segunda-feira, 22 de junho de 2009

O Brasil encantado e os 9 anos da Carta da Terra


Por Alexandre Wahbe
No mês de junho de 2000 fomos todos presenteados com um documento planetário sem precedentes. Para situar a todos: A Carta da Terra tem o status de “nova declaração dos direitos humanos”, porém é um documento radicalmente mais contundente e globalizante. Sua gestação teve início em 1992, onde paralelo a Eco-92 (base governamental) foi implementado o Fórum das ONGs (base intelectual e sociedade civil global). Capitaneada por líderes planetários como Mikhail Gorbatchev e Leonardo Boff, e por instituições globais como a Comunidade Bahá´í Internacional, nasceu o embrião da Carta, que passou por interações e sinergias globais por 8 anos até ser apresentado como documento vivo e aberto em junho de 2000.
A Carta da Terra é uma declaração de amor pela vida, compaixão pela Terra e ética do humano, focada em 16 princípios básicos que giram entorno de eixos como o fomento à justiça social global, paz mundial, interdependência positiva entre as nações celebrando a diversidade mundial, equidade econômica, aproximação entre ciência e religiões, valorização das grandes tradições da humanidade, sustentabilidade de hábitos, preservação da Terra e de todas as formas de vida. É interessante notar que na ótica da Carta o homem não é o supra-sumo da natureza, e sim um ente preponderantemente mais perigoso que deve buscar modos sustentáveis de vida e de relação com os demais membros da grande comunidade da vida. Assim, os seres humanos, um monte de grama e as pulgas são vistos sob o mesmo prisma de coexistentes e interdependentes num mundo vivo.
Mas o que mudou em 9 anos? Falar de Carta da Terra e das categorias já elencadas logo após seu lançamento em 2000 era coisa de “maluco beleza”, idealista, sonhador, ingênuo...
Falar sobre esses assuntos hoje é uma necessidade emergente e anseio social explícito. Até as montadoras de veículos falam em sustentabilidade, economia, compromisso com diminuição do aquecimento global, etc.
Mas basicamente, o que ocorreu no mundo que poderíamos dizer moldados por esse “Espírito da Era” da Carta da Terra?
Dentro de 4 premissas que serviram de impulso à criação da Carta, destacamos: 1) “nova ciência’: Esse termo designa as descobertas de duas teorias revolucionárias da ciência do século XX, que vêm sendo digeridas aos poucos pelas instituições mundiais e pelas pessoas: teoria da relatividade (tempo e espaço como conhecemos são uma ilusão) e física quântica (a realidade como a conhecemos é formada de energia condensada moldável até por pensamentos humanos, e não por átomos como tijolos de existência). Citaria nessa primeira vertente o surgimento de vídeos como Quem Somos Nós I e II, onde foram popularizados estes conhecimentos de forma amplamente didática e convincente. Interessante que foi uma produção independente, assim como O Segredo I e II, que além da nova ciência abriu o debate mundial também para outras bases da Carta como 2) “tradições e sabedoria da humanidade”. Outra base de construção da Carta, 3) “Conferências Mundiais das Nações Unidas” – todas, de 92 até 2000 - envolvendo minorias, mulheres, desenvolvimento, meio ambiente e sustentabilidade, cidades, inspiraram ações maravilhosas como as 15 Metas do Milênio, catalisadoras únicas de esforços, atenção e ações para temas crucias em sustentabilidade e dignidade. Outro fato correlato a esta premissa que classificamos aqui na ordem de número 3, é o efeito cascata do filme de Al Gore (também independente), que lançou um vídeo popularizante de ideais de sustentabilidade e aquecimento global: Verdade Inconveniente foi a maior materialização didática do que a Carta da Terra quis nos dizer desde 2000, bem como a ação visível de maior geração de impacto e alteração de consciência mundial frente a estas problemáticas. Para não finalizar este tópico, os estudos e os vídeos do Dr. Emoto sobre A Mensagem da Água são o supra-sumo nesse terceiro quesito.
Brasil. Aqui os preceitos da Carta vibram em cada rincão, e vivemos “inusitâncias” únicas neste período, promovendo um verdadeiro “encantamento” planetário: Fórum Social Mundial, Fórum Mundial da Educação, e diria, governo popular do Brasil. Lula virou “o cara” pelas suas peripécias de emancipação, inclusão, humanização social massiva e por posicionar-se como arauto de uma nova ordem mundial. O Brasil (com as exceções das grandes cidades e suas dinâmicas) aparece hoje, 9 anos após o lançamento da Carta, como a célula importante de vital multiplicação em um mundo ideal, onde existem políticas públicas, ordem social, legislações e práticas de atenção pelo humano, relações harmônicas entre culturas diferentes, cultura de paz, afirmação de minorias, cultura de respeito e ação solidária colaborativa perante os demais países do globo, principalmente menos favorecidos. Não podemos esquecer da ministra extrativista, que pagou com o seu posto o preço para que a devida atenção fosse culminantemente dada ao meio ambiente e Amazônia, culminando na derrocada significativa do índice de destruição de florestas e na difusão da utopia tão necessária do desmatamento zero. Não esqueçamos da vigília pela Amazônia no Senado e do exemplo de artistas e sociedade no compromisso pela conservação da nossa Amazônia global.
No mais, importante ressaltar que uma das bases para o impulso da Carta da Terra, a que aqui classificamos “número 4)”, diz respeito aos “Ensinamentos das grandes religiões da Terra”, que não foram capazes ainda de gerar empoderamento em prol da unidade e poder de aglutinação para benevolência mundial. O que estará acontecendo? Ao que parece, as Revelações são perfeitas, porém as elites religiosas que criam e enfatizam os “ismos” ainda resistem em compreender a unidade e convergência das mensagens contidas na essência das 9 grandes fés mundiais: africana, hinduísta, judaica, zoroastriana, budista, cristã, islâmica, babí e bahá´í - todos convergindo para a fé em um Deus único e para a prática do amor. Esta seria a base em aberto dos 9 anos da Carta, o hiato do tema, para uma grande convergência mundial em prol da vida. Faltou nesses 9 anos, à grande maioria dos religiosos de toda a Terra (e às pessoas de bem), a ousadia das elites econômicas em prol da preservação do seu sistema insustentável.


*Alexandre Wahbe é empreendedor social, escritor e palestrante
Presidente da Fundação de Desenvolvimento Sustentável do Cantão
Endereço: Avenida Goiás número 66 Pium-TO CEP 77570000

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