sábado, 15 de novembro de 2008

Quando o livre-arbítrio se curva ao ego

(Ronaldo Tikhomiroff )
O caminho que o ser humano deve percorrer durante sua vivência na Terra é definido, a cada momento, pelo seu livre-arbítrio. Uma qualidade que só ele possui e que deve escolher o passo seguinte a ser dado. Quando uma situação se apresenta, esta não acontece ao acaso, porém é o livre-arbítrio do homem que deve decidir sobre sua solução.
Sempre que uma situação, nova ou não, é apresentada ao ser humano, inicia-se um conflito entre sua mente (razão e emoção) e sua intuição. Sua mente, facilmente manipulável, é alimentada por seu ego, o qual, dependendo de seu poder sobre o indivíduo, deturpa e desvia sua decisão de maneira a melhor satisfazê-lo. São os indivíduos comandados pelo ego, onde o bem material, de qualquer nível ou natureza, está sempre à frente de qualquer bem espiritual.
Aí está o porque da existência do livre-arbítrio. Para que o homem possa crescer ele deve ouvir sua intuição mais profunda, seu Eu Interno, o qual é imune às emoções da matéria e à lógica humana, tão pequena e tão ilógica. À medida que o homem passa a decidir sua vida ouvindo sua intuição, o caminho do crescimento espiritual vai sendo traçado e tudo passa a fluir sem maiores obstáculos. Cada problema que surge é resolvido de uma só vez, nada restando para ser resgatado no futuro. Em contrapartida, as decisões tomadas pela mente material sempre deixam resquícios do problema mal-resolvido, provocando seu retorno até ser definitivamente solucionado.
As decisões tomadas a partir do Eu Interno, onde o livre-arbítrio humano se curva à sua intuição e não à sua mente material, produzem uma sensação de conforto e bem-estar ímpares. Seria o verdadeiro "estar de bem com sua consciência". Por outro lado, as decisões oriundas da mente, onde o livre-arbítrio se curva, por ser fraco, ao ego humano, somente produz uma massagem de prazer, tão peculiar ao nosso ego.
A nossa vinda à vida terrena não acontece como um mero acaso biológico ou químico. A matéria envolvida no processo serve, por um lado para nos dar abrigo material à nossa essência, por outro para nos permitir cumprir nossas tarefas através dos conflitos entre os apelos materiais fabricados por nosso ego e o nosso Eu Interno. Tais conflitos devem ser resolvidos por nosso livre-arbítrio, onde as soluções de nível material são, invariavelmente, díspares da intenção de crescimento espiritual. Não existiria o bem sem a existência do mal. Tal qual o Yin - Yang da cultura oriental, o equilíbrio no crescimento espiritual do homem é atingido quando, tendo por referência o plano material, seu livre-arbítrio escolhe sua intuição, seu vínculo com o plano espiritual.
De nada valeria uma decisão, qualquer que fosse, onde somente um lado se apresentasse: afinal, não haveria decisão nenhuma e, portanto, não haveria crescimento em nosso atual estágio de evolução. Um estágio onde o apelo material se faz necessário, onde o desapego ao bem material torna-se valoroso e imprescindível para nosso crescimento. Para exercitarmos o desapego é necessária a existência do apelo material. São necessárias as armadilhas de nosso ego. Porém, mais que tudo, é necessário aprendermos a ouvir nossa voz interior, nosso canal com o Plano Superior.
Sempre que uma situação nos é apresentada, por mais tola que nos pareça, um exercício de desapego nos está sendo solicitado. É a hora de colocarmos em prática o bom uso de nosso livre-arbítrio e procurarmos em nosso íntimo a decisão correta. Os apelos materiais sempre estarão presentes. Nosso ego, por mais puro que possa nos parecer, também estará provocando nossas emoções e nossa razão para lhe darmos um pouco de alimento. Antes de nos deixarmos tomar por uma decisão, por mais pensada que nos pareça, não deixemos de ouvir nosso Eu Interno. Se ele estiver aquietado, se ele não se manifestar, nossa mente estará livre para decidir. Caso contrário, ele por certo se manifestará e nos mostrará o caminho correto. Cabe a nós estarmos abertos para perceber sua manifestação, sem permitir a interferência de nossa mente, já poluída e doente.
Se permitirmos que nosso livre-arbítrio se curve a nosso ego, certamente estaremos deixando passar uma oportunidade de exercitarmos nossa tarefa mais elevada. Estaremos sucumbindo aos apelos danosos da matéria e, por certo, estaremos dando o passo errado. Por mais que prejudiquemos a nosso próximo, os maiores prejudicados seremos nós mesmos, pois não estaremos satisfazendo a expectativa de nosso Criador... infelizmente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seguidores

Visualizações nos últimos 30 dias

Visitas (clicks) desde o início do blog (31/3/2007) e; usuários Online:

Visitas (diárias) por locais do planeta, desde 13/5/2007:

Estatísticas