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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

O ginecologista dos sonhos

 Uma mulher chega apavorada no consultório de seu ginecologista e diz:
-       Doutor, o senhor terá que me ajudar num problema muito sério. Este meu bebê ainda não completou um ano e já estou grávida novamente. Não quero filhos em tão curto espaço de tempo, mas num espaço grande entre um e outro... 
O médico então perguntou:
-       Muito bem... O que a senhora quer que eu faça?  
A mulher respondeu:
-       Desejo interromper esta gravidez e conto com a sua ajuda.
O médico então pensou um pouco e depois de algum tempo em silêncio disse para a mulher:
-       Acho que tenho um método melhor para solucionar o problema. E é menos perigoso para a senhora.
A mulher sorriu, acreditando que o médico aceitaria seu pedido. Ele então completou:
-       Veja bem minha senhora, para não ter que ficar com dois bebês de uma vez, em tão curto espaço de tempo, vamos matar este que está em seus braços.
Assim, a senhora poderá descansar para ter o outro, terá um período de descanso até o outro nascer. Se vamos matar, não há diferença entre um e outro. Até porque sacrificar este que a senhora tem nos braços é mais fácil, pois a senhora não correrá nenhum risco...
A mulher apavorou-se e disse:
-       Não doutor! Que horror! Matar uma criança é um crime.
Disse o médico:
-       Também acho minha senhora, mas a senhora me pareceu tão convencida do contrário, que por um momento pensei que a senhora iria matar esta criança que está aí dentro de seu ventre!
O médico sorriu e, depois de algumas considerações, viu que a sua lição surtira efeito. Convenceu a mãe que não há menor diferença entre matar a criança que nasceu e matar uma ainda por nascer, mas já viva no seio materno.  
O CRIME É EXATAMENTE O MESMO!
(Recebido por e-mail tal qual, sem a autoria.)

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

O Mortômetro

48. 49. 50. 51. 52 mortos pela gripe suína. E aumentando! Tá chegando a minha hora...
Cada morte numa cidade diferente dá uma nova manchete. Como o Brasil tem algo em torno de 5 mil municípios temos aí um potencial gigantesco para ocupar os jornais, rádios e televisões com o alerta: "Mulher morre de gripe suína em Carapicuíba". "Primeira morte por gripe suína em Conceição do Guararapes". "Homem morre em Cururu da Serra com suspeita de gripe suína". É uma espécie de mortômetro, um contador mórbido que a imprensa está utilizando para... para... pra quê hein?
Cerca de dez dias atrás eu estava no auge de uma gripe normal, com tosse e dores no corpo. Sentei na recepção de uma rádio onde daria uma entrevista e fiquei curtindo minha gripe. Um espirro ali. Uma tossida aqui. Até que repentinamente a recepcionista se levanta, cruza a saleta e abre acintosamente as janelas, como que dizendo: "Sai daqui seu infectado!". Me senti parte da minoria oprimida, sabe como é? Eu devia ter ligado pro Lula.
Alguns dias depois embarquei para o Chile para palestrar num grande evento com cerca de 1.000 pessoas na platéia. Olha só: saindo de uma gripe e entrando no meio de uma aglomeração, no segundo país mais infectado pela gripe suína na América do Sul. Suicídio, né? Pois sabe o que vi no aeroporto, nos shopping centers e nos hotéis do Chile? Nada. Ninguém usando máscaras, ninguém distribuindo cartazes, nenhum mortômetro na televisão. Nada. Néris de pitibiribas. Quando desembarquei em São Paulo fui recebido por agentes da Polícia Federal com máscaras azuis. Só faltou a luva de borracha e o álcoolpara desinfetar. Um horror.
E então leio a manchete da Folha de São Paulo no domingo: "Gripe suína deve atingir ao menos 35 milhões no país em 2 meses".
Que loucura é essa hein? E o índice de mortalidade é sempre o mesmo: entre 0,7% e 0,8%. Igual ao de uma gripe normal. Mas... no México o índice é 1,03%. Nos Estados Unidos, 0,57%. Na Inglaterra, 0,14%. Na União Européia, 0,12%. Técnicos afirmam que a divergência se dá pela dificuldade de medir e pelos diferentes critérios utilizados. Em outras palavras: ninguém sabe nada. E quando ninguém sabe nada a especulação aparece. E nesse ambiente vamos escolher sempre a tragédia.
As ameaças de extermínio da Humanidade são ótimas para vender jornal, e sempre serão tratadas como algo distante. Mas quando a praga ataca meu vizinho e o vizinho do meu vizinho,vixe!!! Apelos emocionais são irresistíveis. Então o apresentador do telejornal mostra o hospital superlotado de gente procurando tratamento contra a gripe suína. E entrevista oinfectologista que implora para que as pessoas só se dirijam aos hospitais se estiverem com todos os sintomas. E em seguida o mesmo apresentador volta com o mortômetro: 53... 54... 55. Tá chegando em você, CORRA PRO HOSPITAL!
Olha aqui: tem uma gripe nova por aí , sim senhor. Ela precisa de cuidados básicos ou pode matar, sim senhor. Mas ela mata tanto quanto uma gripe normal. E menos que dezenas de outras doenças com as quais convivemos normalmente, mas que não tem um mortômetro na televisão.
É o mortômetro que cria o pânico. É o mortômetro que manda os ignorantes para os hospitais. É o mortômetro que vende jornal.
A pandemia que enfrentamos é de estupidez.
Luciano Pires
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sábado, 15 de novembro de 2008

O assassinato de Terri Schiavo e o direito de regar gerânios

Por Reinaldo Azevedo

Vivemos os novos tempos bárbaros, impostos, curiosamente, pelo triunfo da ciência e da razão. O caso Terri Schiavo mobiliza e choca o mundo, dividindo radicalmente opiniões, porque, de fato, estamos lidando com a única questão filosófica verdadeiramente relevante — e não é o suicídio, como pontificou Albert Camus, um bom literato disfarçado de filósofo do pessimismo — um mau filósofo. A única questão filosófica relevante é a vida, ponto inicial de qualquer outra consideração. Tudo o mais que sabemos ou é conhecimento (ou ignorância) de fenômenos da natureza ou é linguagem, uma construção, portanto, tornada uma outra natureza. Sem a vida, ficamos privados até da oportunidade de não saber. Do mundo natural surgem os fatos, que se impõem; da linguagem, crenças, valores, ideologias, religiões, novos mistérios. Cientistas, desde o Iluminismo, querem-se também eles manifestação da natureza, quando, de fato, integram o grupo da linguagem. Não são o fenômeno, mas apenas uma interpretação dele. A ciência é um código, um conjunto organizado de sinais. Quando muito, oferece uma leitura da realidade, jamais a realidade ela-mesma.

Podemos e devemos contar com o concurso da ciência para erguer edifícios, mudar o curso dos rios, conter o avanço do mar, estudar a vida dos microorganismos, desenvolver a engenharia de materiais, recomendar que não consumamos bacon em excesso para que as coronárias não entupam, mergulhar nos meandros na nanotecnologia para encurtar o tempo das operações matemáticas, transformar em vida abundante as potencialidades das células-tronco. Tudo isso torna a vida mais fácil, mais longa, mais prazerosa, mais decente. E, de fato, o conjunto desses conhecimentos diz-nos o quê? Só expõe a nossa formidável ignorância pregressa e faz supor, quando menos por analogia, o que nos falta saber de agora até um ponto qualquer, aleatório, no futuro. À diferença do que supõe o racionalismo de propaganda, cada novo avanço da ciência NÃO expõe a fraude da teologia ou das religiões. Cada novo avanço da ciência o que expõe são os erros pregressos da própria ciência.

E com isso quero dizer o quê? Estou eu aqui fazendo profissão de fé no obscurantismo? Não! Estou fazendo profissão de fé na autonomia dos domínios. Podemos e devemos mobilizar os recursos que for possível mobilizar para o desenvolvimento científico, mas ele não anula os postulados da ética, das crenças, dos valores, das religiões. Sempre que essas fronteiras foram rompidas, com boa ou má ciência, tanto faz, flertou-se abertamente com o horror. Foi assim na fase do terror revolucionário francês, do nazi-fascismo ou do stalinismo.

A decisão da Justiça americana de matar Terri Schiavo, entendo, remete a questões muito mais sérias do que parece à primeira vista. A mídia leiga e liberal nos EUA (filoesquerdista no Brasil) transformou o caso em mera disputa entre Bush (e seus ditos “fundamentalistas” cristãos) e aqueles que se opõem ao presidente. Os argumentos que justificam a interrupção do fornecimento de alimento à moça evidenciam uma fantasmagoria verdadeiramente totalitária na mais importante democracia do mundo. O Estado, com o concurso dos cientistas, arroga-se o direito de decidir qual vida merece ser vivida, estabelecendo, pois, a partir desse caso, quais seriam as condições mínimas aceitáveis. Até o Deus do Velho Testamento aceitava recurso. Quem foi que deu a cientistas e juízes tais direitos?

Proponho aqui uma questão aos meus leitores: ainda que Terri fosse mesmo um vegetal, porque seus pais e seu irmão não teriam direito de “cultivá-lo”? Por que os juízes decidiram lhes arrancar do jardim da vida — sim, que, então, segundo eles próprios, é vida, mesmo que vegetal — a rosa, a begônia ou o jacinto de sua dor e de seu amor, de seu afeto e de sua tristeza, de seu cuidado e de seu sofrimento? Esse caso me provoca mal-estar. A maioria das pessoas com as quais converso acha tudo muito normal e prefere malhar Bush. Já escrevi aqui algumas vezes que escolheria o catolicismo como religião se ele tivesse me escolhido. Eu prefiro o mundo em que toda a ciência seja considerada divina, desdobramento natural da Graça para elevar a vida humana. O homem, criado à imagem e semelhança de Deus — e, por isso, com a vida inviolável por qualquer outra força —, é uma idéia que nos protege como espécie.

Mas alguns bárbaros do direito e da ciência preferem ser, eles próprios, o Deus que renegam. A morte de Terri Schiavo, nas condições em que se dá, nos expõe ao risco do terror científico. Todo americano deve ter o direito, suponho, de cultivar, se quiser, gerânios na janela. Seus pais deveriam pedir aos juízes americanos que a filha fosse declarada, então, um gerânio, que nenhuma lei impede que seja regado. Os que defendem a medida adotada, mesmo entre nós, podem me mandar e-mails dizendo por que proibir os pais de Terri de cultivar gerânios, podem me dizer por que ela deve morrer seca, esturricada, como uma erva daninha.

Sou evidentemente contrário, e já se percebeu, creio, a isso que chamam eutanásia. Não aceito, em princípio, que se estabeleçam precondições para definir vidas que mereçam ser vividas ou interrompidas. Será isso tão reacionário quanto alguns fazem crer? Meu pai padeceu longamente de um câncer, que depois se generalizou em metástases várias. Todo o meu entendimento com a excelente equipe médica que o atendeu era para usar as drogas disponíveis para amenizar-lhe a dor. A anestesia, esta, sim, traz em si o sopro da divindade, vem nas asas dos anjos. A eutanásia é só a voz suave do demônio. Falo por metáfora. Chamo aqui “demônio” a tentação dos que pretendem assumir o lugar do absoluto por um golpe da vontade, como se os assistisse “o” saber absoluto.

Meu pai já não podia mais se comunicar, mas estava vivo. E, me garantiu o médico, Paulo Zago, não sentia mais dor. Não sofria mais. Até seu último suspiro, que eu não olvidaria esforços para retardar, construí e reconstruí teias de afetos e de lembranças, caminhei pelos desvãos da memória, tentei entendê-lo melhor e a mim mesmo. Queria me fazer, e talvez tenha conseguido, a partir dali, um homem melhor. Meu pai estava vivo porque sua vida, mesmo naquelas condições, vivia em mim, na minha irmã, na minha mãe, nos seus netos, na generosa rede familiar que se criou, incluindo sobrinhos, irmãos, cunhados, amigos, para protegê-lo e dignificá-lo.

Seu corpo ainda morno, embora já não mais emitisse qualquer sinal de consciência, me acolhia e me amparava, cobrava de mim entendimento. Até que não se dê o último suspiro, não tem início o luto, e quem o determina é o inelutável, não um togado arrogante ou um aprendiz desastrado de Deus. Uma vida, nem que seja a de um aspargo, senhores juízes, não vive apenas em si mesma. Existe na circunstância, no mistério dos sentimentos que mobiliza, numa construção que não se esgota nas ciências biológicas ou jurídicas. O assassinato de Terri Schiavo deveria nos ofender gravemente.

Perplexidade.

Já escrevi aqui: sou mais tolerante na vida privada e no trabalho do que, talvez dê a entender o meu texto, que tem sotaque reconhecidamente militante, em relação às coisas em que acredito. Costumo bater muito duro e, obviamente, sei bem o que quer dizer aquela lei de Newton. Digo sempre que isso é do jogo. Não vou para o confronto para ofender nem me deixo ofender facilmente. Quem está nessa profissão tem de ter a casca dura. Assim, sigo aquela máxima de Terêncio e me escandalizo pouco com a variedade humana porque, vá lá, nada do que é humano posso reputar absolutamente estranho a mim. Mas certas manifestações organizadas, confesso, testam, se não a minha tolerância, ao menos a minha compreensão.

O que, na opinião de vocês, faz com que pessoas saiam de casa, se organizem, escrevam cartazes, ganhem as ruas, se mostrem, fundem ONGs, e tudo para defender algo como a eutanásia — vale dizer, a morte? Fico cá me perguntando como podem ter tanta certeza e clareza sobre o ponto de inflexão em que uma vida deixa de ser vida ou em que um “não se sabe o que seja” ainda não é vida? Nem chega a ser o interesse pessoal — como talvez seja o do ex-marido de Terri. Assim fosse, bastaria que deixassem registrado em juízo ou numa fita de vídeo o tratamento que gostariam que lhes fosse dispensado em situação semelhante.

Não! Em vez disso, tornam-se mesmo militantes da morte, estetas da solução final, prosélitos do homicídio humanitário, dignatários do fim de um tabu: a inviolabilidade da vida. Santo Deus! Quantas são as causas para as quais os convocam, todo dia, a vida e seu ofício?! Quantas são as crianças abandonadas neste vasto mundo?! Quantas são, então, as pessoas dotadas da tal “consciência” (que eles tomam como critério do que é vida), mas entrevadas por limitações físicas que cobrariam a sua mobilização e a sua disposição para a luta?! Por que se organizam para nos oferecer a boa morte? Qual é, afinal de contas, a utopia dessa gente?

Não, eu não gostaria de viver num mundo em que o ex-marido de Terri Schiavo pudesse ser um norte moral. Este senhor, comportando-se como Deus por força de uma questão legal, decidiu que é chegada a hora de sua ex-mulher morrer. Os pais já reivindicaram a guarda legal da filha; um milionário se ofereceu até para comprá-la. Tudo inútil. Sua cupidez, pelo visto, é de outra natureza. Por razões que certamente nem a medicina nem o direito explicam, ele precisa que ela morra para recuperar, no universo psíquico, alguma forma de potência, alguma forma de poder. Só isso explica que tenha transgredido também o terreno do nefando, impedindo que os pais, católicos, ministrassem a comunhão à moça em plena Páscoa. Ele é o verdadeiro Anjo da Morte.

Espírito do tempo.

Michael Schiavo foi claramente adotado pela mídia “progressista” nos EUA e no mundo. Os esforços para manter Terri viva são tratados como radicalismo de fundamentalistas cristãos, sejam os católicos, sejam aqueles que rodeiam Bush. Pesquisas de opinião — aquelas mesmas que davam a vitória para John Kerry nas eleições presidenciais — acusam perda de prestígio do presidente americano ao se mobilizar para permitir que os pais tentassem recorrer à Justiça federal.

Há nisso tudo um paralelismo simbólico que a muitos escapa. Ainda que muitos nem mesmo percebam, não é Terri que conta em tudo isso, mas aquele que é a encarnação suprema do pensamento religioso e do princípio da inviolabilidade da vida: João Paulo 2º. Sim, o papa não vive em estado vegetativo, mas é visível a sua decadência física. Os telejornais e os jornais, prestem atenção, a seguir o que vêm fazendo até aqui, noticiam o caso Terri e a saúde do papa no mesmo bloco de noticiário. São consideradas notícias correlatas.

João Paulo não depende de aparelhos para sobreviver, mas seus movimentos são mínimos, ele já não pode falar, muitos duvidam mesmo de que esteja inalterado seu estado de consciência. Desligar o tubo de Terri corresponde a uma espécie de cobrança para que o papa renuncie a suas funções, defesa que, curiosamente, fazem mais os não-católicos (e mesmo os anticatólicos) do que os que seguem a religião. Todos sabem que a Igreja é também uma burocracia que não depende de decisões cotidianas do Sumo Pontífice para funcionar. Sua liderança é, antes de tudo, espiritual e simbólica. A renúncia corresponderia à posse de um meio papa enquanto João Paulo, ainda que em “estado vegetativo”, vivesse.

A decisão em favor do assassinato legal de Terri expõe gravemente o espírito deste tempo. Não é possível ignorar que um dos homens mais importantes do mundo — talvez o mais importante — vive situação análoga. No terreno simbólico, matar Terri corresponde a apressar também a morte do papa. Tudo em nome da funcionalidade, da razoabilidade, da eficiência, da ciência, do conhecimento.

Está em curso um poderoso movimento, de múltiplas faces e de origens distintas, mas sempre organizados em torno de um eixo: o preconceito anticristão e, particularmente, anticatólico. Sua pele de cordeiro é o saber científico e o que se chama, com fingida inocência, “direito de decidir”. Sua natureza de lobo é a imposição do terror científico, que nem mesmo se esforça para convencer: quer-se impor como causa natural, não como escolha. Este tempo decidiu matar Terri e gostaria de apressar o fim do papa. Um dia terá a ambição de arbitrar sobre a vida de todos nós, convertidos que seremos em meros funcionários de uma causa, de um “supra-saber”.

Reacionário, queridos, é nos proibirem até de regar gerânios.

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