sábado, 3 de outubro de 2009

Espiritualidade verde


Por Albert LaChance
Em 2005, incubi-me a tarefa de transcrever trechos do livro Espiritualidade Verde: Doze Lições sobre Espiritualidade Ecológica. O referido livro foi escrito baseado na constatação do seu autor de que todos nós somos dependentes do consumismo da sociedade urbano-industrial movida pelo dinheiro, e a partir das doze lições dos AA (Alcóolicos Anônimos), reconhecidas pela sua eficácia na recuperação da dependência alcóolica, elabora as doze lições dos que chamo de CA (Consumistas Anônimos, que também é a sigla para o câncer, dispensando maiores explicações, concordam?).
Lendo as já recorrentes notícias do dia, entre elas, o aumento acelerado do aquecimento no Ártico com todas as suas consequências de subida do nível do mar, aumento do aquecimento, etc, resolvi republicar esta transcrição, acreditando que se o diagnóstico da doença foi comprovado, resta-nos urgentemente buscarmos a cura deste CA de Gaia, que infelizmente somos nós.
E a Primeira Lição já é um bom começo!
Primeira Lição de ESPIRITUALIDADE VERDE
Admitimos nossa falta de poder sobre uma sociedade dependente e que nossas vidas e todo e qualquer tipo de vida tornaram-se degradados.
Vale aprofundar esta 1ª lição, valendo-nos das palavras do próprio autor de Espiritualidade Verde, LaChance:
"Como tudo o que vive, os seres humanos, e portanto suas culturas, dependem dos sistemas de vida do planeta Terra. Isso pode parecer óbvio, mas, como culturas, parecemos tê-lo esquecido. Os seres humanos são uma criação do planeta, e não ao contrário. De fato, os seres humanos são uma criação muito recente do planeta - uma espécie jovem. Somos os bebês da Terra! Mas, em nossa curta permanência no planeta, nós destruimos - destruimos severamente - todos os sistemas de vida da Terra....
Em nosso comportamento atual de exploração industrial da Terra, construímos uma economia contra a vida. Pela primeira vez na história da Terra, tornou-se possível que uma espécie destruísse todo o sistema de vida do planeta. A super-produção de "produtos" - alimentada pelo consumo exagerado de "produtos" - ameaça os sistemas as quais confiamos nossas vidas. Somos crianças que exigem mais do que nossa mãe pode oferecer; estamos levando-a à morte. É como se tivéssemos pegado nossa mãe, aberto suas veias e pretendido viver sugando seu sangue até que ela morresse. Como indivíduos, muitos de nós se sentem sem forças para fazer alguma coisa, mesmo assistindo o severo ataque ao planeta. Quando o consumo de algo, de qualquer coisa, começa a nos matar e nós não conseguimos parar, isso significa que nos tornamos dependentes. A dependência é degradante. A dependência é escravidão. A dependência é mortal.
Quase todo mundo que eu conheço tem consciêcia de que algo está terrivelmente errado. Sentimos isso individualmente, mas o problema é coletivo - cultural - na sua ordem de grandeza. Sabemos que estar consciente não é suficiente. Apontar para centenas de males e parar por aí não produz nenhuma cura. O diabólico encanto da dependência é mais forte que qualquer conhecimento. O impulso auto-destrutivo que está na raiz de todas as dependêcias condena os dependentes a mortes horríveis e vagarosas. O principal prazer que os dependentes experimentam nessa morte em vida é a auto-aprovação perversa que eles sentem a respeito de seu próprio tormento. A dependência tira tudo de suas vítimas.A dependência é formada de quatro partes.
1. Ela é espiritual, pois gera uma ruptura progressiva no sistema de valores do dependente.
2. Ela é emocional, pois gera uma separação entre as partes afetiva e cognitiva da psique - sentimentos são negados.
3. Ela é mental, pois produz uma disfunção progressiva na parte intelectual da psique e, por último, loucura.
4. Ela é física, pois produz um estado doentio progressivo no corpo e, por último, morte física.
Em outras palavras, é uma doença progressiva da pessoas como um todo....
Sentimentos profundos e semiconscientes de inferioridade torturam a maioria dos dependentes. Esses são acompanhados e ressaltados por sentimentos de medo, ansiedade, autodefesa, destruição iminente, impotência, vulnerabilidade e finalmente desespero total. A atitude típica de compensação é aquela de orgulho, egoísmo e raiva - características que escondem a situação real do dependente dele mesmo. Aqui está uma pessoa, arruinada em todos os níveis da vida humana, que se sente insultada quando alguém insinua que há um problema!...
Nossa vida está degradada? Olhe à sua volta!
Devemos nos render ao óbvio se quisermos viver. O começo da cura é o reconhecimento da doença.No seu desafiador livro People of the lie, M. Scott Peck afirma: " Nós não podemos nem mesmo começar a lidar com uma doença até que possamos identificá-la pelo seu nome apropriado. O tratamento de uma doença começa pelo seu diagnóstico." O nome da doença que está matando a Terra é consumismo....
Pensar sobre objetos materiais prenderá você aos objetos materiais;
Cresça preso e se tornará dependente;
Frustrada a dependência ela se transforma em raiva;
Fique com raiva e suas idéias se misturarão;
Misture suas idéias e esquecerá o ensinamento da experiência;
Esqueça a experiência e perderá o discernimento;
Perca o discernimento e perderá a razão de viver.
Bhagavad Gita
"Em Tempo: 1ª lição dos AA:1. Admitimos nossa falta de poder sobre o álcool - que nossas vidas se tornaram fora de controle.
Capturado no site:

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