Esta coluna, escrevi-a quinta-feira pela madrugada, enquanto lutava contra a insônia, elucubrando sobre a vida e sobre a minha vida.
Deixem que eu diga aos leitores que é uma das melhores colunas que escrevi em minha vida, ótimas assim como esta sempre foram as colunas que escrevi quando a vigília vencia o sono.
Deliciem-se, leitoras, banqueteiem-se com este texto aí debaixo. É a minha homenagem aos assinantes deste jornal ao qual sirvo com lealdade há 38 anos. Quando dei esta coluna para Fé Emma lê-la, ela caiu em pranto. Ei-la:
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Eu sonho ser generoso com todos de quem eu me apiede.
Eu desejo instalar em meu coração um plantão permanente de caridade e solidariedade.
Eu preciso me abrir a todos que choram, suplicam ou sofrem silenciosamente.
Eu necessito me render aos que precisam de amparo, estendendo-lhes minha mão e meu auxílio.
Porque não há outro sentido na vida que não seja viver para os outros.
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Deus me livre de pensar em mim antes de dirigir meu pensamento ao próximo.
Antes de acusar, tenho de perdoar.
Antes de condenar, tenho de me colocar no lugar de quem está sendo julgado e me persignar como benevolente.
Antes de virar as costas, tenho de enfrentar.
Em vez de invejar, tenho de compreender.
Em vez de agredir, devo acariciar.
Em vez de fugir, abraçar.
Em vez de contornar, inteirar-me
Em vez de recuar, cumpre-me progredir.
Até que eu chegue à perfeição de amar quem me odeia e servir a quem me trata com desdém.
Até que eu chegue à perfeição de corar quando alguém me agradeça e de encher de mesuras a quem me vilipendia.
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Que eu nunca me envergonhe de ser bom e jamais deixe de estar pronto para uma generosidade.
Que eu nunca me afaste dos bons e jamais deixe de tentar dissuadir os inclementes.
Que eu nunca me impeça de dividir com os outros o que tenho, mesmo que seja pouco, ou muito, mesmo que depois me venha a fazer falta.
Que eu impulsione mais ainda quem está subindo e faça tudo para conter e reverter quem está caindo.
Que eu nunca me afaste dos bons e dos maus, dos primeiros para imitá-los, dos segundos para tentar regenerá-los.
Que eu seja assim, benévolo, condescendente, piedoso, construtivo, diligente no bem e corajoso e compreensivo quanto ao mal.
Que eu sempre tente e nunca desista de estimular os bons e mitigar os maus.
A quem me dedicar inveja, que eu a traduza como admiração.
A quem possivelmente me dedicar ódio, que eu o traduza tão somente por incompreensão.
Para que eu possa antes de morrer, altivo, gritar aos que testemunharam este meu tipo de conduta, gritar a todos bem alto: “Não abro mão do céu”.
*Texto publicado na página 47 de Zero Hora dominical de 15/11/2009
Autor: Paulo Sant'Ana
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