Santo Agostinho, acerca do tempo, diz que, se não for questionado à respeito, ele sabe o que é, mas, se for perguntado, já não sabe mais.
Esta afirmação significa que, de uma forma intuitiva, vivenciamos e sabemos o que é o tempo, porém, quando somos questionados e temos que formular uma resposta, notamos que o seu sentido, aparentemente compreendido como algo natural, foge à nossa razão, nos obrigando a procurá-lo sabe-se lá em quais profundas reflexões.
Creio que definir o que é um amigo é mais ou menos como isso. Não se descreve as qualidades de um amigo como quem fala de uma banana. Não dá para dizer que um amigo possua este ou aquele tamanho, se porte desta ou daquela maneira.
Em outras palavras, não existe nem perfil para o enquadrarmos, nem manual que nos ensina a ser amigos dos outros.Amigo é a família que escolhemos. É um monte de risadas, choros, ansiedades, medos, frustrações e vitórias, compartilhadas e divididas de forma desigual. Isto mesmo, desigual!
Com os amigos não existem princípios de justiça ou eqüidade, eles não são necessários. Às vezes se come o pedaço maior, às vezes não. Umas vezes entramos com as lágrimas, outras com o ombro. Às vezes se dá a vida inteira para se receber uma só vez, justamente naquela hora que era mais preciso.
Com amigos não existe contabilidade, todo mundo é meio pai, meio mãe, meio irmão e meio aquele cunhado chato.
Ninguém faz poupança da amizade, tudo é na hora. Amizade é coisa do presente. Amigo no passado é saudade. Amigo no futuro é outra coisa, mas não amigo.
Amizade é aquela capacidade de quebrar o maior dos paus para depois de algum tempo juntar os caquinhos e esquecer, pensando que era tudo bobagem mesmo.
É ficar anos sem se ver e parecer que nunca estivemos separados. É contar e recontar dúzias de vezes aquelas velhas histórias e achar isto o máximo. É vibrar quando as coisas dão certo e não é com a gente. É comprar a briga que não é nossa. É admirar, respeitar e, nem por isso, perdoar quando o outro deixa a bola quicando. É saber entender mesmo quando não se entende nada do que está acontecendo. É carregar o outro quando ele bebe demais e ainda dar risada. É xingar e falar as verdades, por mais que elas doam.
Amizade não é troca, não é escambo, não é negócio. É uma plantinha que devemos regar e cuidar. Dar sol, conversar, trocar de vaso de vez em quando, elogiá-la, botar uma música para ela e, no final das contas, reconhecer que o maior bem que ela nos faz é que quando a contemplamos um sorriso brota nos nossos lábios.
Feliz Dia do Amigo
Robledo
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