Por Floriano Serra * O aprendizado humano é obtido através da vivência, dos sentimentos e dos estudos - e esse processo dura a vida toda. A cada instante, novas descobertas e invenções somam-se àquelas que já conhecemos. Assim, em matéria de evolução, há um ponto de partida – mas não há um ponto de chegada. Pablo Casals, famoso maestro e violoncelista espanhol, aos 95 anos ainda praticava no seu instrumento 6 horas por dia, porque julgava sabiamente que ainda tinha muito que aprender... O aprendizado humano é contínuo, mas, por mais que se esforce, ninguém jamais obtém mestrado na escola da vida. Essa graduação é reservada aos Sábios e Iluminados – e estes são raros. Quando muito, podemos nos tornar especialistas, mas essa categoria, apesar de importante, é insuficiente para nos tornar Sábios e Iluminados. A condição de eternos aprendizes nada tem de pejorativa. O aprendizado constante é bom, é estimulante, nos atualiza e assim nos habilita a interagir com os novos desafios e com as permanentes mudanças com muito mais habilidade e competência. Portanto, em matéria de Vida, somos todos Estagiários – estamos sempre aprendendo, estudando, experimentando, observando. Numa empresa, o Estagiário sabe que um dia concluirá sua graduação acadêmica e terá possibilidade de ser efetivado, dando início, assim, ao seu desenvolvimento profissional. Na vida, o Estagiário não se forma jamais. Tem aulas práticas todo dia, é submetido a testes a cada instante e nunca tira férias – mas jamais conclui sua graduação. Cabe-lhe apenas insistir e continuar na busca da excelência como pessoa. É assim que é formado nosso aprendizado, nossa maturidade. Esta introdução tem por objetivo chegar ao ponto principal deste artigo que é conduzir o leitor a uma reflexão sobre questões como humildade, simplicidade e imperfeição humana. Estou falando do oposto da arrogância, da empáfia e da síndrome do "sabe-tudo", posturas totalmente inadequadas nas duas formas de estágios – na empresa e na vida. As mais maravilhosas coisas da vida são simples. Tome-se a Sabedoria como exemplo. Quem faz alarde dos seus conhecimentos e da sua cultura não está sendo sábio, assim como aquele que faz alarde da sua beleza, paixão, riqueza ou poder. A verdadeira Sabedoria repousa na serenidade da autoconfiança – e esta é para consumo interno. Não precisa de trombetas nem de marketing, externo pois sua maior audiência, aquela a quem verdadeiramente deve satisfações, é seu próprio coração e sua consciência. Talvez por desconhecer esses princípios simples, é que, no contexto de trabalho, há quem goste de ter e exibir conhecimento supremo. É aquele profissional que não compartilha decisões; que não pede opiniões e sugestões; que acha que tem todas as respostas e soluções; que, enfim, julga que nada mais tem a aprender e por isso não sabe perguntar nem ouvir. Puro engano!...Muitos empresários se surpreenderiam se dessem aos colaboradores simples e iniciantes oportunidades reais de se manifestarem. Algumas vezes a inexperiência é o caminho para soluções inovadoras, pois não está condicionada pela "experiência" ou pelo vício do "sempre-se-fez-assim"... Alguém já disse que a única coisa constante na vida e no trabalho são as mudanças. Elas acontecem a todo instante, em todas as situações. Justamente por isso, a ninguém é dado o privilégio da palavra final, do conhecimento absoluto – pois no minuto seguinte poderão existir novas alternativas de ação. Se isto é fato, somos mesmo Estagiários da vida, eternos aprendizes. E essa consciência deveria nos levar a agir com muito mais simplicidade e humildade nas relações – em qualquer esfera e em qualquer nível, no trabalho ou em casa. Isso tanto vale para pais e filhos, quanto para líderes e liderados. Muitos conflitos interpessoais deixariam de existir se cada um adotasse a atitude humilde de admitir que possa estar errado, por mais certo que julgue estar. Num estagiário de empresa, essa atitude é fundamental para que possa aprender com harmonia. Num estagiário da vida, essa atitude é fundamental para que possa sobreviver com Sabedoria. *Floriano Serra é psicólogo, diretor de RH e Qualidade de Vida da APSEN Farmacêutica, autor dos livros "A Empresa Sorriso" e "A Terceira Inteligência" (Editora Butterfly).
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