segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O Simbolismo Maçônico de Pinóquio

Carlo Collodi escreveu em 1882 um livro chamado As Aventuras de Pinóquio, no qual conta a história de um velho mestre artesão que construiu um boneco de madeira.

Essa história simples é salpicada com considerações de ordem moral e da evolução da pessoa, que faz da história um relato iniciático, em que Pinóquio se vai desprendendo de seus muitos defeitos até se tornar um verdadeiro ser humano, uma criança nesse caso.

Poucas pessoas sabem que o Pinóquio, o boneco de madeira, saiu da mente e da criatividade do escritor italiano Carlo Collodi, não é um conto de fadas. Na verdade, é um romance, mas sua trama infantil suspeita é nada mais do que o veículo por meio do qual Collodi destina-se a entregar uma mensagem profundamente espiritual, iniciática, esotérica, de desenvolvimento pessoal.

Na verdade, a primeira coisa que gostaria de salientar é que o autor, Carlo Collodi, foi um membro da Ordem Maçônica, uma instituição que guarda e estuda as antigas tradições herméticas atribuídas a Hermes Trismegistus e é considerada a mais importante instituição esotérica hoje. Walt Disney, que essa história imortaliza no filme de animação e cujos desenhos representam mais do que qualquer outro o boneco e os outros personagens, também foi um Irmão maçom.

No contexto conturbado da reunificação italiana, liderada por outro Irmão, José Garibaldi, Collodi escreveu As Aventuras de Pinóquio, publicado em 1882. Uma análise superficial do trabalho revela uma apologia para a educação e uma denúncia do vício e da ociosidade. Ideais próprios da cultura ocidental, mas são inevitáveis mandatos para encomendas para as ordens esotéricas.

Vamos rever a história e marcar em negrito algumas palavras que são muito esclarecedoras do ponto de vista esotérico e maçônico em particular: Gepetto, um velho mestre que usa o avental, sempre sonhou em ter uma criança, de modo que, ao ver brilhar no céu a Estrela Azul fervorosamente pediu que seu desejo fosse concedido (esse é entrar em contato com um maior nível de consciência).

Naquela noite, enquanto dormia Gepetto, apareceu a Fada Azul e deu vida ao boneco e o advertiu a se comportar bem para se tornar um menino de verdade (o compreendemos a partir da ideia de ser um homem de verdade, outra ideia inspiradora das escolas de iniciáticas). Para aconselhamento sobre seu comportamento chamou o Grilo Falante como sua consciência (o trabalho consciente de desenvolvimento pessoal é também um ideal hermético).

Não nos esqueçamos de que Pinóquio foi trabalhado à mão pelo carpinteiro que o elaborou a partir de um pedaço de madeira, criando mesmo um boneco muito bom, graças ao seu esforço (na Maçonaria se trabalha para dar forma a uma pedra).

Os fios que movem o destino dos bonecos são semelhantes aos fios do destino que movem as pessoas, daqui para lá e vice-versa quando desenvolvemos a consciência. Assim, então, Pinóquio com falta de consciência e surdo aos ensinamentos do Grilo Falante (outro mestre) provou ser amoral e estúpido.

Poderia dizer que Pinóquio estava vivo, mas ainda não tinha livre arbítrio, estava dormindo, não usava a sua consciência, desconhecia o sendero da virtude e a libertação, foi uma espécie de “morto vivo”.

O esoterismo ensina que, infelizmente, a maioria dos seres humanos são como Pinóquio, eles seguem o caminho mais fácil e não sabem que existe algo melhor, algo que nos conecta com níveis mais elevados de consciência.

Um pesquisador maçônico, que estudou o assunto, disse: “A verdade é que existem apenas dois tipos de homens em todo o mundo: os poucos que já perceberam o esquema divino poderoso, e as imensas massas que ainda não o conhece. Os últimos vivem para eles mesmos, e estão muito escravizados por suas paixões; os primeiros vivem para Deus e para a evolução, que é a Sua vontade, e independe se são chamados Budistas ou hindus, muçulmanos ou cristãos, ou pensadores judeus.

Pinóquio é o escravo de seus “eus”, esse é um ego hipertrofiado produto de distintos vícios que foram acumulados. Suas mentiras fazem crescer o nariz e as orelhas de burro depois. Essa é uma alegoria física de todos os agregados psíquicos que o acompanham.

Uma e outra vez, Pinóquio, pela lei de causa e efeito, sofre as consequências de suas más ações, que o conduzem a uma vida desgraçada, em que o boneco paga com o sofrimento do karma que há sido gerado. Quando a vida de Pinóquio não poderia ser mais insuportável, é engolido por uma baleia.

Esse episódio, que evoca claramente a história bíblica de Jonas, vem a ser no simbolismo maçônico da câmara de reflexões que representa a descida ao centro da terra.

Que viveu até o próprio Jesus, se acreditarmos nas palavras de Mateus 12:40: “Pois assim como Jonas esteve no ventre do grande peixe por três dias e três noites, assim estará o Filho do Homem no seio da terra três dias e três noites “.

Não se esqueça de que o Filho do homem, também, como o Pinóquio, o filho de um mestre carpinteiro.

Como acontece com qualquer tradição esotérica válida é a morte mística; à luz de uma vela, Pinóquio medita sobre o seu destino e decide mudar, deixando para trás seu passado de inconsciência. Finalmente o boneco é expelido pela baleia para o mar, onde a água atua como um purificador, limpando interna e externamente a Pinóquio.

Diz-se que quando alguém está imerso em uma corrente de água, renasce para uma nova vida. Essa prática é comum em muitas tradições religiosas e do batismo cristão. Maçônicamente tem a ver com a lenda do terceiro grau e o Mar de bronze.

Pinóquio, no entanto, não sobrevive à fúria do oceano e, finalmente, se afoga. Essa morte do boneco equivale à morte mística do profano ao ser iniciado. Nas palavras do Evangelho lembra a sentença que está em João 3:3-10: “Em verdade te digo que se alguém não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus (…) quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus”.

Ao retornar à vida, Pinóquio vai para um estado mais elevado, que vai adquirir uma humanidade plena (para ser um menino de verdade). Vale a pena ver “Pinóquio” e descobrir o profundo conteúdo simbólico e iniciático desse trabalho. Especialmente recomendado para aqueles que pertencem a instituições herméticas filosófica como a Ordem Maçônica, Rosa Cruz, Gnósticos, Teosófica, Antroposófica Biosófica, Metafísicas e similares.

Mas para o resto dos mortais, que tentamos manter uma vida digna, enquadrada nos limites morais mais ou menos estáveis, a aventura de Pinóquio também tem muito a dizer, sobretudo porque o boneco se parece muito como nós somos. Podemos dizer o quanto a história de Pinóquio corresponde à evolução dos seres humanos para alcançar a plena realização da “humanidade”, como seres humanos completos e particularmente com a nossa própria evolução como maçons.

Autor

Texto extraído do Grupo Tempo de Estudos/SP

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