quinta-feira, 29 de julho de 2010

Somos todos do bem - II

Ao menos é o que apregoa o psicólogo americano Dacher Keltner, professor da Universidade da Califórnia e autor de um estudo que contesta o ceticismo radical

Por Moisés Sznifer, de São Francisco

Em seu livro, você afirma que nossa busca por uma vida significativa requer engajamento com emoções. O que isso significa?_Se você observar muitas tradições e pensadores ocidentais, como Platão, os estoicos, os puritanos e Kant, concluirá que eles exprimiram um enorme ceticismo em relação às emoções como manifestações adequadas ao ser humano. No entanto, observamos na cultura mediterrânea uma grande sabedoria acerca delas. É principalmente nas culturas norte-europeias, sobre as quais escrevo, que prevalece ainda um grande desdém para com as emoções. O que estamos aprendendo agora, graças às pesquisas científicas, é que elas são muitas, boas e más. Se quiser viver bem, você precisará lidar com seu ser emocional e estar conectado às emoções dos outros. Se quiser ser feliz nos seus relacionamentos, também. Quase todos os nossos maiores insights na vida estão baseados na emoção, na sua verdade e na sua beleza. É a ciência nos fazendo retornar para este aspecto fundamental de nossas vidas.
Toda cognição é precedida por uma emoção, concorda?_Einstein dizia que toda ideia que teve, surgiu de uma sensação em seu corpo. É incrível, a teoria da relatividade emergindo do corpo...
Einstein também contou, em sua biografia, que na infância sonhava em viajar na velocidade da luz. Isso é pura emoção!_Incrível, não sabia disso...Concordo! É interessante supor que nossos pensamentos provêm unicamente de processos cognitivos que residem em nossa consciência, e acharmos que isso é tudo. Mas subjacente a isso há um corpo, o inconsciente, e sabemos hoje que a maioria das nossas intuições mais profundas, como o amor, a confiança e a verdade, é emocional. Eventualmente, em alguns casos, como quando se está fazendo palavras cruzadas, é possível que não haja nenhuma emoção presente.
O neurologista António Damásio afirma que nossas emoções ocorrem no teatro do corpo e nossos sentimentos no teatro da mente, logo as emoções precedem os sentimentos. Qual a diferença entre emoções e sentimentos e qual a relação que se estabelece entre eles?_Essa é a questão mais difícil no estudo científico da emoção. Algo que começou com William James no final do século 19, estimulado por outros pensadores. Temos esses corpos de mamíferos com músculos, padrões fisiológicos e hormônios que são produzidos por eventos emocionais. Isso é emoção pura, a ação dos músculos da face, a fisiologia. E é a partir daí que decorre uma incrível gama de sentimentos.
Damásio diz que não se consegue esconder as emoções, que transparecem em seu corpo. Já os sentimentos você pode disfarçar. Você concorda com Damásio e Oliver Sacks, quando dizem que as emoções designadas como puras e competentes ocorrem antes no corpo, e só depois começa-se a pensar sobre elas?_Tendo a concordar que isso ocorre com as emoções clássicas – raiva, espanto e estupefação. Porém, há um certo grupo de sentimentos – o sentimento de que você sabe alguma coisa ou o sentimento de que algo é verdadeiro – que pode estar apenas na mente. Mas a maioria das grandes emoções sobre as quais estamos conversando tem um grande componente corporal. 
________________________
Original no endereço: http://bit.ly/b1CDqg 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seguidores

Visualizações nos últimos 30 dias

Visitas (clicks) desde o início do blog (31/3/2007) e; usuários Online:

Visitas (diárias) por locais do planeta, desde 13/5/2007:

Estatísticas