sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Declaração de Ética Mundial - parte IV


III. Quatro preceitos inamovíveis
1. Compromisso com uma cultura da não-violência e do temor diante da vida
Inúmeras pessoas, em todas as regiões e religiões, esforçam-se por ter uma vida determinada não pelo egoísmo, mas pelo engajamento em favor dos semelhantes e do mundo que compartilham com eles.
Ainda assim, há no mundo de hoje muito ódio, inveja, ciúme e violência: não apenas entre as pessoas enquanto indivíduos, mas também entre grupos sociais e étnicos, entre classes e raças, nações e religiões. O uso de violência, a comercialização de drogas e o crime organizado, munidos muitas vezes dos mais avançados recursos técnicos, alcançaram dimensões globais. Em muitos lugares ainda se governa com um terror “vindo de cima”; ditadores violentam seus próprios povos, a violência institucional é bastante difundida. Mesmo em países onde existem leis de defesa das liberdades individuais, presos são torturados, pessoas são mutiladas, reféns, assassinados.
A. Das grandes tradições éticas e religiosas antigas, porém, acolhemos o preceito: Não matarás! Ou, formulado de maneira positiva: Sente temor diante da vida! Ora, recordemos uma vez mais as conseqüências desse antigo preceito: toda pessoa tem direito à vida, integridade física e livre desenvolvimento da personalidade, desde que não fira os direitos de outras pessoas. Pessoa alguma tem direito de torturar outra, seja física ou psiquicamente, nem de ferir, nem muito menos de matar a outrem. E nenhum povo, nenhum Estado, nenhuma raça ou religião têm o direito de discriminar uma minoria, de natureza ou credo diversos, nem proceder a qualquer “purificação”, exilá-la, nem muito menos aniquilá-la.
B. Onde houver seres humanos, por certo também haverá conflitos. Esses conflitos, no entanto, deveriam ser resolvidos sem qualquer violência, no âmbito de uma ordem legal. Isso vale tanto para o indivíduo, quanto para os Estados. Os detentores do poder político são especialmente chamados a se ater à ordem legal vigente, e a lutar por soluções tão pacíficas e não-violentas quanto possível.
Eles deveriam engajar-se em favor de uma ordem internacional pacífica, que, de sua parte, necessita de proteção e defesa contra agentes de violência. Munir-se de armas é um descaminho, desarmar-se, uma exigência premente. Que ninguém se engane: sem paz mundial, a humanidade não sobrevive!
C. Por isso, os jovens já deveriam aprender na família e na escola que a violência não pode ser instrumento para a confrontação com outras pessoas. Só assim se pode criar uma cultura da não-violência.
D. A pessoa humana é infinitamente preciosa e deve ser protegida incondicionalmente. Mas também a vida de animais e plantas que habitam conosco este planeta merece proteção, cuidado e conservação. A exploração desenfreada das reservas vitais da natureza, a destruição desrespeitosa da biosfera e a militarização do cosmos são um ultraje. Como seres humanos – e em vista das gerações futuras – somos todos especialmente responsáveis pelo planeta Terra e pelo Cosmos, pelo ar, pela água e pelo solo. Todos nós neste Cosmos estamos ligados uns aos outros e somos mutuamente dependentes. Cada um de nós depende do bem do todo. Por isso vale dizer: não se deve propagar a dominação do ser humano sobre a natureza e o Cosmos, mas sim cultivar a vida em comunidade com a natureza e o Cosmos.
E. Ser verdadeiramente humano, no espírito de nossas grandes tradições religiosas e éticas, significa ser cuidadoso e solícito, tanto na vida privada quanto na vida pública. Jamais devemos ser desrespeitosos ou brutais. Cada povo, cada raça, cada religião deve render tolerância, respeito e grande estima aos demais povos, raças e religiões. Minorias – sejam minorias raciais, étnicas ou religiosas – necessitam de nossa proteção e apoio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seguidores

Visualizações nos últimos 30 dias

Visitas (clicks) desde o início do blog (31/3/2007) e; usuários Online:

Visitas (diárias) por locais do planeta, desde 13/5/2007:

Estatísticas