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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Perdedores honrados

No final de 2006 a coisa estava preta nos EUA para a matriz da multinacional na qual eu trabalhava. Um aviso global foi disparado para que todas as operações apertassem os cintos. Um dos diretores brasileiros colocou em questão a comemoração de final de ano que havíamos cuidadosamente planejado para nossos 5 mil funcionários. Afinal, se era para apertar o cinto não poderia haver festa, não é?

Fui a voz dissonante na diretoria, a “oposição”. Meu argumento era que estávamos terminando um ano em que nossas equipes foram duramente exigidas e reverteram um cenário ruim, obtendo resultados excelentes. Era hora de celebração e não de anti-clímax. Para mim, o preço da festa era infinitamente menor que o valor negativo do cancelamento. Não adiantou, “eles” venceram e a festa dançou. Quando o presidente anunciou o cancelamento, uma voz interior me gritou: “Não aceita! Não aceita!”. Mas a decisão da maioria fora tomada e eu tinha que aceitá-la. Mais que isso: a partir daquele momento eu – como diretor da empresa – teria que defender a decisão diante dos funcionários. Coube a mim, como Diretor de Comunicação, redigir o comunicado explicando o cancelamento. Tive que me desdobrar numa ginástica verbal para tentar transformar a decisão negativa num ato positivo e necessário.

Lembrei-me dessa história assim que foi anunciado o resultado da eleição presidencial de 2010 no Brasil. Mais uma vez fui voto vencido. Não gostei do resultado, tenho preocupações com o futuro, mas... vivemos num regime democrático no qual é normal que as pessoas façam escolhas entre um lado e outro. É assim que funciona e, como bom soldado, aceitarei o resultado e contribuirei para a harmonia do grupo. O que não pode ser aceito – sob nenhuma hipótese - é a perspectiva de que um lado elimine o outro. E essa intenção foi demonstrada – até mesmo verbalizada – várias vezes durante a campanha.

Vencer é democrático. Exterminar, não é.

Num regime democrático os perdedores honrados aceitam a derrota e fazem sua parte para manter a harmonia do grupo. Mas jamais devem abdicar de sua existência. Muito menos resignar-se. Os perdedores honrados precisam cumprir o papel fundamental de fiscalizar, de apontar os erros e excessos. Isso se chama “oposição” e é exatamente o que legitima a democracia.

Um regime sem oposição para lhe encher o saco, não é uma democracia.

Aos vencedores honrados cabe ouvir os “nãos” dos opositores e contrapor seus argumentos. A convivência entre vencedores honrados e perdedores honrados é necessária e – mais que isso - benéfica para o país.

E é isso o que sinceramente espero, embora nunca antes na história deste país a palavra “honra” tenha estado tão por baixo...

Só pra terminar a história: os brasileiros – sempre mais realistas que o rei - foram os únicos que cancelaram a comemoração de final de ano. E o nosso cancelamento não teve qualquer repercussão junto aos “chefes” lá de fora. É claro que não perdi a chance de soltar um: “eu não disse?” na primeira reunião.

Não adiantou nada, mas pelo menos enchi o saco deles.


Luciano Pires


quarta-feira, 22 de julho de 2009

Vai passar...


Sofremos muitas perdas importantes ao longo do caminho, mas podemos extrair aprendizado desses momentos e deixar que a dor, como tudo na vida, venha e vá.
Texto: Thays Prado - Ilustração: Adriana Alves
De vez em quando, a vida parece que saiu dos trilhos: um grande amor vai embora, uma pessoa querida morre, um amigo o trai, um filho se muda para outro país, o emprego de anos é perdido inesperadamente.
Nesses momentos, fica difícil perceber qualquer coisa além da raiva e da dor e, por mais que muita gente lhe diga que a situação é passageira, a sensação é de que, dessa vez, vai durar para sempre. Acredite: tudo passa e tudo sempre passará, como diz a música Uma Onda, inspirada composição da dupla Lulu Santos e Nelson Motta.
Mas atenção: infelizmente milagres não existem e para sair do buraco você também precisa dar uma força. Afinal, em momentos difíceis, o que mais se ouve é que só o tempo e a paciência são capazes de curar tudo.
Antes fosse! Engana- se quem espera que eles, sozinhos, façam alguma espécie de mágica e levem a dor para longe. Basta ver que, muitas vezes, os meses e os anos passam, mas o sofrimento não.
Como encarar a questão não é caminho dos mais fáceis. Algumas pessoas tendem a criar subterfúgios emocionais que dificultam o retorno da vida aos trilhos. Há aquelas tão racionais que só são capazes de entender os fatos por um prisma meramente intelectual e se tornam teóricas da própria dor.
Outras se mantêm em uma situação de sofrimento perene, reclamam de todos ao redor, da vida ou do universo e exigem cuidados e atenção constantes.
“Algumas pessoas permanecem apegadas a um luto patológico, à melancolia e jogam a responsabilidade sobre o outro”, explica a psicanalista Sylvia Loeb, do Instituto Sedes Sapientiae, de São Paulo. “Elas ficam no papel de vítima a vida inteira para não precisarem sair do lugar, para não assumirem sua responsabilidade na briga, na separação, na perda do emprego, ou seja, diante de sua própria vida.”
Seja como for que você reage à situação, uma coisa é certa: ficar parada na estação é que não pode. É preciso agir sem demora. Uma alternativa para elaborar tantas emoções é falar, simples assim. Nessas horas, terapia pode ajudar muito. Se ao partilhar o problema com um amigo já ficamos aliviadas, imagine com um profissional, capaz de decifrar as entrelinhas do que dizemos.
“Se o sentimento não for entendido, digerido e elaborado, pode sobrar tristeza, rancor e até doenças, que às vezes levam à depressão”, explica Sylvia. “Quando se vive um assunto de verdade e se processa aquilo, não é mais preciso falar, porque já passou.”
Foi justamente se expressando que a publicitária paulista Cristiana Guerra, que já fazia terapia havia cinco anos, encontrou forças para continuar a viver e a cuidar de seu bebê. Nesses grandes descarrilamentos da vida, ela ficou viúva no sétimo mês de gestação.
Envolvida em uma mistura de sentimentos, Cristiana enfrentou o que chamou de “o pior e o melhor ano”, e precisou lidar com o conflito interno de perder e ganhar ao mesmo tempo.
Algumas vezes, se sentiu injustiçada por querer morrer e não ter esse direito, já que ainda carregava seu filho na barriga. Para aliviar a pressão da dor, começou a escrever o blog Para Francisco, em que resolveu transformar todas as suas lembranças sobre o namorado em poemas que o tempo e a memória não poderiam apagar.
“Como escrevia para o meu filho, procurava mostrar o lado positivo da vida para que eu também acreditasse que havia um”, conta. Na mesma época, Cristiana percebeu o quanto era amada pelos amigos e aprendeu a dizer “preciso de você”.
“Se o sentimento não for entendido, digerido e elaborado, pode sobrar tristeza, rancor e até doenças, que às vezes levam à depressão.”
Sofremos muitas perdas importantes ao longo do caminho, mas podemos extrair aprendizado desses momentos e deixar que a dor, como tudo na vida, venha e vá.
Texto: Thays Prado - Ilustração: Adriana Alves

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Perdas?



“O que a gente teve não perde. As lembranças estão dentro de nossa memória.
Quando uma tragédia assim acontece, o que se perde é o prosseguimento, é o futuro.
E o futuro é virtual, uma expectativa de algo que damos como certo, mas não é.
Não se perde o passado. Isso pode parecer meramente racional – e é, porque a emoção não se traduz.
Não se perde alguém que existiu. O que se perde é uma expectativa. Isso não é consolo, mas pode ajudar a retomar a vida.
Pensar não no que perdi, mas no que tive o privilégio de viver. O passado precisa ser uma referência para a gente se nutrir. E não para se lamentar. Há várias formas de conviver com a saudade”.
Palavras do psiquiatra Luiz Alberto Py dirigidas aos parentes das vítimas do recente acidente aéreo

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