sexta-feira, 14 de novembro de 2008

A finalidade da ética


A finalidade da ética é a felicidade humana

Por Suzana Albornoz

Embora não saibamos ao certo como foi-se formando a estrutura que apresentam hoje os três livros de Aristóteles sobre as questões da ação humana – Etica a Eudemo, Etica a Nicômacos e a Grande Ética - , parece sem dúvida a autenticidade das idéias apresentadas na Ética a Nicômacos (ou Ética Nicomaqueia), um dos tratados de ética mais argutos de todos os tempos e ainda hoje muito atual. Antes de mais nada, Ética a Nicômacos é uma teoria da felicidade, ou uma filosofia moral com vistas à felicidade humana.

Para Aristóteles, parece claro que todos os homens buscam, que todos buscamos a felicidade. Este é o bem supremo a que todos almejam e sobre isto todos concordam. Já sobre os caminhos para alcançá-lo, é difícil o acordo. Alguns homens buscam a felicidade através dos prazeres e do conforto; outros, a buscam através das riquezas; ainda outros, procuram ser felizes através das honras - nos termos de hoje, diríamos, através do status, do prestígio, da fama e do poder que lhe é associado.

Mas se pensarmos bem e meditarmos com vagar sobre o assunto, veremos que a vida virtuosa é a única que possibilita o bem-estar; para ser feliz é condição ser virtuoso, pois o ser virtuoso que possibilita a felicidade significa ter desenvolvido o senso de medida em tudo o que se faz. A virtude se identifica, pois, como “justo meio” entre dois extremos ou dois vícios: um, por excesso, o outro, por falta. A prudência ou ponderação é, pois, condição de toda virtude e, em consequência, da felicidade.

A reflexão filosófica sobre a virtude e sobre a justiça, segundo Aristóteles, nos esclarece que o bem mais adequado para garantir a felicidade aos homens, porque o mais de acordo com a natureza humana e o menos dependente de circunstâncias exteriores e bens materiais, é a própria atividade teorética ou contemplação, atividade do pensamento, a filosofia, que permite a ponderação e a prudência, raiz da virtude e da felicidade. E assim se tece a rede e o novelo se enovela aparentemente de modo definitivo.

A autora é Doutora em Filosofia pela UFMG, professora do Departamento de Ciências Humanas da UNISC. suzanaa@unisc.br

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