Na hora da raiva, das bravas, qual é o primeiro xingamento que lhe vem à cabeça? Em geral, nesses momentos o ser humano não é criativo e invoca diferenças de comportamento sexual, de origem familiar ou de grupo étnico. Pois o treinamento da aceitação das diferenças deve começar exatamente por aí. De todas as virtudes do campo da civilidade, a TOLERÂNCIA é a que mais exige autoaprendizagem. Quem acha que nunca, jamais conseguirá cumprimentar um torcedor do time adversário pode começar com coisas mais simples, como não ter espasmos visíveis diante do abuso do gerúndio ou prometer a si mesmo ao sair de casa que pelo menos naquele dia não vai comparar nenhuma mulher à fêmea de uma famosa ave natalina. "Tolerância tem a ver com comportamentos diferentes daqueles que valorizamos e pelos quais temos repugnância. Exercê-la é importante não só para a convivência social como para a sanidade mental", diz Bolívar Lamounier.
O fato
Fabio Motta/AE
Não é qualquer um que consegue fazer o país inteiro se solidarizar com um integrante do governo. Mas também não é qualquer um que usa o palavreado do governador de Mato Grosso do Sul, ANDRÉ PUCCINELLI, em relação ao ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc: "Ele é v... e fuma maconha. Se viesse aqui, eu ia correr atrás dele e estuprar em praça pública". Para piorar, veio depois o típico pedido falso de desculpas: "Se alguém se sentiu ofendido...". Desafio aos tolerantes urbanos: não achar que todo produtor rural é um brutamontes destruidor da natureza.
A análise
"O governador foi desmascarado em seus preconceitos mais bestiais. Em um momento em que se luta tanto contra discriminações, sejam elas de gênero, sejam sociais, o governador mostrou que não tem equilíbrio mental nem competência profissional para estar no cargo que ocupa", fulmina o cientista político Gaudêncio Torquato.
Original no site:
http://veja.abril.com.br/041109/pequeno-manual-civilidade-p-108.shtml
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