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terça-feira, 25 de agosto de 2009

O compromisso

Quando eu era criança meu pai sempre me incomodava com um maroto dilema ético. Ele perguntava se eu preferia ser um herói morto ou um covarde vivo. E eu, voluntarioso, respondia:- Herói morto!
Lembrei dessa história quando vi a foto de Dilma Roussef segurando a peruca que o vento estava levando, lá na base aérea de Brasília. Peruca? É. A candidata tem um câncer e está fazendo quimioterapia, que derruba os cabelos. Raspou a cabeça e agora anda de peruca. Uns fingem que não vêem, outros vêem e ficam constrangidos e alguns fotografam. Uns publicam e não dizem nada. Outros publicam e dizem de forma oblíqua. E há também os que publicam e dizem.
Se quem diz é do partido dela ou da base de apoio, tudo bem. Mas se quem diz é da oposição...E eu não sei o que dizer. Estou perplexo. A mulher está com câncer, pô! Cân-cer! Sabe o que é isso? Câncer é uma doença terrível. É uma neoplasia, o crescimento anormal e sem controle das células. Mesmo com todo avanço da medicina, o câncer ainda mata. E muito. E quem está em tratamento tem que ficar em resguardo, descansando. E se está fazendo quimioterapia, então, é resguardo duplo. Triplo. A quimioterapia derruba as defesas naturais e qualquer resfriadinho pode virar uma pneumonia mortal. Câncer mata.
A vida toda ouvi a palavra "câncer" com um misto de mistério e medo. Afinal, uma afirmação como "fulano está com câncer" nunca foi uma constatação. Sempre foi uma condenação. O peso dessa palavra é imenso, só atenuado quando lembramos que em outros países lusófonos o nome é"cancro". Mas deixando as questões semânticas pra lá, câncer ou cancro matam!
Então o que é que essa mulher está fazendo no evento, na inauguração, na reunião? Que força a leva a abandonar o resguardo? Será uma grandeza de alma? Vocação para o sacrifício? Sede de poder? Talvez insistência dos colegas de partido e dos marqueteiros? Ou uma doentia necessidade de cumprir compromissos? Quem sabe a perspectiva de vencer mais uma batalha? Vencendo, a guerreira fica ainda mais forte?
A ministra assumiu um compromisso com o partido, com o presidente e com o Brasil. Um compromisso importante, de trabalhar para garantir a sucessão de Lula e a continuidade do projeto político do PT. É um compromisso sério, a ponto de levá-la a mudar de comportamento, modo de vestir e até de rosto. Mas tem que haver um limite.
Então faço aqui um apelo. Presidente, por favor, manda a Dilma pra casa. Manda que ela fique lá, quietinha, nanando, tomando um chazinho e vencendo a doença. Todo mundo vai entender e apoiar sua atitude. Presidente, se o senhor não mandar a ministra pra casa e a coisa se complicar a culpa será sua! Sei que a ministra é durona, mas se ela teimar peça para alguém da família - a filha, quem sabe? - chamá-la e repetir a frase inesquecível de Roberto Jefferson:
- Sai daí Dilma. Sai daí logo, antes que você faça réu um homem inocente, o presidente Lula!
E agora é pra Ministra: Dona Dilma, faça uma reflexão. Seu compromisso é importante, mas não justifica que sua saúde seja usada como mais um componente da equação política. Nenhum compromisso é mais urgente que tratar aquilo que pode matar a senhora. Recolher-se neste momento não é covardia. É um ato de amor próprio do qual a senhora sairá como covarde viva apenas para quem a está usando.
Para os outros, será uma heroína viva..
Primeiro a vida, ministra. Depois a política.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Declaração de Ética Mundial - parte V


2. Compromisso com uma cultura da solidariedade e uma ordem econômica justa
Inúmeras pessoas, em todas as regiões e religiões, esforçam-se por praticar solidariedade umas com as outras, e por viver uma vida de trabalho e cumprimento leal de uma profissão. Ainda assim, no mundo de hoje há muita fome, pobreza e miséria. O indivíduo não é o único culpado por isso. Freqüentemente, a culpa é de estruturas sociais injustas: milhões de pessoas não têm trabalho, milhões são explorados através de um trabalho mal remunerado, são postos à margem da sociedade e privados de chances em suas vidas. Em muitos países, as diferenças entre ricos e pobres e entre poderosos e desvalidos são assustadoras. Neste mundo em que tanto um capitalismo desenfreado quanto um socialismo estatal totalitário esvaziaram e destruíram muitos valores espirituais, puderam difundir-se uma ânsia desenfreada por lucro e uma avidez sem limites, mas também uma mentalidade reivindicatória materialista, que sempre exige mais e mais do Estado, sem assumir maior compromisso recíproco. Não apenas nos países em desenvolvimento, mas também nos países industrializados a corrupção desenvolveu-se na sociedade como uma chaga cancerosa.
A. Das grandes tradições éticas e religiosas antigas, porém, acolhemos o preceito: Não roubarás! Ou, formulado positivamente:
Aje de maneira justa e honesta! Ora, recordemos uma vez mais as conseqüências desse antigo preceito: pessoa alguma tem o direito de roubar outra – seja de que forma for –, nem tampouco de violar sua propriedade ou os bens comunitários. Ao inverso, no entanto, pessoa alguma tem o direito de fazer uso de suas posses sem respeitar as carências da sociedade e da Terra.
B. Quando a pobreza extrema predomina, o desamparo e o desespero ganham espaço, e aí sempre se roubará, por força da sobrevivência. Quando se acumulam poder e riqueza indiscriminados, é inevitável que se despertem nos pobres e marginalizados sentimentos de inveja e ressentimento, de ódio mortal e de rebelião. Isso conduz, no entanto, a um círculo vicioso de violência e de reações violentas. Que ninguém se engane: não há paz mundial sem justiça mundial!
C. Por isso, os jovens já deveriam aprender na família e na escola que a propriedade, por menor que seja, cria obrigações. Seu uso deve, ao mesmo tempo, servir ao bem comum. Só assim é possível construir uma ordem econômica justa.
D. Contudo, quando se quer alterar decisivamente a situação dos bilhões de seres humanos mais pobres que vivem neste planeta, é preciso remodelar de forma mais justa as estruturas da economia mundial. A beneficência individual e projetos isolados de ajuda, por mais imprescindíveis que sejam, não são suficientes. É preciso haver participação de todos os Estados e a autoridade das organizações internacionais, para que se chegue a um equilíbrio justo.
A crise de endividamento e a pobreza do Segundo Mundo, ora em dissolução, e tanto mais do Terceiro Mundo, precisam ser conduzidas a uma solução sustentável por todas as partes.
Certamente, os conflitos de interesse serão inevitáveis também no futuro. Nos países desenvolvidos, de qualquer modo, deve-se distinguir entre consumo necessário e desenfreado, entre um uso social e associal da propriedade, entre um uso justificado e injustificado dos recursos naturais, entre uma sociedade de mercado puramente capitalista e outra, orientada tanto social quanto ecologicamente. Os países em desenvolvimento também necessitam de um exame de consciência em nível nacional.
Isso vale em toda parte: sempre que os dominadores oprimem os dominados, as instituições oprimem as pessoas, e o poder oprime o direito, é adequado haver resistência – pacífica, sempre que possível.
E. Ser verdadeiramente humano, no espírito de nossas grandes tradições religiosas e éticas, significa o seguinte:
• Ao invés de se usurpar o poder econômico e político, em meio a uma luta irrespeitosa pelo domínio, deve-se utilizá-lo para o serviço ao ser humano. Precisamos desenvolver um espírito de compaixão com os que sofrem e ter uma preocupação especial com os pobres, deficientes, idosos, fugitivos e solitários.
• Ao invés de um pensamento unicamente voltado ao poder e ao invés de uma política de poder desenfreada, é preciso fazer prevalecer o respeito mútuo em meio à inevitável concorrência que surge na disputa pelo poder, um equilíbrio razoável dos interesses, e uma predisposição para o respeito e a conciliação.
• Ao invés de um desejo insaciável por dinheiro, prestígio e consumo, é preciso reencontrar um novo senso de comedimento e humildade! Pois o ser humano entregue ao desejo perde sua “alma”, sua liberdade, seu desprendimento, sua paz interior e perde, com isso, o que o torna humano.

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