar um contra o outro e fazer nós termos medo um do outro. O desafio é demasiado elevado para nos dividir em classes e regiões e antecedentes; pelo que nós somos ou pelo que acreditamos. Porque, apesar do que os nossos adversários possam dizer, não há partes verdadeiras ou falsas neste país. Não há qualquer cidade ou região que seja mais pro-América do que em qualquer outro lugar – somos uma nação, todos nós orgulhosos, todos nós patriotas.
Existem aqueles patriotas que apoiaram a guerra no Iraque e patriotas que se opuseram à mesma; patriotas que acreditam em políticas democráticas e aqueles que acreditam em políticas republicanas. Os homens e mulheres que servem em nossos campos de batalha, alguns podem ser democratas, republicanos e Independentes, mas eles lutaram juntos e sangraram juntos, e alguns morreram juntos sob a mesma e orgulhosa bandeira. Eles não serviram a uma América vermelha ou América azul - eles serviram aos Estados Unidos da América.
Não vai ser fácil, Ohio. Nem vai ser rápido. Mas vocês e eu sabemos que é tempo para se unir e mudar este país. Alguns dos senhores podem ser cínicos e irritados com a política. Muitos de vocês podem estar desapontados e mesmo furiosos com seus líderes. Vocês têm todo o direito de estar. Mas, apesar de tudo isto, eu lhes peço o que foi pedido aos americanos em toda a nossa história. Peço a todos que acreditem – não apenas nas minhas habilidades de trazer mudanças, mas na sua habilidade. Eu sei que é possível uma mudança. Porque eu a tenho visto nos últimos 21 meses. Porque na campanha tenho tido o privilégio de testemunhar o melhor da América.
Eu a tenho visto nas filas de eleitores em torno das escolas e igrejas; nos jovens que lançam seu voto pela primeira vez, e os não tão jovens que se envolveram novamente após um longo tempo. Tenho visto nos trabalhadores que preferem a redução das suas horas a ver os seus amigos perderem o emprego; Vejo nos vizinhos que abrigam um estranho quando as inundações chegam; Nos soldados que se realistam após perderem um membro. Eu tenho visto no rosto dos homens e mulheres que eu tenho encontrado em inúmeros comícios e câmaras municipais em todo o país, homens e mulheres que falam de suas lutas mas também das suas esperanças e sonhos.
Ainda me lembro do email que uma mulher chamada Robyn me enviou depois de encontrá-la em Fort Lauderdale, Florida. Alguns dias depois do evento seu filho quase entrou na parada cardíaca, e foi diagnosticado com um problema de coração que só poderia ser tratado com um procedimento que custa dezenas de milhares de dólares. A companhia de seguros se recusou a pagar, e sua família simplesmente não têm esse tanto de dinheiro.
Em seu email, Robyn escreveu,"Só peço isto de você – nos dias em que se sinta tão cansado que não pode nem pensar em dizer uma palavra para o povo, pense em nós. Quando todos aqueles que se opõem a você o deixarem pra baixo, alcance seu mais profundo e volte com tudo".
Ohio, é isso que é Esperança – a coisa interior que insiste, apesar de todos os elementos que provem o contrário, que algo melhor está à espera na próxima curva; que insiste que existem dias melhores à frente. Se estivermos dispostos a trabalhar para isso. Se estivermos dispostos a deixar nossos receios e dúvidas. Se estivermos dispostos a chegar no mais profundo dentro de nós mesmos quando estivermos cansados e voltarmos lutando com tudo!
Esperança! Isso que manteve alguns de nossos pais e avós quando os tempos eram difíceis. O que os levou a dizer, "Talvez eu não possa ir ao colégio, mas se eu juntar um pouco a cada semana meu filho possa; talvez eu não consiga ter o meu próprio negócio, mas se eu trabalhar duro meu filho poderá abrir um só seu". Isso que levou os imigrantes de terras distantes a chegar a estas praias, e contra grandes adversidades esculpir uma nova vida para suas famílias na América; Foi o que levou aqueles que não puderam votar a marchar e organizar-se em defesa da liberdade; O que os levou a clamar "pode parecer escura esta noite, mas se eu mantiver a esperança, amanhã ela será mais clara."
Isso é o que é esta eleição. Essa é a escolha que enfrentamos neste momento. Não acredite nem por um segundo que a eleição está acabada. Não acredite nem por um minuto que os poderosos irão abrir mão do poder. Temos muito trabalho pela frente. Temos de trabalhar como se o nosso futuro dependesse disto nesta última semana, porque depende. Em uma semana, podemos escolher uma economia que premie trabalho e crie novos postos de trabalho e injete prosperidade de baixo para cima.
Em uma semana, poderemos escolher em investir em saúde para as nossas famílias, e em educação para as crianças, em fontes renováveis de energia para o nosso futuro. Em uma semana, podemos escolher esperança sobre o medo, a unidade sobre a divisão, a promessa de mudar o poder do status quo. Em uma semana, poderemos chegar juntos como uma nação, e um povo, e mais uma vez escolher a nossa melhor história. É isso que está em jogo. É isso pelo qual lutamos. E, se nesta última semana, você bater algumas portas por mim, fizer algumas ligações por mim e falar com os seus vizinhos, e convencer os seus amigos; se vocês se juntarem a mim, lutarem comigo, e me derem seu voto, então prometo isto – que não vamos apenas ganhar Ohio, que não vamos apenas ganhar esta eleição, mas juntos, vamos mudar este país e vamos mudar o mundo.
Muito obrigado, Deus vos abençoe, e que Deus abençoe a América. Vamos trabalhar!
__________________________________________________________________
Muitos leitores do blog tem me cobrado artigos políticos. Esse foi o primeiro...
Mesmo que reconheça que muitos textos com cunho político levem à reflexão sobre a ÉTICA, ou mesmo da ÉTICA GLOBAL, não gosto muito desse campo.
Abri esse precedente, porque realmente me sensibilizou as palavras do hoje presidente dos EUA.
Quanto ao Brasil, apenas posso dizer que só me darei por satisfeito quando tivermos uma saúde pública 100% gratuita e de primeira qualidade; quando tivermos um sistema educacional livre, público e 100% gratuito até o nível universitario e; quando tivermos um sistema de eleições regionalizadas e patrocinada 100% pelo Estado.
Não sou mais um que critica o nível de impostos cobrados em nosso país; poderia até aumentar um pouco, mas deveríamos lutar contra a informalidade (que é um termo bonito para disfarçar o termo correto: ilegalidade).
Tudo isso não precisa ser um sonho, não senhor. Temos todas as condições para implementar tudo e imediatamente, salvo as condições éticas e de boa vontade do Executivo do Estado brasileiro!
Na verdade, via de regra, infelizmente tudo está abaixo do poder econômico.
Mudar isso? Como? Ou a população se mobiliza ou podemos ter a sorte de surgir um governante forte e corajoso, tipo ganharmos numa loteria o prêmio máximo....
Carlos Roberto

sábado, 22 de novembro de 2008

Obama vai dar samba

Publicado originalmente no O Globo.
Martinho da Vila 10/6/2008

Há anos eu li um livro ímpar na obra de Monteiro Lobato, "O presidente negro", que me fez sonhar. É uma obra futurística, remete o leitor ao dia em que o personagem Jin Roy disputa a Presidência dos EUA com uma mulher, Evelyn Astor, e o conservador Kelog, tal como ocorreu nas prévias para as eleições americanas.
O livro, inicialmente lançado com o título "O choque das raças", me impressionou. Eu o emprestei a alguém que não me devolveu e faz tempo que procuro um outro e não consigo encontrar. Felizmente foi reeditado agora pela Editora Globo, oportuno neste momento histórico em que Obama se prepara para o seu desafio maior, que é se eleger o primeiro presidente negro de um país no qual há pouco mais de 40 anos os negros eram proibidos de morar no mesmo bairro que os brancos, usar o mesmo banheiro público, freqüentar a mesma escola e eram obrigados a ceder o lugar, nos ônibus, a brancos.
Confirmado como candidato do Partido Democrata à Casa Branca, o topo dessa onda Obama pode dar um samba-enredo dos bons. Senador estadual por Illinois, era quase desconhecido no país quando foi convidado para apresentar o programa democrata na convenção nacional do partido e despontou como uma estrela em ascensão. Conquistou uma cadeira no senado americano com 70% dos votos, numa esmagadora vitória.
Orador brilhante e político carismático, é graduado em ciências políticas pela Universidade de Colúmbia e advogado formado em Harvard. Freqüentemente descrito pela direção do partido como "inteligente mas não arrogante, confiante mas aberto a outros pontos de vista, orgulhoso de sua negritude, mas não atado por questões de raça". Isso lhe permitiu trabalhar com republicanos por questões como saúde e educação e o levou a conquistar eleitores sem basear sua campanha na questão da negritude. Para derrotar o casal Clinton, teve uma forte ajuda financeira e superou obstáculos, sendo os principais a cor da pele e o nome islâmico que lembra Saddam e Bin Laden.
Barack Hussein Obama é um jovem de 46 anos, nascido em Onolulu, Havaí, e filho de um negro muçulmano do Quênia com uma americana branca. Agora a briga é com o republicano John McCain. Eu faço parte do rol de brasileiros que têm uma certa aversão aos EUA e, aomesmo tempo, uma admiração invejosa.
O "Leão do Norte" tem mais ou menos a nossa idade, é a maior potência mundial e está sempre à frente, enquanto o Brasil só recentemente saiu da classificação de "país do Terceiro Mundo". Fizeram, antes de nós: a independência, a abolição da escravatura, a república, colocaram negros em pontos-chave da política e implantaram ações afirmativas adotando o sistema de cotas, só agora discutido no Brasil.
Sou de opinião que a Lei de Cotas em universidades deveria ser extinta e criada uma outra mais abrangente, estendida aos três poderes de maneira exemplar, às universidades federais e estaduais, o que levaria a ser norma nas particulares e, naturalmente, aplicada em todos os setores da sociedade. Nas minhas primeiras andanças pelo mundo, o que mais me impressionou foram rostos negros em cartazes luminosos em Nova York e em veículos de propaganda espalhados por aquele país, bem como ver famílias negras em seus próprios carros, alguns de último tipo. Nas lojas e butiques, vi pretos trabalhando e até encontrei um amigo de BH, o negro Josias, gerenciando um supermercado.
Havia muitos pretos nas universidades e em cargos de chefia. Entrei num banco e vi neguinho na cadeira do gerente e nos caixas, o que nunca havia visto nos bancos onde tinha contas. Vi gente como eu nos três poderes e quase não acreditei ao saber que o prefeito da capital, Washington, era um negão. Enquanto por aqui ainda há empresas que não admitem negros.
De volta ao Brasil, procurei me informar sobre Malcon X, Luther King e então entendi a fala do
Abdias do Nascimento e outros líderes dos diversos segmentos do nosso Movimento Negro. Aí me engajei na luta deles e no Ano do Centenário da Abolição da Escravatura, graças à influência do guerreiro Milton Gonçalves, coordenei uma mensagem de final de ano na TV Globo onde caras negras preenchiam as telas cantando "Axé, axé, axé para todo mundo axé", passando mensagens. De lá para cá, houve sensíveis avanços, e já não se vêem só caras brancas na nossa publicidade.
Com a eleição de um operário para a Presidência - o que eu considero uma revolução feita com votos - pela primeira vez na República tivemos ministros negros. E ainda temos. A fotografia dos nossos governantes ficou mais bonita e com aparência democrática. A nossa Justiça - que, além de cega, é feia e branca - ganhou um par de olhos cor-de-azeviche e mais abertos para interpretar as leis. Sinal de novos tempos. Bom sinal. Vai dar samba.
MARTINHO DA VILA é compositor.

Seguidores

Visualizações nos últimos 30 dias

Visitas (clicks) desde o início do blog (31/3/2007) e; usuários Online:

Visitas (diárias) por locais do planeta, desde 13/5/2007:

Estatísticas