sexta-feira, 16 de julho de 2010

O Agente Penitenciário

Esse e-mail foi escrito e enviado por Gustavo Furhmann,ex diretor da Penitenciaria Regional de Caxias do Sul (PRCS),onde alguns colegas foram acusados de abusos,mas não de omissão muito menos corrupção,pra quem não estava lá,mas por esse breve relato e pelo texto vai poder entender o que passamos lá, serei sempre HOMEM e AGENTE PENITENCIÁRIO e terei orgulho disso. A injustiça ecoa mais forte naqueles que são acostumados a crer na justiça.

---------- Mensagem encaminhada ----------
De: Gustavo Fuhrmann
Data: 26 de abril de 2010 01:17
Assunto: lanceiros negros

... foi triste constatar, na metade da batalha, que somente o nosso pelotão ainda combatia... Onde foram parar todos aqueles que "pagaram a missão" e que deveriam estar lutando ao nosso lado? A soldadesca ficou perdida...

Passividade, decisões equivocadas, linhas de ações duvidosas, comando inexperiente. Foram estes os erros constatados por quem ficou 30 dias assistindo a tudo sem poder fazer nada, uma verdadeira tortura...

O clima era (mais do que nunca) de extrema tensão, funcionários pressionados a não deixarem a "cadeia cair", abandonados, sem norte, comandados por um "Zé ninguém"... Era hora perfeita para os covardes fugirem, mas ninguém fugiu... não tínhamos covardes no Apanhador. Tínhamos AGENTES imbuídos da missão a qual nos foi confiada.

E a missão foi cumprida, muito bem cumprida, ate quando foi possível.

Em novembro, fui enfático, incisivo, enérgico talvez demais frente ao superintendente, requerendo mais AGENTES, pois trabalhávamos cada vez mais e alguns serviços acabavam não sendo mais possíveis de serem realizados...

Em fevereiro, frente a Sra. Ana Pelline, quando nos visitou a convite nosso, mostramos um sistema que dava certo, mas precisávamos de gente pra trabalhar...

Não nos deram ouvidos. Teria sido bem mais fácil terem lotado 30 AP' S no apanhador e evitado tudo. Alguém tem dúvida disso? Ao passivo governo só restou desgaste e vergonha...

Deixaram-nos sem uma cadeia de suprimentos, mas mesmo assim, auxiliados pelos amigos empresários da nossa região conseguíamos tudo que nos faltava. O novo paradigma abrangia a nossa decadência, o governo sempre pregou a "falência do sistema prisional" de forma que andávamos na "contra mão", pois fazíamos o que não queriam que fizéssemos. Fomos competentes demais, verdadeiros heróis, kamikazes. Poderiam ter nos avisado, teria sido tão mais fácil...

De tudo, fica-nos a experiência e a honra de termos sido parte de um sonho idealizado com muito trabalho e inteligência.

Sou feliz, pois tive a honra de ter trabalhado com pessoas honestas, obstinadas, que foram capazes de sacrificar horas e ate dias de convívio familiar, com o objetivo de terminar uma tarefa. Eu nunca pedi isso...nunca precisei pedir.

Este texto foi escrito alguns dias atrás, mas só tive vontade de enviar hoje, depois que um desses HEROIS nos deixou... Vítima da incoerência e do desrespeito ao servidor penitenciário.

Sinto-me como um "lanceiro negro", como em "massacre dos porongos", descartado, morto após tanto doar-se.

Não tenho o e-mail de todos, peço que repassem aos HERÓIS.

Um forte abraço a todos.

Do colega de verdade,

Gustavo Fuhrmann, 25 de abril de 2010

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Recebido por e-mail, tal qual

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