segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Monarquia

O texto a seguir foi escrito em janeiro de 1993, cerca de 4 meses antes do plebicito, quando ainda "pouco" se tinha visto sobre a corrupção como foi visto nos últimos anos e o que vimos não é apenas algo do PT, mais algo muito mais profundo que isso, presentes e plenamente crescentes em todos os governos ocorridos na pós extinta monarquia, ou seja, nos governos existentes no Brasil até hoje. De lá para cá o que vimos foi nada mais que "o esqueleto da nação" entre tantas outras coisas que aconteceram de 1993 até agora... a crítica dele se reporta a época dele de 1993, lendo o texto daquela época fica muito mais claro ""tudo"", ... e observando "1993" e analisando "COMO" o sistema republicano (e pior, o sistema republicano NÃO PARLAMENTAR) sobrevive, vemos claramente nossa realidade hoje em 2009. Vamos observar a seguir se nós escolhemos corretamente nosso sistema de governo no plebicito daquela época...
A MONARQUIA PARLAMENTAR É O MELHOR PARA O PAÍS
(Por Mário Henrique Simonsen)
Muito do que vai acontecer no Brasil neste final de século, assim como nos primeiros vinte anos do século XXI, depende do resultado do plebiscito marcado para 21 de abril de 1993. É importante que a população vote conscientemente nessa consulta realmente fundamental para o país, não a confundindo com a escolha entre duas marcas de sabonete ou de pasta de dentes. É importante que a imprensa discuta mais a fundo o tema, em vez dedar tanta dramaticidade ao dia-a-dia capenga do governo Itamar Franco. De minha parte gostaria de justificar a opção pela monarquia parlamentarista.
De início, presidencialismo, no Brasil, não é democracia, mas uma ditadura de prazo determinado. É incrível que, em 16 de março de 1990 Fernando Collor tenha seqüestrado 80% dos ativos financeiros da população brasileira, confiscando boa parte deles com vetores e incidências de IOF, e o Congresso, o Judiciário, a imprensa e as lideranças civis e militares tenham ficado de boca calada. A passividade com que a sociedade brasileira encaixou o ippon presidencial, que na realidade nada mais era do que um golpe baixo, provou um fato inequívoco: somos um povo sem noção do que sejam cidadania e direitos individuais.
Dois anos e meio depois a sociedade vingou-se dessa e de outras travessuras do nosso Till Eulenspiegel da política com o processo de impeachment. É igualmente incrível que o vice-presidente Itamar Franco, em quem ninguém votou, possa virar de cabeça para baixo todo o programa de modernização do governo Collor, colocando mais uma vez o Brasil na contramão da História. Itamar não é o primeiro vice-presidente a perpetrar essa façanha de se transformar na antítese do presidente. Café Filho e sobretudo João Goulart, foram eméritos predecessores. Collor e Itamar são o exemplo mais recente do que significa o presidencialismo no Brasil.
Só que repetem uma história de instabilidade há muito conhecida, já que desde 1945 só um presidente civil conseguiu concluir seu mandato: Juscelino Kubitschek. A moral da história é que presidencialismo no Brasil só deu certo com presidentes militares.
Como a democracia não pode reservar a presidência para os generais, conclui-se que no Brasil ela não é compatível com o presidencialismo. O principal mérito do regime parlamentar é que, ao dissociar a figura do chefe de Estado da de chefe de governo, torna possível uma condição ideal: a de que o governo dure enquanto for bom, substituindo-se sem traumas no momento em que deixar de bem servir.
Um bom gabinete pode durar dez ou vinte anos e só será substituído quando os representantes do povo dele estiverem cansados. Provavelmente a melhor organização do parlamentarismo é o sistema alemão. Ele se baseia no voto distrital misto. Metade dos deputados é eleita por distritos, que dividem geograficamente o país. Cada distrito, uma aglomeração de municípios dentro de um Estado ou uma subdivisão de um grande município, elege um único representante para a Câmara. A outra metade é de deputados nacionais, eleitos a partir de listas partidárias. Trata-se, de fato, de deputados biônicos. O eleitor não vota, nominalmente, em nenhum deles, mas apenas na legenda partidária. Conforme o número de votos, cada partido elege um certo número de deputados nacionais. Além disso, o sistema alemão estabelece uma exigência de desempenho partidário: um partido político perde todos os seus votos se não conseguir eleger 5% da Câmara. A vantagem do sistema é que ele força a fidelidade partidária, identifica o eleitor com o eleito na representação distrital e desestimula a formação de uma constelação caótica de pequenos partidos, como existe no Brasil. Resta discutir por que a opção pela monarquia em vez da república. A razão é simples. Na opção republicana, das duas uma: ou o presidente é eleito indiretamente, como na Itália e na Alemanha, ou diretamente, como na França e em Portugal. A eleição indireta é a única que se afina com a lógica do regime parlamentar. O defeito é que ela tira qualquer realce à figura do chefe de Estado, transformando-o num funcionário público que se renova a cada cinco anos, ou período semelhante.
Já a eleição direta confronta o chefe de Estado com o de governo: qual a legitimidade do primeiro-ministro, eleito com 350 votos, diante de um presidente da República aclamado por 35 milhões de votos populares? Trata-se de um sofisma aritmético, mas que causa incríveis danos políticos. A verdadeira resposta é que 35 milhões de votos numa eleição com voto obrigatório e dois turnos significam apenas o que o conselheiro Acácio está farto de saber: que o primeiro colocado teve mais votos que o segundo. De fato, a eleição direta, no caso, é um resquício do parlamentarismo francês, criado por De Gaulle à sua imagem e semelhança. No Brasil, parlamentarismo com eleição direta para presidente é a certeza da repetição da década de 60, quando o plebiscito de 1963 determinou o retorno ao presidencialismo.
A monarquia oferece o ponto de equilíbrio entre os dois modelos republicanos, o que elege o presidente diretamente e o que o elege indiretamente. O rei é a alternativa entre o presidente emasculado e o ditador potencial. O que se exige do rei é que ele represente com dignidade o Estado. Seus poderes, evidentemente, devem ser limitados como em qualquer monarquia moderna. E o soberano deve ser o guardião dos símbolos e das tradições nacionais. A vantagem é que, para desempenhar essa função, o rei não precisa disputar verbas eleitorais nem se comprometer com sindicatos ou grupos econômicos. Está imune às tentações da corrupção.
O que se pede do rei é decoro, o que possivelmente exige muitos sacrifícios da família real, a julgar pelos acidentes na Casa de Windsor. Esse, naturalmente, é o preço que a realeza deve pagar pelo seu status e pelas suas despesas de representação.

domingo, 11 de outubro de 2009

Estamos com fome de amor

Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que disserem, o mal do século é a solidão". Pretensiosamente digo que assino embaixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias.
Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas. E saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos.
Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dance", incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvida?
Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormir abraçados, sabe, essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega.
Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção. Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós.
Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos Orkut, o número que comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra ser sozinho!".
Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.
Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa. Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega.
Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta.
Mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a dois.
Quem disse que ser adulto é ser ranzinza? Um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida".
Antes idiota que infeliz!
Arnaldo Jabor

sábado, 10 de outubro de 2009

A escassez


Quando deixei a Dana, empresa onde trabalhei por 26 anos, para dedicar-me a projetos de internet, radio, palestras e edição de livros,mergulhei no mundo dos empreendedores.
Escrevi na época um texto chamado "Sobre Canários e Sabiás" onde eu comparava a segurança do canário (o executivo) preso na gaiola, com a liberdade do sabiá (o empreendedor) que podia voar para onde quisesse.
Passados doze meses, creio que dá para fazer uma avaliação do vôo do sabiá.
Bem, tudo começa com uma embriaguez de liberdade. Não é mais preciso estar no lugar tal na hora tal todo dia. Não é mais preciso enfrentar um trânsito infernal para ir trabalhar. Não é preciso mais fazer papel de bobo da corte na comédia corporativa. Não é preciso mais mandar aquele relatório que os gringos acabam de pedir e que tem que ser entregue em duas horas. Não é preciso usar terno e gravata. A agenda é sua e você faz o que quiser com ela.
Não encontro outro termo: embriaguez. Você fica embriagado com a liberdade e as primeiras semanas são caóticas. É outra dinâmica, outro mundo.
Então você começa a tomar contato com outras culturas, diferentes daquela onde você atuou durante anos. E descobre que em muitos aspectos você está anos luz à frente de empresas que você sempre admirou. Descobre que os problemas se repetem não importa em que ramo de atividades você atue.
Então vem a percepção da perda do sobrenome corporativo. Você não é mais o "Luciano da Dana". Agora você é um Luciano qualquer, um mané que vai experimentar as cadeiras das salas de espera. Descobrirá que já não tem tantos amigos como parecia. Eu já tinha me preparado para isso, pois havia conversado com muitos ex-executivos que mudaram para sabiá. Mas nunca me preparei para a morte do que chamo de "etiquetacorporativa". Dei de cara com a falta de educação que tomou conta do mercado. Os contatos pessoais onde a gentileza e o apreço são cultivados praticamente desapareceram, principalmente nos níveis intermediários das empresas. Como sabiá você passa a ser recebido pelo sub do sub do sub. Gente até esforçada, mas com capacidade zero como interlocutor numa discussão estratégica. O máximo que essa gente consegue é discutir ações táticas, desde que sejam familiares.
E-mails não são respondidos, telefonemas não são retornados, horários de reuniões não são respeitados, promessas não são cumpridas, prazos não são obedecidos. Tá certo, como diriam os gringos: "shit happens". Mas quando o normal é que ninguém mais tenha educação ao menos para retornar dizendo "não interessa", a coisa está mal.
Olhar as grandes corporações de fora, como fornecedor, tem sido um exercício fascinante. Discurso para um lado, ação para outro. Processos criados para melhorar as coisas e que apenas complicam e encarecem. Jovens com MBA e falando três idiomas, mas incapazes de diferenciar o importante do urgente. Medo generalizado destruindo qualquer iniciativa de inovação. Eu quero é preservar o meu...
Confesso que esse cenário este sabiá novato não esperava. Mas o vôo está apenas começando.
Meu maior desafio dos últimos 12 meses tem sido lidar com a escassez de educação, polidez, gentileza, apreço, atenção e respeito.
Coisas que ninguém aprende na escola.
Luciano Pires
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sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Consumo Consciente

Consumo Consciente: Uma vida sem impactos ambientais é possível?
Escritor americano passa um ano vivendo de maneira radicalmente ecológica e conta sua experiência em livro e filme.
Mesmo morando no nono andar de um apartamento em Nova York, Colin Beavan, sua mulher Michelle e a filha de dois anos, Isabella, não usavam elevador. Qualquer meio de transporte movido direta ou indiretamente a combustíveis fósseis — elevador, automóvel, ônibus ou metrô — foi abolido, e a família só andava a pé ou de bicicleta. Eles só compravam comida local, produzida num raio de 400 quilômetros da cidade, e não usavam sacolas plásticas.
A experiência teve algumas atitudes mais radicais, como não usar eletricidade dentro de casa. Isso significou deixar de assistir TV e lavar as roupas jogando-as dentro da banheira e pisando nelas, fazendo com os pés o trabalho de uma máquina de lavar. Da alimentação, foram cortados a carne vermelha e até o café; no banheiro, nada de xampu, pasta de dentes ou papel higiênico.
Esse estilo de vida era a base do projeto No Impact Man, em que Beavan e a família passaram um ano, entre 2006 e 2007, procurando provocar o menor impacto ambiental possível. A experiência virou livro e documentário, que acabam de ser lançados nos Estados Unidos. Acesse aqui o blog No Impact Man e veja aqui o trailer do filme (ambos em inglês).
Beavan calculou que, durante o ano do projeto, sua família deixou de enviar para o lixo 2190 copos de plástico ou de papel, 572 sacolas plásticas e 2184 fraldas descartáveis. Dois anos depois do final da experiência, como conta a reportagem publicada no jornal The New York Times, eles haviam retomado alguns hábitos. A eletricidade foi religada, mas com uso restrito ao mínimo necessário, pois eles continuaram sem ligar o ar condicionado, a máquina de lavar louça e o freezer. Eles agora pegam o elevador em vez de subir os nove andares pelas escadas, mas não abandonaram a bicicleta. A carne vermelha foi eliminada do cardápio, mas o café e o azeite voltaram.
Uma vida mais feliz
Como Colin Beavan relata em seu blog, passar um ano com tantas restrições foi um processo difícil para ele e para a família, mas a experiência o levou a grandes descobertas. “Uma das coisas que eu não esperava quando vivi o mais ecologicamente possível por um ano é que eu acabaria, em vários sentidos, sendo mais feliz”, conta.
Agora, o escritor está engajado em viabilizar o No Impact Project, um projeto que pretende levar as pessoas a fazer uma experiência semelhante durante uma semana. O objetivo, de acordo com Beavan, é que as pessoas descubram quais mudanças na direção de um estilo mais ecológico poderiam lhes trazer uma vida melhor. “Não se trata de privação ambiental”, afirma Beavan em seu blog. “Trata-se de como podemos ser pessoas mais felizes ajudando a construir um planeta mais feliz.”
Para Raquel Diniz, coordenadora de Capacitação Comunitária do Instituto Akatu, mais importante do que o resultado de experiências radicais como o No Impact Man é a aprendizagem que esse processo traz. “Se a pessoa deixa de ver televisão, inventa outra coisa para fazer e vai descobrindo novas potencialidades. Isso é o mais importante na hora de criar um novo jeito de viver”, afirma Raquel. A experiência de Beavan, segundo ela, é uma grande lição para quem vive em grandes cidades: “como podemos reinventar nosso modo de viver, causando o menor impacto possível e sendo mais feliz, sem ter de ir para o meio do mato?”.

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