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sexta-feira, 12 de março de 2010

A ameaça do consumismo

Consumismo é ameaça ambiental global, adverte relatório
O americano médio consome mais do que o seu próprio peso em produtos por dia, alimentando uma cultura global do excesso que vem emergindo como a maior ameaça para o planeta, segundo um relatório publicado nesta semana. No seu relatório anual, o Worldwatch Institute diz que o culto do consumo e da ganância pode acabar com todos os avanços das ações governamentais em direção ao combate das mudanças climáticas e de mudanças para uma economia de eficiência energética.


A notícia é do jornal The Guardian e publicada pelo portal do jornal O Estado de S. Paulo, 18-01-2010.

"Até reconhecermos que nossos problemas ambientais, das mudanças climáticas ao desmatamento e à perda de espécies, são movidos por hábitos insustentáveis, não seremos capazes de resolver as crises ecológicas, que ameaçam acabar com a civilização", disse o diretor do projeto, Erik Assadourian, que liderou uma equipe de 35 pesquisadores por trás do relatório.

A população do mundo está queimando os recursos do planeta a uma velocidade imprudente, alerta o relatório da entidade americana. Na última década, o consumo de bens e serviços aumentaram 28% para US$ 30,5 trilhões.

A cultura do consumismo não é mais um hábito, em sua maioria, de americanos, mas está se espalhando por todo o planeta. Ao longo dos últimos 50 anos, o excesso foi adotado como um símbolo de sucesso em países em desenvolvimento como o Brasil, a Índia e a China, segundo o relatório. A China esta semana ultrapassou os Estados Unidos como o mercado mundial de carros. Também já é o maior emissor de gases de efeito estufa.

O relatório conclui que tais tendências não foram uma consequência natural do crescimento econômico, mas o resultado de esforços deliberados pelas empresas para conquistar os consumidores. Hoje são comuns produtos como as garrafas de água e o hambúrguer - rejeitado no início do século XX por ser considerado um alimento prejudicial para os mais pobres.

Uma família média ocidental gasta mais com seu animal de estimação do que é gasto por um ser humano em Bangladesh.


O relatório fez notar sinais encorajadores de uma mudança da cultura de gastos altos. Ele disse que os programas de merenda escolar tem feito maiores esforços para incentivar hábitos alimentares mais saudáveis entre as crianças. A geração mais jovem também se mostra mais consciente do seu impacto sobre o meio ambiente.

É preciso haver uma transformação global de valores e atitudes, segundo o relatório. Com as atuais taxas de consumo, o mundo precisa erguer 24 turbinas eólicas por hora para produzir energia suficiente para substituir os combustíveis fósseis.

"Nós vimos alguns esforços encorajadores para combater a crise climática mundial nos últimos anos", disse Assadourian. "Mas fazer políticas e mudanças tecnológicas, e continuar mantendo uma cultura centrada no consumismo, não pode ir muito longe."

"Se não fizermos a nossa própria mudança de cultura haverá novas crises que teremos de enfrentar. Finalmente, o consumismo não vai ser viável daqui para frente com a população mundial crescendo em 2 bilhões e mais países crescem em poder econômico."

No prefácio do relatório, o presidente do Worldwatch Institute, Christopher Flavin, escreve: "Enquanto o mundo luta para recuperar-se da mais grave crise econômica desde a Grande Depressão, temos uma oportunidade sem precedentes para dar as costas ao consumismo. No final, o instinto humano de sobrevivência deve triunfar sobre o desejo de consumir a qualquer custo."

Fonte: IHU On-line

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Crise Paraguaia

Em 1998, gestões diplomáticas e militares do Brasil e da Argentina ajudaram a neutralizar uma tentativa de golpe do então comandante do Exército do Paraguai e candidato presidencial, general Lino Oviedo, contra o presidente Juan Carlos Wasmosy. Nos meses seguintes, diplomatas brasileiros e argentinos redigiram a chamada cláusula democrática do Mercosul, assinada pelos chefes de Estado dos quatro países titulares do bloco — os três mais o Uruguai — , e Chile e Bolívia, então associados. Ela prevê a exclusão do Mercosul do país que sofrer um rompimento da ordem institucional, atuando como um instrumento de estabilidade política.

A situação no Paraguai volta a preocupar. A decisão da Sala Constitucional da Corte Suprema de anular uma resolução do Congresso que afastava dois magistrados abriu grave crise institucional.

É a primeira vez que a mais alta instância judiciária anula o resultado de um julgamento político do Legislativo. A oposição paraguaia argumenta que isto pode abrir um precedente e vir a beneficiar o atual presidente, Fernando Lugo, numa eventual disputa com o Congresso.

É o caso de o governo brasileiro ficar atento à necessidade de atuar para esvaziar a crise no país vizinho e parceiro, tendo em mente que qualquer encaminhamento deve ser feito escrupulosamente dentro da lei e sem tomar partido.

É bom lembrar que ainda não chegou ao fim a crise em Honduras, que se tornou aguda após a decisão da diplomacia brasileira de se manter aferrada à volta ao poder do destituído presidente Zelaya, refugiado desde 21 de setembro na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa.

No episódio, o governo brasileiro alegou questões de princípio para permanecer ao lado dos países da Alba, Venezuela à frente, mostrando uma inflexibilidade diante dos EUA que chegou a dificultar, em alguns momentos, uma solução para a crise.

No caso do Paraguai, seria recomendável que o Brasil reeditasse a parceria diplomática com a Argentina, que funcionou em 1998, convidando ainda o Uruguai, para evitar um conflito entre os três Poderes em Assunção. E os bolivarianos de Brasília precisam ser contidos.

Autor(es): Agencia O Globo

Jornal O Globo - 06/01/2010

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Depois da marolinha


Começam a surgir sinais de que a crise econômica está passando. Empresas anunciam lucros no primeiro semestre, já começa a faltar mão-de-obra em alguns segmentos, contratações estão aumentando e parece que a marolinha passou. Muito bem. O que é que vem agora? Voltaremos ao que éramos antes da crise? É só uma questão de tempo para engrenar?
Esqueça.
Nunca mais voltaremos a ser o que éramos, como éramos. Por uma razão muito simples: alguns pilares sagrados foram derrubados. E a casa não caiu.
Explico com um exemplo que senti na pele. Com a perspectiva de crise, o primeiro pilar derrubado foi o do Marketing, mais especificamente opilar da comunicação. Foram cancelados convenções, congressos, reuniões. E sem eventos ninguém precisa de palestrantes. Nem de fotógrafos, mestres de cerimônia ou recepcionistas. Muito menos das agências que contratam esses profissionais. Foi assim todo o primeiro semestre de 2009. O mesmo aconteceu na propaganda: programações de anúncios foram sumariamente canceladas, deixando agências e veículos com as calças nas mãos. Veja bem: eu não disse postergadas. Eu disse canceladas. E quem cancela propagandas não precisa de agências, não é? Nem de produtoras. Nem de fotógrafos, diretores, atores e redatores. Com os cancelamentos as empresas economizaram. E o pessoal do financeiro mostrou números melhores. E assim enfrentamos a marolinha. Agora é hora de retomar. Mas... espera. Vamos ouvir o que está sendo dito lá na sala de reuniões do nono andar?
- Cortamos a propaganda e o que aconteceu? Nada. Cortamos a convenção e o que aconteceu? Nada. Mandamos embora aqueles velhinhos e o que aconteceu? Nada. Não renovamos o patrocínio e o que aconteceu? Nada.- Mas se não aconteceu nada, pra quê voltar a investir nessas coisas?
Pois é... A marolinha terminou de derrubar vários pilares.
O primeiro pilar - que há tempos vinha balançando - foi o da produção. Quase ninguém mais pagará fortunas para produzir anúncios, filmes, spots publicitários, fotografias e toda a parafernália de marketing que sempre foi cara, muito cara. Um computador de seis mil reais substitui estúdios de centenas de milhares de dólares. E a cada dia fica mais simples e barato produzir coisas.O outro pilar que caiu é o da remuneração das agências. Ganhar 20% sobre a veiculação? Ou 15% sobre produção? Já era. Acabou. Aqueles "fees" mensais de 100, 50 ou até mesmo 30 mil reais evaporaram. As negociações milionárias só continuam nas esferas milionárias. Em 90% dos casos as empresas estão comprando (ou querendo comprar) mídia por conta própria e não remunerar mais os agentes. Ou simplesmente pararam com a mídia. O próximo pilar será o do correio. Ou de logística, escolha. Quanto tempo mais o mercado admitirá pagar dez reais para remeter um folheto (que custou oito reais) para os clientes? Quanto tempo mais você pagará doze reais para receber em casa um livro que custa 30 reais?
Esqueça.
Ah, sua área não é marketing ou comunicação? Não faz mal. A marolinha também te pegou, é só olhar em volta.
Mas não foi a marolinha que começou a derrubar os pilares. Ela apenas jogou mais água nas fundações, abalando-as e terminando a destruição que começou muito antes, nos anos noventa.
Alguns pilares derrubados serão levantados outra vez. Mas agora mais finos. Mais leves. Mais baratinhos.
E muito menos gente poderá apoiar-se neles.
Luciano Pires
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http://www.lucianopires.com.br/idealbb/view.asp?topicID=11782

terça-feira, 9 de junho de 2009

Civilização ou "Sifilização"?


Gripe, pesticidas e transgênicos. Manifestações da crise civilizacional. A cada dia se torna mais difícil distinguir entre as mortes provocadas por agentes naturais externos e as mortes geradas no interior da sociedade industrial. As recorrentes pandemias que atingem a humanidade são resultantes de uma determinada matriz civilizatória industrial.
O artigo é de Victor M. Toledo, pesquisador do Instituto de Ecologia da Universidade Nacional Autônoma de México (UNAM), em artigo para o Página/12, 08-05-2009. A tradução é do Cepat.Eis o artigo.
Hoje, como no passado, a humanidade enfrenta uma nova pandemia de microorganismo, o qual, entretanto, não é senão uma fração de outra que se poderia chamar de suprema ou estrelar. A grande pandemia é sem dúvida a que nós mesmos, como espécie biológica provocamos nos últimos tempos. A espécie humana desafiou as leis do ecossistema.
De aproximadamente 1 bilhão de seres humanos que existiam em 1900 se passou aos 6 bilhões nesta década. Que planeta pode suportar essa insólita expansão? Do ponto de vista ecológico, manter essa gigantesca população significa travar permanentemente duríssima batalha contra os organismos que buscam se aproveitar desta situação anômala e, especialmente contra a gama conhecida de microorganismos: fungos, bactérias, vírus, retrovírus e viróides.
A grande pandemia, não é, entretanto, apenas demográfica, mas também diz respeito ao que podemos chamar de matriz civilizatória industrial, e inclui desde a visão moderna de mundo até aos desenhos tecnológicos e os mecanismos de acumulação implícitos ao desenvolvimento do capitalismo.
Não se pode apenas socorrer-se em Malthus, sem invocar Marx. O mundo de hoje necessita deter tanto o crescimento descomunal da população humana como transformar radicalmente o modelo de civilização. Hoje, os riscos não provêem unicamente de fora. A gripe estacional que a cada ano brota nos invernos dos dois hesmiférios tira a vida de 250 mil a 500 mil pessoas, é verdade, mas os carros matam anualmente 1 milhão de pessoas e os acidentes deixam entre 25 a 30 milhões de pessoas feridos a cada ano. Se a Aids mantém infectada a uma população estimada em 33 milhões de pessoas, das quais anualmente morrem 2 milhões, os pesticidas criados nos laboratórios químicos afetam, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a 2 milhões de pessoas e matam anualmente 200 mil.
A cada dia se torna mais difícil distinguir entre as mortes provocadas por agentes naturais externos e as mortes geradas no interior da sociedade industrial. As gripes, por exemplo, são enfermidades geradas por vírus que são criações naturais e industriais. Os vírus das gripes é o resultado da combinação endiabrada de formas que tem ido dos humanos às aves e aos porcos, do movimento entre esses últimos, e o do retorno aos humanos em ciclos dominados pelo acaso (as mutações) que se repetem silenciosamente e perigosamente por todo o planeta.
Este fenômeno se vê promovido e acentuado pela existência de gigantescos confinamentos mediante os quais a produção industrial gera os alimentos cárnicos (de aves, porcos, bovinos, etc). Os campos de concentração animal, que são cada vez mais a base da maquinaria industrial produtora de alimentos, que concentram milhões e centenas de milhões de animais para o seu sacrifício, são verdadeiros focos para a incubação, mutação e recombinação de vírus, como o da gripe.
E as cifras são impressionantes. A espécie humana mantém ao redor de dois bilhões de porcos, 85% dos quais estão na China, Europa e Estados Unidos. A cada semana as bocas humanas consomem 23 milhões de porcos, boa parta dos quais provêem de confinamentos massivos. Monopólios e monocultivos são duas formulações fortemente semelhantes desde o surgimento do capitalismo. Os coquetéis para a gestação de novas formas virais estão, pois, a luz do dia nas granjas industrializadas do mundo, não apenas dos porcos, mas das aves (a gripe aviária) e a dos bovinos (lembre-se do mal das vacas loucas).
O risco de enfermidade não apenas está ligado às cadeias alimentares (e aqui a necessidade de criar e ampliar sistemas agroecológicos de produção de alimentos sadios). Os diferentes ramos industriais geraram substancias tóxicas (apenas na Europa foram inventadas 40 mil) que estão demonstrando que são a causa, ou parte dela, de novas doenças, como certos tipos de câncer, alergias e estado de depressão imunológica. Entre eles, destacam-se os pesticidas, utilizados principalmente nos extensos campos de cultivo agroindustrial.
Define-se um pesticida como toda substância que serve para combater os parasitas e as doenças de cultivos, do gado, de animais domésticos, e mesmo do ser humano. Os pesticidas surgiram a partir da Segunda Guerra Mundial e são compostos químicos (DDT, organoclorados, organofosforados e carbomatos) elaborados para exterminar pragas e doenças que afetam as grandes concentrações humanas e as de suas plantas e animais domesticados. Não obstante, os pesticidas não apenas afetam a saúde humana, mas também geram impactos sobre os ciclos naturais e as espécies. A estranha extinção das abelhas em extensas regiões dos Estados Unidos e da China ao que parece foram provocada por estas substâncias.
O último desenho ligado aos extensos campos de cultivos agroindustriais são os organismos geneticamente modificados (alimentos transgênicos), que são criações derivados da biotecnologia e da genômica. Ainda não está demonstrado que causam dano a quem os consome, seu perigo potencial está no fato de que se trata de um novo tipo de contaminação: a genética, cujos efeitos são muito mais difíceis de detectar e controlar. Nessa situação, o ser humano, não Deus, joga com os dados da própria vida ao introduzir no mundo da natureza organismos que podem provocar mudanças inesperadas sobre as populações das espécies domesticadas e silvestres. No México, o caso do milho transgênico é um caso chave e dramático.
Os seres humanos estão metidos em uma encruzilhada, num turbilhão de riscos, que é o resultado do tamanho descomunal da população, a qual precisa se alimentar mediante formas (agroindustriais) que facilitam, por sua vez, a proliferação de patógenos, que contaminam e afetam a saúde humana e que ameaçam provocar transformações nunca antes vistas na estrutura genética dos organismos (transgênicos). Tudo isso é parte dessa grande pandemia na qual acabaremos chegando. Qual é a cura possível das infinitas pandemias que tem matado milhares?
Fonte: IHU

quinta-feira, 28 de maio de 2009

A crise que estamos esquecendo

Por Lya Luft
O tema do momento é a crise financeira global. Eu aqui falo de outra, que atinge a todos nós, mas especialmente jovens e crianças: a violência contra professores e a grosseria no convívio em casa. Duas pontas da nossa sociedade se unem para produzir isso: falta de autoridade amorosa dos pais (e professores) e péssimo exemplo de autoridades e figuras públicas.
Pais não sabem como resolver a má-criação dos pequenos e a insolência dos maiores. Crianças xingam os adultos, chutam a babá, a psicóloga, a pediatra. Adolescentes chegam de tromba junto do carro em que os aguardam pai ou mãe: entram sem olhar aquele que nem vira o rosto para eles. Cumprimento, sorriso, beijo? Nem pensar. Como será esse convívio na intimidade? Como funciona a comunicação entre pais e filhos? Nunca será idílica, isso é normal: crescer é também contestar. Mas poderíamos mudar as regras desse jogo: junto com afeto, deveriam vir regras, punições e recompensas. Que tal um pouco de carinho e respeito, de parte a parte? Para serem respeitados, pai e mãe devem impor alguma autoridade, fundamento da segurança dos filhos neste mundo difícil, marcando seus futuros relacionamentos pessoais e profissionais. Mal-amados, mal-ensinados, jovens abrem caminho às cotoveladas e aos pontapés.
Mal pagos e pouco valorizados, professores se encolhem, permitindo abusos inimagináveis alguns anos atrás. Uma adolescente empurra a professora, que bate a cabeça na parede e sofre uma concussão. Um menininho chama a professora de “vadia”, em aula. Professores levam xingações de pais e alunos, além de agressões físicas, cuspidas, facadas, empurrões.
Cresce o número de mestres que desistem da profissão: pudera. Em escolas e universidades, estudantes falam alto, usam o celular, entram e saem da sala enquanto alguém trabalha para o bem desses que o tratam como um funcionário subalterno. Onde aprenderam isso, se não, em primeira instância, em casa? O que aconteceu conosco? Que trogloditas somos – e produzimos –, que maltrapilhos emocionais estamos nos tornando, como preparamos a nova geração para a vida real, que não é benevolente nem dobra sua espinha aos nossos gritos? Obviamente não é assim por toda parte, nem os pais e mestres são responsáveis por tudo isso, mas é urgente parar para pensar.
Na outra ponta, temos o espetáculo deprimente dos escândalos públicos e da impunidade reinante. Um Senado que não tem lugar para seus milhares de funcionários usarem computador ao mesmo tempo, e nem sabia quantos diretores tinha: 180 ou trinta?
Autoridades que incitam ao preconceito racial e ao ódio de classes? Governos bons são caluniados, os piores são prestigiados. Não cedemos ao adversário nem o bem que ele faz: que importa o bem, se queremos o poder? Guerra civil nas ruas, escolas e hospitais precários, instituições moralmente falidas, famílias desorientadas, moradias sub-humanas, prisões onde não criaríamos porcos. Que profunda e triste impressão, sobretudo nos mais simples e desinformados e naqueles que ainda estão em formação. Jovens e adultos reagem a isso com agressividade ou alienação em todos os níveis de relacionamento. O tema “violência em casa e na escola” começa a ser tratado em congressos, seminários, entre psicólogos e educadores. Não vi ainda ações eficazes.
Sem moralismo (diferente de moralidade) nem discursos pomposos ou populistas, pode-se mudar uma situação que se alastra – ou vamos adoecer disso que nos enoja. Quase todos os países foram responsáveis pela gravíssima crise financeira mundial. Todos os indivíduos, não importa a conta bancária, profissão ou cor dos olhos, podem reverter esta outra crise: a do desrespeito geral que provoca violência física ou grosseria verbal em casa, no trabalho, no trânsito. Cada um de nós pode escolher entre ignorar e transformar. Melhor promover a sério e urgentemente uma nova moralidade, ou fingimos nada ver, e nos abancamos em definitivo na pocilga.

terça-feira, 12 de maio de 2009

A crise!


"Não pretendemos que as coisas mudem, se sempre fazemos o mesmo. A crise é a melhor benção que pode ocorrer com as pessoas e países, porque a crise traz progressos. A criatividade nasce da angústia, como o dia nasce da noite escura. É na crise que nascem as invenções, os descobrimentos e as grandes estratégias. Quem supera a crise, supera a si mesmo sem ficar "superado".
Quem atribue à crise seus fracassos e penúrias, violenta seu próprio talento e respeita mais aos problemas do que às soluções. A verdadeira crise, é a crise da incompetência. O inconveniente das pessoas e dos países é a esperança de encontrar as saídas e soluções fáceis. Sem crise não há desafios, sem desafios, a vida é uma rotina, uma lenta agonia. Sem crise não há mérito. É na crise que se aflora o melhor de cada um. Falar de crise é promovê-la, e calar-se sobre ela é exaltar o conformismo. Em vez disso, trabalhemos duro. Acabemos de uma vez com a única crise ameaçadora, que é a tragédia de não querer lutar para superá-la.”
Esse texto recebi por e-mail atribuindo a sua autoria a Einstein, em 1929.

terça-feira, 17 de março de 2009

A manada


Othon Moacyr Garcia foi um filólogo, lingüista, ensaísta e crítico literário brasileiro. Em um de seus trabalhos escreveu que "ainda quecometamos um número infinito de erros, só há, na verdade, do ponto de vista lógico duas maneiras de errar: erramos raciocinando mal comdados corretos ou raciocinando bem com dados falsos."
Vivemos numa sociedade em que a maior fonte de informação é a mídia que apresenta os dados superficialmente, conforme seus interesses.Fiar-se numa fonte assim é um risco.Por outro lado a capacidade intelectual da sociedade tem sido reduzida num processo de emburrecimento infinito. Vivemos cada vez mais numamanada, copiando as decisões que o bovino ao lado tomou. Surge então uma terceira maneira na equação de Othon Garcia: raciocinar mal com dados falsos...
Dentro da manada fazemos perguntas erradas, recebemos respostas erradas, realizamos diagnósticos errados e tomamos as ações erradas. Some-sea isso um altíssimo grau de cagaço e pronto! Olhe em volta!
Um amigo foi comprar um automóvel. Um Ford KA. Na concessionária, a informação: 45 dias para entrega. Não tem carro em estoque...A Volkswagen, que no fim de 2008 cancelou o pagamento de horas-extras e concedeu férias coletivas escalonadas para seus 22 mil empregados,vai convocar sete mil funcionários para turno extra de trabalho no final de semana. Ela precisa adequar o volume de produção à demanda, quecresceu rapidamente. A situação nas demais montadoras não é diferente: ou você se adapta ao que tem na concessionária ou espera até sessentadias.Enquanto isso o segmento de carros importados ri à toa: saltou de 13,2% de participação de mercado em novembro para quase 20% em janeiro.
Se tudo andar mal com a indústria automotiva brasileira, voltaremos em 2009 aos patamares de 2007... Que foi simplesmente o segundo melhorano da história dessa indústria no Brasil.
Que raio de crise é essa?
É a crise do pensamento estratégico, que morreu. Só restou o tático. Típico de manadas.
Deixe-me esclarecer com um exemplo simples: um arquiteto desenha um prédio maluco. É preciso que um engenheiro faça os cálculos estruturaispara o prédio ficar em pé. E então os pedreiros erguem o edifício conforme os planos.A visão (objetivo) do arquiteto é sustentada pela técnica (estratégia) do engenheiro que é tornada realidade pela execução (tática) dospedreiros. Estratégia sem objetivo é desperdício. Execução sem estratégia é um desastre. O muro ficará torto e o prédio vai cair. E, se nãocair, provavelmente terá custado infinitamente mais do que se seguisse uma estratégia.
A miséria intelectual, a asinidade estratégica e a vida em manada acabaram com os "arquitetos" na virada do milênio. E agora o cenário decrise está acabando com os "engenheiros". Só restam "mestres de obra" e "pedreiros". Atenção para as aspas, por favor.
Decisões? Só para curto prazo, para coisas que podem ser medidas e vistas. E dá-lhe simplismo. Tem que reduzir custo? Mande o povo embora.Corte os investimentos em comunicação. Transfira o poder para o departamento de compras, que vai escolher o mais baratinho. Deixe o dinheirono banco que é mais seguro...
Infelizmente ninguém jamais medirá o custo dessas decisões. Eles não cabem numa planilha. E se coubessem a manada não entenderia.
Pois alguém já disse que "nenhum de nós é tão burro quanto a soma de todos nós."
Nunca na história deste país vi uma verdade mais absoluta.
Luciano Pires
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sábado, 24 de janeiro de 2009

Você está despedido!


Você é diretor de uma indústria de geladeiras. O mercado vai de vento em popa e a diretoria decidiu duplicar o tamanho da fábrica. No meio da construção, os economistas americanos prevêem uma recessão, com grande alarde na imprensa. A diretoria da empresa, já com um fluxo de caixa apertado, decide, pelo sim, pelo não, economizar 20 milhões de dólares. Sua missão é determinar onde e como realizar esse corte nas despesas.
Esse é o resumo de um dos muitos estudos de caso que tive para resolver no mestrado de administração, que me marcou e merece ser relatado. O professor chamou um colega ao lado para começar a discussão. O primeiro tem sempre a obrigação de trazer à tona as questões mais relevantes, apontar as variáveis críticas, separar o joio do trigo e apresentar um início de solução.
"Antes de mais nada, eu mandaria embora 620 funcionários não essenciais, economizando 12 200 000 dólares. Postergaria, por seis meses os gastos com propaganda, porque nossa marca é muito forte. Cancelaria nossos programas de treinamento por um ano, já que estaremos em compasso de espera. Finalmente, cortaria 95% de nossos projetos sociais, afinal nossa sobrevivência vem em primeiro lugar". É exatamente isso que as empresas brasileiras estão fazendo neste momento, muitas até premiadas por sua "responsabilidade social".
Terminada a exposição, o professor se dirigiu ao meu colega e disse:
-Levante-se e saia da sala.
-Desculpe, professor, eu não entendi - disse John, meio aflito.
-Eu disse para sair desta sala e nunca mais voltar. Eu disse: PARA FORA! Nunca mais ponha os pés aqui em Harvard.
Ficamos todos boquiabertos e com os cabelos em pé.
Nem um suspiro. Meu colega começou a soluçar e, cabisbaixo, se preparou para deixar a sala. O silêncio era sepulcral. Quando estava prestes a sair, o professor fez seu último comentário:
-Agora vocês sabem o que é ser despedido. Ser despedido sem mostrar nenhuma deficiência ou incompetência, mas simplesmente porque um bando de prima-donas em Washington meteu medo em todo mundo. Nunca mais na vida despeçam funcionários como primeira opção. Despedir gente é sempre a última alternativa.
Aquela aula foi uma lição e tanto. É fácil despedir 620 funcionários como se fossem simples linhas de uma planilha eletrônica, sem ter de olhar cara a cara para as pessoas demitidas. É fácil sair nos jornais prevendo o fim da economia ou aumentar as taxas de juros para 25% quando não é você quem tem de despedir milhares de funcionários nem pagar pelas conseqüências. Economistas, pelo jeito, nunca chegam a estudar casos como esse nos cursos de política monetária.
Se você decidiu reduzir seus gastos familiares "só para se garantir", também estará despedindo pessoas e gerando uma recessão. Se todas as empresas e famílias cortarem seus gastos a cada previsão de crise, criaremos crises de fato, com mais desemprego e mais recessão. A solução para crises é reservas e poupança, poupança previamente acumulada.
O correto é poupar e fazer reservas públicas e privadas, nos anos de vacas gordas para não ter de despedir pessoas nem reduzir gastos nos anos de vacas magras, conselho milenar. Poupar e fazer caixa no meio da crise é dar um tiro no pé. Demitir funcionários contratados a dedo, talentos do presente e do futuro, é suicídio.
Se todos constituíssem reservas, inclusive o governo, ninguém precisaria ficar apavorado, e manteríamos o padrão de vida, sem cortar despesas. Se a crise for maior que as reservas, aí não terá jeito, a não ser apertar o cinto, sem esquecer aquela memorável lição: na hora de reduzir custos, os seres humanos vêm em último lugar.
Stephen Kanitz
Artigo Publicado na Revista Veja, edição 1726, ano 34, nº45, 14 de Novembro de 2001.
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terça-feira, 13 de janeiro de 2009

A crise


Um homem vivia à beira de uma estrada e vendia cachorros quentes. Ele não tinha rádio, televisão e nem lia jornais, mas produzia e vendia bons cachorros quentes.
Ele se preocupava com a divulgação do seu negócio e colocava cartazes pela estrada, oferecia o seu produto em voz alta e o povo comprava.
As vendas foram aumentando e, cada vez mais, ele comprava o melhor pão e a melhor salsicha. Foi necessário também adquirir um fogão maior para atender uma grande quantidade de fregueses.
O negócio prosperava ... seu cachorro quente era o melhor de toda região!
Vencedor, ele conseguiu pagar uma boa escola para o filho. O menino cresceu e foi estudar economia numa das melhores faculdades do país.
Finalmente, já formado, voltou para casa, notou que o pai continuava com a vidinha de sempre e teve uma séria conversa com ele :
- pai, então você não ouve radio? Você não vê televisão e não lê os jornais? Há uma grande crise no mundo. A situação do nosso país é crítica. Está tudo ruim. O Brasil vai quebrar.
Depois de ouvir as considerações do filho doutor, o pai pensou: bem, se meu filho que estudou economia, lê jornais , vê televisão, acha isto, então só pode estar com a razão.
Com medo da crise, o pai procurou um fornecedor de pão mais barato (e, é claro, pior) e começou a comprar salsichas mais baratas (que eram, também, piores). Para economizar, parou de fazer cartazes de propaganda na estrada. Abatido pela noticia da crise já não oferecia o seu produto em voz alta.
Tomadas essas "providências", as vendas começaram a cair e foram caindo, caindo e chegaram a níveis insuportáveis. O negócio de cachorros quentes do velho, que antes gerava recursos até para fazer o filho estudar economia na melhor escola, quebrou.
O pai, triste, então falou para o filho:
- "você estava certo, meu filho, nós estamos no meio de uma grande crise."
E comentou com os amigos, orgulhoso:
- "Bendita a hora em que eu fiz meu filho estudar economia, ele me avisou da crise ..."
Grande lição:
"vivemos em um mundo contaminado por más notícias e, se não tomarmos o devido cuidado, elas nos influenciarão a ponto de roubarem a prosperidade de nossas vidas."
(Desconheço a autoria)
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sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Um ponto de vista sobre a crise


"Vou fazer um slideshow para você. Está preparado?
É comum, você já viu essas imagens antes. Quem sabe até já se acostumou com elas.
Começa com aquelas crianças famintas da África. Aquelas com os ossos visíveis por baixo da pele. Aquelas com moscas nos olhos. Os slides se sucedem. Êxodos de populações inteiras. Gente faminta. Gente pobre. Gente sem futuro.
Durante décadas, vimos essas imagens. No Discovery Channel, na National Geographic, nos concursos de foto. Algumas viraram até objetos de arte, em livros de fotógrafos renomados.
São imagens de miséria que comovem. São imagens que criam plataformas de governo. Criam ONGs. Criam entidades. Criam movimentos sociais.
A miséria pelo mundo, seja em Uganda ou no Ceará, na Índia ou em Bogotá sensibiliza.
Ano após ano, discutiu-se o que fazer. Anos de pressão para sensibilizar uma infinidade de líderes que se sucederam nas nações mais poderosas do planeta.
Dizem que 40 bilhões de dólares seriam necessários para resolver o problema da fome no mundo. Resolver, capicce? Extinguir. Não haveria mais nenhum menininho terrivelmente magro e sem futuro, em nenhum canto do planeta.
Não sei como calcularam este número. Mas digamos que esteja subestimado. Digamos que seja o dobro. Ou o triplo. Com 120 bilhões o mundo seria um lugar mais justo.
Não houve passeata, discurso político ou filosófico ou foto que sensibilizasse. Não houve documentário, ONG, lobby ou pressão que resolvesse.
Mas em uma semana, os mesmos líderes, as mesmas potências, tiraram da cartola 2.2 trilhões de dólares (700 bi nos EUA, 1.5 tri na Europa) para salvar da fome quem já estava de barriga cheia."
Texto atribuído ao Vice-Presidente de Criação e sócio da Bullet, Muniz Neto, sobre a crise mundial.
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Não sei a que ponto esses números estão corretos. Porém, se for isso, não estaríamos cometendo o maior dos maiores entre todos os pecados? Não seria a atitude mais confrontante da ética global? E por que ninguém divulga isso?
Bem, ou isso não confere com a verdade, ou a realidade é que somos a espécie viva mais repugnante do planeta. Pense sobre isso. E, se por acaso souber de outra realidade, de outros números, por favor traga para o debate!
Seja como for, a máxima que tenho insistido há um bom tempo, a de que "tudo está baixo do poder econômico", infelizmente é mais verdadeira que eu próprio imaginara!
Reflitamos, indignamo-nos, sim, mas e a atitude?
Carlos Roberto Sabbi
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