Modalidade de pensamento que apresenta como princípio da realidade duas noções antitéticas e irredutíveis entre si. Este termo foi empregado pela primeira vez por Thomas Hyde, em 1700, em uma obra intitulada Historia religionis veterum Persarum. Este escrito, acerca da religião persa, denomina a esta dualista, uma vez que suas figuras centrais são as divindades Ormuz e Arimã, personificações de Luz e Trevas, ou de Bem e Mal. A doutrina maniqueísta, inspirada nesta religião, é encarada na história da filosofia como um exemplo clássico de dualismo, uma vez que faz o universo derivar de uma mistura entre os princípios Bem e Mal.
O dualismo é empregado sempre em contraposição ao monismo. Este termo caracteriza uma dupla tendência: por um lado, podem ser considerados monistas aqueles que afirmam como princípio uma única substância, excluindo sua contrapartida, apresentada pelo dualismo. Por outro, pertence igualmente ao monismo a tendência em encontrar, a partir da antinomia, um princípio unitário que as abarcaria, esta passando a constituir, para esses filósofos, o verdadeiro princípio da realidade.
Compreendendo o dualismo em seu sentido mais geral, como a contraposição de duas tendências irredutíveis entre si, pode-se apreender suas manifestações ao longo da história da filosofia sob uma enorme variedade de formas. Bem e mal, matéria e espírito, alma e corpo, limitado e ilimitado, uno e múltiplo, liberdade e determinação, sujeito e objeto são algumas das maneiras como ele se pode apresentar.
No entanto, é preciso fazer uma ressalva. Dualismo e monismo são caracterizações insuficientes para abarcar a filosofia em seus diversos desdobramentos. Pode-se encontrar aspectos dualistas no pensamento de Sócrates, Aristóteles, Santo Agostinho, Descartes, bem como em vários outros filósofos. No entanto, a radicalidade d e sua investigação ultrapassará sempre e necessariamente qualquer tentativa de apropriação esquemática. Esta permanece forçosamente fora da dimensão própria à filosofia.
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