terça-feira, 30 de junho de 2009

A conclusão


Conhecemos os medos em todas as dimensões do nosso desenvolvimento e a experiência destes medos constituem-se a vivência de nossas mortes diárias, tenhamos consciência disto ou não. Assim, morremos a cada respiração, a cada apego, a cada fuga, a cada perda, a cada dia quando dormimos, a cada crença que abrimos mão... Na dimensão física percebemos e reagimos instintivamente a estas perdas; na dimensão emocional sentimos rejeitamos ou aceitamos nestas mesas perdas e na dimensão intelectual alcançamos o conhecimento destas mortes diárias. E não conseguimos transformá-las. A transformação só é possível com o desenvolvimento espiritual, quando transcendemos o conhecimento, apliando nossa consciência e alcançando a sabedoria. Quanto mais conscientes estivemos de nossas mortes diárias, mais nos preparamos para o momento da grande perda de tudo que colecionamos e nutrimos nesta vida, de toda a nossa bagagem intelectual, todos os nossos relacionamentos afetivos e do nosso corpo física. Lembrando que o grande medo da dimensão espiritual é o de submeter-se, podemos afirmar que só com muita fé poderemos nos submeter ao momento da morte de forma suave e menos dolorosa. É bom lembrar que não precisamos aguardar a proximidade da morte física para entrarmos em contato com estes medos, muito pelo contrário, se fizermos antes este contato através de nossas pequenas mortes diárias, alcançaremos uma melhor qualidade de vida, enquanto nos preparamos para a grande perda, a do corpo física. Morte e vida são opostos na nossa realidade dualista e apenas nela. Morte e vida são um único aspecto quando nos tornamos um Ser Inteiro, integrando e vivenciando todas as dimensões do Ser.
NUREKR I e ITAI
Por acreditar na origem do medo da morte em suas quatro dimensões, fundamos a ITAI como a filosofia de promover a dignidade na vida e na morte a todas as pessoas que assim o quiserem, entendendo dignidade como o respeito a si mesmo, ao outro e a todas as formas de vida; e adotamos o "HOSPICE" como modelo assistencial a nível domiciliar, ambulatorial e hospitalar. O NUREKR I, imbuído desta filosofia e inserido em um contexto acadêmico, desenvolveu um programa de capacitação visando uma mudança de atitude frente a morte e ao processo de morrer, permitindo assim que seus profissionais, ao receberem uma assistência na elaboração de suas perdas pessoais sejam capazes de assistir ao processo de morrer e a morte de seus clientes com menos transferências, aumentando assim a qualidade de seus atendimentos. Neste processo de capacitação temos a oportunidade de trabalhar as cinco fases que antecedem a morte, descritas pela Dra. Elisabeth Kübler-Ross: NEGAÇÃO, RAIVA, BARGANHA, DEPRESSÃO E ACEITAÇÃO (KÜBLER-ROSS, 1969), nas quatro dimensões do ser humano: física, emocional, mental e espiritual.
Referências Bibliográficas
ACHTERBERG, Jeanne. "A Imaginação na Cura". São Paulo, Summus Editorial, 1985. 236p.
ALMEIDA, Celso Fortes de. "Journey to Enlightenment". USA, Private Press, 1995. 30p.
ASSAGIOLI, Roberto. "Psicossíntese". 2.ed. São Paulo, Cultrix, 1970. 325p.
BROMBERG, Maria Helena P.F. "A psicoterapia em situações de perdas e luto". São Paulo, Editorial Psy II, 1994. 160p.
BRENNAN, Barbara Ann. "Mãos de Luz". São Paulo, Pensamento, 1987. 384p.
BRENNAN, Barbara Ann. "Luz emergente". São Paulo, Cultrix, 1993. 521p.
CASARJIAN, Robin. "O Livro do Perdão". Rio de Janeiro, Rocco, 1992. 255P.
CREMA, Roberto. "Análise transacional centrada na pessoa... e mais além". 2.ed, São Paulo, 1984. 308p.
DAMÁSIO, Antônio R. "O Erro de Descartes". São Paulo, Companhia das Letras, 1994. 330p.
DONOVAN, Thesenga. "Não temas o mal". São Paulo, Cultrix, 1995. 245p.
ESBÉRARD, Charles A. "Neurofisiologia". Rio de Janeiro, Campus, 1980. 370p.
GAIARSA, José A. "A Couraça Muscular do Caráter". São Paulo, Ágora, 1984. 279p.
GROF, Stanislav. "Além do Cérebro". São Paulo, McGraw-Hill, 1988. 326p.
JOHNSON, Robert. "Magis interior: como dominar o lado sombrio da psique". São Paulo, 1996. 95p.
JOHNSON, Robert. "Inner Work, a Chave do Reino Interior". São Paulo, Mercuryo, 1989. 244p.
JUNG, Carl G. "O Homem e seus Símbolos". 8.ed. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1964. 316p.
MAY, Rollo. "O Homem a Procura de Si Mesmo". 8.ed. Rio de Janeiro, Vozes, 1980, 230p.
MAY, Rollo. "A Descoberta do Ser". Rio de Janeiro, Rocco, 1988. 199p.
PIERRAKOS, Eva. "O Caminho da Auto-Transformação". São Paulo, Cultrix, 1990. 256p.
PIERRAKOS, John C. "Energética da Essência". São Paulo, Pensamento, 1990. 293p.
RINPOCHE, Sogyyyal. "The Tibetan Book of Living and Dying". New York, Harper, San Francisco, 1994. 425p.
KÜBLER-ROSS, Elisabeth. "Sobre a Morte e o Morrer". São Paulo, Martins Fontes, 1991.
KÜBLER-ROSS, Elisabeth. "To Live Until We Say Good-bye". USA, Prentice-Hall Press, 1978. 160p.
KÜBLER-ROSS, Elisabeth. "On Children and Death". USA, Macmillan Publishing Company, 1983. 279p.
KÜBLER-ROSS, Elisabeth. "Death is of Vital Importance". USA, Station Hill Press, 1995. 163p.
WALSH, Roger N. "Além do Ego". São Paulo, Cultrix/Pensamento, 1980. 305p.
WILBER, Ken. "O espectro da consciência". São Paulo, Cultrix, 1976.
WILBER, Ken. "A Bíblia de Jerusalém. São Paulo, Edições Paulinas, 1973.
Autores: Celso Fortes de Almeida Médico Psicoterapeuta, Presidente e fundador da ITAI e da Rainbow Tribe Institution Foundation. Maria Fernanda C. Nascimento Médica Psicoterapeuta, Counselor do Pathwork.
Original:

segunda-feira, 29 de junho de 2009

A evolução

A Evolução do Desenvolvimento Humano nas Quatro Dimensões
A morte se revela a nós a todo instante e em todas as circunstâncias, pois o seu registro está em nossas células, em nossas emoções, em nosso racional. "Nós podemos até retardá-la, mas não podemos escapar dela". (KÜBLER-ROSS, 1975) As quatro dimensões da totalidade do ser humano se desenvolverão na seguinte ordem: física, emocional, mental e espiritual. Estas dimensões estão interligadas no processo contínuo de nosso desenvolvimento e, claro, consideremos didática a rigidez de sua cronologia. Quanto mais abrangente for o nosso auto-conhecimento, mais ampliaremos nossa consciência (WILBER, 1977), tendendo a permanecer em nosso centro: único lugar de onde teremos a chance de responder de forma inteira às solicitações que o viver nos traz no nosso dia a dia. (WALSH, 1980). Este ponto, além do cérebro e além do ego, nos dá a oportunidade de cruzar o medo da morte, alcançando a sua aceitação e vivendo em plenitude a vida.
A Dimensão Física
A dimensão física começa na concepção e vai até os 6 meses de idade, período em que todo o registro é sensorial. Qualquer sensação que ameace a vida física é percebida como uma ameaça de morte, (GROF, 1988) e como neste estágio o desenvolvimento do nosso sistema nervoso não está de todo formado (ESBÉRARD, 1980) esse medo é registrado na memória celular e não elaborável intelectualmente. É o medo visceral e irracional da morte escrito em nós. O propósito básico ou seja o objetivo principal desta fase é crescer com saúde e segurança. Esta segurança é necessária para que a criança possa contatar, conhecer e se expressar neste plano dual. A necessidade básica desta fase é a sobrevivência. É nesta fase que iremos observar os reflexos instintivos e automáticos de auto-preservação como a reação do choro quando sentimos fome. O medo básico desta fase é o de danos que causem ameaça à vida física. Toda experiência sensorial que seja percebida como ameaçadora é registrada como uma experiência de morte. Fechando esta fase do desenvolvimento e inseridos em uma dimensão dual, temos duas maneiras de concluí-la: positivamente, quando integramos as experiências traumáticas peri-natais e ameaçadoras da vida física, adequando-as à realidade subsequente, tornamo-nos seguros; negativamente, quando congelamos estas experiências, transformando-as em imagens que se repetirão num continuum na realidade subsequente, tornamo-nos inseguros e instáveis. (PIERRAKOS, 1990) As experiências peri-natais são, em geral, traumáticas, ameaçam todo sistema de vida do bebê e, por si só, bastam para registrar a nível celular o medo da morte e suas implicações no inconsciente. O bebê vem de um sistema ideal de sobrevida e nutrição e, já ao nascer, é necessário que lute pelo ar inspirado para sobreviver. (GROF, 1988). Somando-se a isto as experiências físicas que ameaçam sua sobrevivência, o bebê experimentará grandes traumas a partir da unidade simbiótica original com o organismo materno e a partir de suas próprias experimentações.
A Dimensão Emocional
A dimensão emocional, segundo estágio do nosso desenvolvimento, vai dos 6 meses aos 6 anos de idade. A vivência básica desta fase é a experimentação dos sentimentos e das emoções. A criança passa a reconhecer pai e mãe, a responder de forma emocional dos estímulos externos, e passa a aceitar ou rejeitar, circunstâncias em função do princípio do prazer e da dor. (FREUD, 1976). O propósito desta fase é relacionar-se. É nesta fase que a criança amplia o processo de relacionamento, tão importante para o desenvolvimento do Ser, tornando-nos capazes de partilhar informações, sentimentos e sensações. A necessidade básica da criança é de ser amada e, aos poucos, com este aprendizado, surge a necessidade de também amar. As experiências de amor, distorcidas ou não, que experimentamos nesta fase serão determinantes para nossa crença do que é o amor. (PIERRAKOS, 1990). A depender da crença que formamos, reconheceremos o amor ou não. Habitualmente crescemos aprendendo um amor totalmente condicional, amo você se..., amo você se você se comportar, não chorar, não fizer malcriação; e desta forma ficamos todo o tempo tentando comprar, vender, trocar ou barganhar amor. O medo básica desta fase é do abandono e da rejeição. Por melhor, mais atenciosos e carinhosos que tenham sido nossos pais, todos nós, em algum momento desta fase, conhecemos a rejeição e o abandono. Dependendo do grau de abandono, rejeição e suas circunstâncias, temos duas formas de concluir esta fase: em uma conclusão positiva, quando da integração, permissão e expressão dos sentimentos, o resultado será o amor próprio, auto-estima, a habilidade de dizer não e de suportar a frustração; caso contrário, ocorre a auto-desqualificação. São registrados vários mecanismos de defesa para suportar a "morte emocional", tais como repressão, negação, introjeção e projeção, entre outros. (CREMA, 1985). Registram-se, então, congelamentos responsáveis pelos bloqueios emocionais, que irão gerar nas estratégias de caráter as questões duais que representarão nosso maior impedimento e, paradoxalmente, a ponte para a nossa realização pessoal. (BRENNAN, 1987).
A Dimensão Intelectual ou Mental
A dimensão intelectual ou mental vai dos 6 anos à adolescência; sua vivência básica é o desenvolvimento do pensamento e da racionalidade. O sistema nervoso humano só conclui seu desenvolvimento completo por volta dos 7 anos de idade. Todos os medos sentidos até esta fase estarão registrados de forma visceral na memória celular, e na forma de crenças na dimensão emocional, ambas anteriores a este desenvolvimento. Daí falarmos em congelamentos, não acessíveis pela simples elaboração intelectual, e sim através de vivências regressivas, métodos nativos de resgate de alma, hipnose, sessões de cura e outros. (BRENNAN, 1987 e ACHTERBERG, 1985). O propósito desta fase é compreender a si mesmo e ao mundo. O homem é o único ser vivente capaz de ser sujeito e objeto de uma ação. A racionalidade, diferente da racionalização, esta um mecanismo psicológico de defesa, é a capacidade do ser humano de analisar, situar, classificar, julgar, decidir e discernir sobre fatos seus e do mundo. A necessidade básica é conhecer e organizar a realidade para lidar com as questões que a vida nos impõe. Neste momento da nossa evolução é onde aprenderemos a estabelecer relações entre nossas sensações, nossos sentimentos e nossas crenças com a realidade das nossas circunstâncias. O medo básico desta fase é o medo do desconhecido, do insondável e do inquestionável, o medo da entrega. A integração das experiências vividas nesta fase, a valorização da estrutura racional do discernimento, do reconhecimento da nossa própria capacidade intelectual nos leva a ser agentes transformadores da realidade. A não integração das experiências desta fase leva a inadequação na realidade, à inabilidade de escolhas pertinentes e ao congelamento em falsas auto-imagens, mantendo padrões de negatividade. (DONOVAN, 1993). Levamos muito tempo da nossa vida para integrar estes três níveis: físico, emocional e mental - o nível da personalidade humana. Apesar do desenvolvimento da dimensão espiritual se dar à partir da adolescência, só será possível nos dar conta desta dimensão e continuar a desenvolvê-la conscientemente se tivermos integrado as três dimensões anteriores. (WALSH e VAUGHAN, 1980).
A Dimensão Espiritual
A última dimensão nesta cronologia, a espiritual, tem início na adolescência e continua até momentos antes da morte física. Uma vez integrados os três primeiros níveis do ser humano e avançando no processo de individuação, alcançamos uma dimensão além do ego e do inconsciente pessoal e entramos no campo do Self ou Eu Real. Nesta direção, damos o enfoque da espiritualidade e das necessidades transcendentais inerentes a todo ser humano e diferentes do seu nível de religiosidade. (GROF, 1988). A vivência básica desta fase é a vontade de saber ouvir a voz interior, ainda que muitas vezes nos vários níveis de inconsciente, com a propósito de alcançar a unidade. Como viemos da unidade temos uma pulsão de buscar a unidade: buscamos a nossa integração física cuidando da nossa alimentação, do nosso ambiente, do nosso conforto; a nossa integração emocional vivenciando e aceitando nossos sentimentos, as nossas rejeições e abandonos; e nossa integração mental rescrevendo a nossa própria história e transformando as nossas realidades. A necessidade básica de retornar à unidade somente se realiza quando nos tornamos co-criadores dos nossos próprios processos e assumimos a responsabilidade pelas nossas próprias circunstâncias. O medo desta dimensão é o de submeter-se. Entendemos submissão, no contexto do nosso ego, como humilhação e sinais de fraqueza e perda. Paradoxalmente quando somos donos do nosso ego é que podemos abrir mão dele e submetê-lo ao nosso Eu Real. "Somente quando você perder a sua vida, e ganhará...". (Lc 17,33 1973). Então nosso maior impedimento - as realidades cotidianas e dramáticas do nosso ego e personalidade - se transforma na maior potencialidade para nos introduzir numa realidade maior, aqui e agora. Integrando as experiências da dimensão espiritual à ampliação da consciência, alcançamos a paz interior, o conhecimento do propósito da vida. Ao contrário, quando não conseguimos integrar as três dimensões interiores: física, emocional e mental, não alcançamos nosso desenvolvimento na espiritual e ficamos desorientados e sem propósito.
Original no site:
http://www.fw2.com.br/clientes/artesdecura/REVISTA/psico/origens_do_medo.htm
Autores: Celso Fortes de Almeida Médico Psicoterapeuta, Presidente e fundador da ITAI e da Rainbow Tribe Institution Foundation. Maria Fernanda C. Nascimento Médica Psicoterapeuta, Counselor do Pathwork.

domingo, 28 de junho de 2009

Confissões de um estagiário


Neste domingo a opção foi descontrair. Então, leiam e se divirtam com a estória a seguir que recebi por e-mail, infelizmente sem a citação do respectivo autor:


Fui demitido. Justa causa.
Como estagiário, aprendi milhões de coisas e fui muito bem sucedido nas minhas funções. Juro que não entendo o porquê de me demitirem... Eu tinha várias funções que fazia com excelência, entre elas:
1. Tirar xerox: 3.1 segundos por página.
2. Passar café.
3. Comprar cigarro e pão: 1 minuto e 27 segundos. Ida e volta.
4. Fazer jogos na Mega-Sena, Dupla-Sena, Lotofácil, Loteria Esportiva...
Eu era muito bom. Mesmo. Fazia tudo certinho, até que peguei uma certa confiança com o pessoal e resolvi fazer uma brincadeirinha inocente. É impressionante o nível de stress em um ambiente de trabalho. Quis dar uma amenizada na galera, deixar o povo feliz e fui recompensado com uma bela de uma demissão por justa causa. Puta sacanagem!
Vou contar toda minha rotina desse dia catastrófico.
Era quinta-feira, 26 de março, quando cheguei ao trabalho.
Nesse dia, passei na padaria no meio do caminho. Demonstrando muita proatividade, comprei pão e 3 Marlboro. Já queria ter na mão sem nem mesmo me pedirem. Quando abri a agência (sim, me deixam com a chave porque o pessoal só começa a chegar lá pelas 11h), já vi uma montanha de folhas para eu xerocar na minha mesa. Xeroquei tudo, fiz café e deixei tudo nos trinques (minha mãe que usa essa gíria rs).
Como tinha saído um pouco mais cedo no outro dia, deixaram um recado na minha mesa: "pegar o resultado da mega-sena na lotérica". Como tinha adiantado tudo, fui buscar o resultado. No meio do caminho, tive a idéia mais genial da minha vida e, consequentemente, a mais estúpida.
Peguei o resultado do jogo: 01/12/14/16/37/45. E o que fiz? Malandro que sou, peguei uns trocados e fiz uma aposta igual a essa. Joguei nos mesmos números, porque, na minha cabeça claro, minha brilhante ideia renderia boas risadas. Levei os 2 papeizinhos (o resultado do sorteio e minha aposta) para a agência novamente. Ainda ninguém tinha dado as caras. Como sabia onde o pessoal guardava os papeis das apostas, coloquei o jogo que fiz no meio do bolinho e deixei o papel do resultado à parte.
O pessoal foi chegando e quase ninguém deu bola pros jogos. Da minha mesa, eu ficava observando tudo, até que um cara, o Daniel, começou a conferir.Como eu realmente queria deixar o cara feliz, coloquei a aposta que fiz naquele dia por último do bolinho, que deveria ter umas 40 apostas.
Coitado, a cada volante que ele passava, eu notava a cara de desolação dele. Foi quando ele chegou ao último papel. Já quase dormindo em cima do papel,vi ele riscando 1, 2, 3, 4, 5, 6 números. Ele deu um pulo e conferiu de novo. Esfregou os olhos e conferiu de novo, hahahaha. Tava ridículo, mas eu tava me divertindo. Deu um toque no cara do lado, o Rogério, pra conferir também. Ele olhou, conferiu e gritou:
-"PUTA QUE PARRRRRRRRIUUUUUUUUUU, TAMO RICO, PORRA". Subiu na mesa, abaixou as calças e começou a fazer girocóptero com o pau.
Óbvio que isso gerou um burburinho em toda a agência e todo mundo veio ver o que estava acontecendo. Uns 20 caras faziam esse esquema de apostar conjuntamente. 8 deles, logo que souberam, não hesitaram: correram para o chefe e mandaram ele tomar bem no olho do cu e enfiar todas as planilhas do Excel na buce... da arrombada da mulher dele.
No meu canto, eu ria que nem um filho da puta. Todos parabenizando os ganhadores (leia-se: falsidade reinando, quero um pouco do seu dinheiro), com uns correndo pelados pela agência e outros sendo levados pela ambulância para o hospital devido às fortes dores no coração que sentiram com a notícia.
Como eu não conseguia parar de rir, uma vaquinha veio perguntar do que eu ria tanto. Eu disse:
-Puta merda, esse jogo que ele conferiu eu fiz hoje de manhã. A vaca me fuzilou com os olhos e gritou que nem uma puta louca:
-"PAREEEEEEEEEEM TUDO, ESSE JOGO FOI UMA MENTIRA.UMA BRINCADEIRA DE MAU GOSTO DO ESTAGIÁÁÁÁÁÁÁRIO."
Todos realmente pararam olhando pra ela. Alguns com cara de "quê?" e outros com cara de "ela tá brincando". O cara que tava no bilhete na mão, cujo nome desconheço, olhou o papel e viu que a data do jogo era de 27/03. O silêncio tava absurdo e só eu continuava rindo. Ele só disse bem baixo:
- É...é de hoje.
Nesse momento, parei de rir, porque as expressões de felicidade mudaram para expressões de 'vou te matar'. Corri... corri tanto que nem quando eu estive com a maior caganeira do mundo eu consegui chegar tão rápido ao banheiro. Me tranquei por lá ao som de "estagiário filho da puta", "vou te matar" e "vou comer teu cu aqui mesmo". Essa última foi do peladão!
Eu realmente tinha conseguido o feito de deixar aquelas pessoas com corações vazios, cheios de nada, se sentirem feliz uma vez na vida. Deveriam me dar uma medalha por eu conseguir aquele feito inédito. Mas não... só tentaram me linxar e colocaram um carimbo gigante na minha carteira de trabalho de demissão por justa causa. Belos companheiros!
Pelo menos levei mais 8 neguinho comigo ! Quem manda serem mal educados com o chefe. Eu não tive culpa alguma na demissão deles. Pena que agora eles me juraram de morte...agora tô rindo de nervoso. Falei aqui em casa que fui demitido por corte de verba (consegui justificar dizendo que mandaram mais 8 embora, rs) e que as ligações que tenho recebido são meus amigos da faculdade passando trote. Eu supero isso, tenho certeza.
É, amigos, descobri com isso que não se pode brincar em serviço mesmo

sábado, 27 de junho de 2009

Câncer: A doença


Por Cláudia Botí

Sempre ouvi dizer que essa era uma palavra que ninguém gostava ou gosta de pronunciar. De repente, deparei-me com ela. O que fazer?
Como meu tratamento foi iniciado com um médico que também trabalhava num hospital oncológico-- ao qual me referirei daqui em diante como Hospital -- , segui todos os procedimentos pertinentes. Foi marcada uma reunião que a equipe do local chama de mesa redonda e na qual havia o que posso comparar a um JUIZ (Médico-Chefe), aos JURADOS (Médicos), ao RÉU (eu), à PLATÉIA (Médicos Residentes) e ao PROMOTOR PARA DEFESA (meu Médico).
Como aconteceu:
O Promotor de defesa apresentou todos os exames que haviam sido realizados.
O Juiz colocou-me como sentença fazer tratamento com quimioterapia e radioterapia, para que meu percentual de vida fosse estabelecido em mais ou menos 98%. Informou-me que a minha fertilidade passaria a ser afetada.
Os Jurados concordaram com a sentença.
A Platéia tentou ser solidária e perguntaram-me, quantos anos eu tinha, se era casada e se já tinha filhos.
Ao sairmos da sala chorei muito e meu médico, que é muito solidário comigo, tentou acalmar-me e disse que juntos tomaríamos a melhor decisão.
Decidimos fazer somente a radioterapia, pois apostávamos que essa seria a solução e que, com ela, não seria afetada a minha fertilidade.
Acima, explanei a minha maneira de sentir a parte fria pela que passei.
A partir daí, comecei a seqüência para realizar a radioterapia:
1a. fase
Tomografia para que pudessem ser feitos blocos de aço que seriam colocados em pontos estratégicos na máquina.
2a. fase
Demarcação feita com ajuda de equipamento por meio do qual seria feita a radioterapia. As marcações eram feitas com canetas coloridas (lembro-me até hoje do cheiro da tinta), que não podiam ser retiradas até o final da aplicação da radioterapia. Foi muito ruim porque eu tinha o cuidado de esconder para que as outras pessoas não vissem.
3a. fase
Aplicação da radioterapia durante a qual eu não podia mexer-me de forma alguma, pois corria o risco dos raios atingirem partes que não poderiam atingir. Por exemplo: quando feita no pescoço, poderiam atingir meus dentes e, conseqüentemente, eu os perderia. Os efeitos colaterais eram terríveis; o vômito era um dos inimigos na hora da aplicação.
4a. fase
Aplicação da radioterapia na parte do abdome e da pelve, um mês após aquela feita no pescoço. Os procedimentos foram os mesmos.
Neste primeiro diagnóstico, não parei de trabalhar. Saía do serviço em cima da hora para fazer o tratamento. Às vezes, os funcionários do Hospital tinham que me esperar.
O Hospital ficava bem perto de onde eu trabalhava, mas eu tinha que ir de táxi porque de ônibus ficava inviável. Para não haver recusa do motorista (parece mentira mas acontece), doía quando eu falava: “Hospital ..., por favor.”
A minha mãe acompanhava-me a todas as sessões que aconteciam todos os dias. Chegou uma fase em que eu entrava no prédio de olhos fechados e minha mãe guiava-me. Jamais alguém do Hospital preocupou-se com isso.
Havia necessidades que faziam parte do tratamento e eram mais simples, como coletar sangue uma vez por semana e passar pelo radioterapeuta.
Coloquei-me à disposição de uma doutora para que fosse feita uma pesquisa de pessoas com o mesmo tipo de câncer que o meu e a mesma faixa de idade. Cheguei a coletar sangue, mas nunca recebi retorno algum.
Então segui minha vida fazendo controle.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Palavrões

Palavrões também são importantes
(Luís Fernando Veríssimo)
Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos. É o povo fazendo sua língua. Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia. Sem que isso signifique a "vulgarização" do idioma, mas apenas sua maior aproximação com a gente simples das ruas e dos escritórios, seus sentimentos, suas emoções, seu jeito, sua índole.
"Pra caralho", por exemplo.Qual expressão traduz melhor a idéia de muita quantidade do que "Pra caralho"?"Pra caralho" tende ao infinito, é quase uma expressão matemática. A Via-Láctea tem estrelas pra caralho, o Sol é quente pra caralho, o universo é antigo pra caralho, eu gosto de cerveja pra caralho, entende?
No gênero do "Pra caralho", mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso "Nem fodendo!". O "Não, não e não!", assim como o "Absolutamente Não" já soam sem nenhuma credibilidade.
O "Nem fodendo" é irretorquível, e liquida o assunto. Te libera, com a consciência tranqüila, para outras atividades de maior interesse em sua vida. Aquele filho pentelho de 17 anos te atormenta pedindo o carro pra ir surfar no litoral? Não perca tempo nem paciência. Solte logo um definitivo Marquinhos, presta atenção, filho querido, NEM FODENDO!".
O impertinente se manca na hora e vai pro Shopping se encontrar com a turma numa boa e você fecha os olhos e volta a curtir o CD do Caetano Veloso. Por sua vez, o "porra nenhuma!" atendeu tão plenamente as situações onde nosso ego exigia não só a definição de uma negação, mas também o justo escárnio contra descarados blefes, que hoje é totalmente impossível imaginar que possamos viver sem ele em nosso cotidiano profissional.
Como comentar a bravata daquele chefe idiota senão com um "é PhD porra nenhuma!", ou "ele redigiu aquele relatório sozinho porra nenhuma!". O "porra nenhuma", como vocês podem ver, nos provê sensações de incrível bem estar interior. É como se estivéssemos fazendo a tardia e justa denúncia pública de um canalha.
Há outros palavrões igualmente clássicos. Pense na sonoridade de um "Puta-que-pariu!", ou seu correlato Puta-que-o-pariu!", falados assim, cadenciadamente, sílaba por sílaba.
Diante de uma notícia irritante qualquer um "puta-que-o-pariu!" dito assim te coloca outra vez em seu eixo. Seus neurônios têm o devido tempo e clima para se reorganizar e sacar a atitude que lhe permitirá dar um merecido troco ou o safar de maiores dores de cabeça.
E o que dizer de nosso famoso "vai tomar no cu!"? E sua maravilhosa e enforcadora derivação "vai tomar no meio do seu cu!". Você já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável!, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta: "Chega! Vai tomar no meio do seu cu!". Pronto, você retomou as rédeas de sua vida, sua auto-estima.
Desabotoa a camisa e saia à rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor-íntimo nos lábios. E seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão de maior poder de definição do Português Vulgar: "Fodeu!". E sua derivação mais avassaladora ainda: "Fodeu de vez!". Você conhece definição mais exata, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação? Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere seu autor em todo um providencial contexto interior de alerta e auto-defesa.
Algo assim como quando você está dirigindo bêbado, sem documentos do carro e sem carteira de habilitação e ouve uma sirene de polícia atrás de você mandando você parar:O que você fala? "Fodeu de vez!". Sem contar que o nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de "foda-se!" que ela fala. Existe algo mais libertário do que o conceito do "foda-se!"? O "foda-se!" aumenta minha auto-estima, me torna uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas. Me liberta."Não quer sair comigo? Então foda-se!". "Vai querer decidir essa merda sozinho (a) mesmo? Então foda-se!". O direito ao "foda-se!" deveria estar assegurado na Constituição Federal)

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Reforma ortográfica



2009 é o ano da reforma ortográfica. Em casos como *AUTOESTIMA*, o hífen cai. A sua é que não pode cair.
Em algumas palavras, o acento desaparece, como em *FEIURA*. Aliás, poderia desaparecer a palavra toda.

O acento também cai em *IDEIA*, só que dela a gente precisa. E muito.

O trema sumiu em todas as palavras, como em *inconsequência*, que também poderia sumir do mapa. Assim, a gente ia viver com mais *TRANQUILIDADE*.

Mas nem tudo vai mudar. Abraço continua igual. E quanto mais apertado, melhor.

*Amizade *ainda é com "z", como vizinho, futebolzinho, barzinho.
Expressões como *"Eu te amo".** *continuam precisando de ponto. Se for de exclamação, é *PAIXÃO*, que continua com x, como abacaxi, que, gostando ou não, a gente vai ter alguns para descascar.
*Solitário* ainda tem acento, como *Solidário*, que só muda uma letra, mas faz uma enorme diferença.
*CONSCIÊNCIA* ainda é com *SC*, como SANTA CATARINA, que precisa tocar a vida pra frente.
E por falar em *VIDA*, bom, essa muda o tempo todo, e é por isso que emociona tanto.
(Autor desconhecido)

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Nóis qui inverte as coisa


No Brasil não é mais o mérito que determina o valor das pessoas, mas sua ideologia, sua cor, sua raça, sua condição física ou social. Falar bem o idioma é motivo de piada. Ser elite é quase uma maldição. Música de sucesso é a mais escatológica. O homem honesto aparece na televisão como algo excepcional. Roubar é normal. Bala perdida é normal. Corrupção é normal.Vivemos uma inversão de valores sem precedentes e é contra esse estado das coisas que devemos gritar.
Meu grito começou em 2003 quando lancei o livro "Brasileiros Pocotó - Reflexões sobre a mediocridade que assola o Brasil", iniciando uma luta pela "despocotização"do país." Despocotizar" vem de "pocotizar" que vem de "pocotó"... Criei esse neologismo a partir do funk "Eguinha Pocotó" que infestou as rádios e televisões do Brasil neste começo de milênio. Uma pessoa pocotó é um bovino resignado que vive em manadas e é levado para onde os mais espertos querem. Alguém decide o que ela vai ler, comer, ouvir, vestir e... quem eleger! Sempre conformado e obediente, o pocotó não tem espírito crítico. Diante da oportunidade de escolher, prefere seguir a multidão. O pocotó é o representante daquele atributo que faz parte da natureza humana e que existirá enquanto houver um ser humano vivo: a mediocridade. O desafio é saber reconhecê-la e lutar para escapar dela.
Pois bem, passados seis anos desde que lancei o Brasileiros Pocotó, a impressão é que a coisa piorou. Os pocotós ficaram mais desinibidos, mais poderosos e perigosos. O Brasil mergulhou numa mistura de ideologia barata com comércio, oportunismo e ganância, que está empurrando o país para um buraco intelectual de onde penará a sair.
E é a partir dessa constatação que estou preparando o lançamento de meu novo livro: NÓIS. O título fica mais expressivo se for acompanhadodo subtítulo: NÓIS QUI INVERTE AS COISA.
E antes que os linguistas - principalmente os que utilizam a linguística como ferramenta para pregação marxista - caiam de pau, devo informar que o "nóis" que escolhi como título não é aquele curioso jeito de falar do matuto, inocente e representativo de uma cultura. Não é o "nóis" que designa a terceira pessoa do plural. Não é o termo que indica um grupo de pessoas unidas pelo mesmo sonho, mesmo objetivo, mesmo ideal. O "nóis" que escolhi é resultado de um longo processo de incompetência educacional, indigência cultural e desfaçatez política. Escapa do informal para invadir o formal. Traz consigo atitudes, valores e convicções rasas. Abriga o pior do popular. O "nóis" que escolhi é aquele que vulgariza, diminui e empobrece. É o "nóis" transformado em ferramenta ideológica, em ícone de luta entre classes, em padrão de dignidade. Não é o "nóis" humilde. É o "nóis" burro. O "nóis" que revela a verdadeira miséria do Brasil: a intelectual.
Meu novo livro trata do emburrecimento nacional. É minha peça de resistência, para compartilhar com outros brasileiros as angústias eperplexidades que mantém nosso gigante eternamente adormecido.
São 284 páginas com textos inéditos e revisões e atualizações de artigos que publiquei desde 2004 e que, quando colocados em conjunto, ilustrados com meus cartuns e contextualizados, formam um painel destes tempos sob a ótica "Luciânica". São textos curtos. Apenas "iscas"cuja pretensão é fazer você refletir. Só. Quer ir mais fundo? Vire-se. Pesquise, leia, vá atrás dos grandes pensadores, estude, invista seu tempo enriquecendo seu repertório. Eu só levanto poeira, o que é um bom começo neste país de ressentimentos passivos.
No mais, concorde, discorde, fique puto, ria, desdenhe, reflita... Qualquer reação que minhas reflexões provocarem, será lucro.
Só a indiferença é perigosa. É ela que alimenta os Pocotós.
Luciano Pires
COMENTE ESTE TEXTO:

terça-feira, 23 de junho de 2009

Atalhos


Por Martha Medeiros
Quanto tempo a gente perde na vida?
Se somarmos todos os minutos jogados fora, perdemos anos inteiros.
Depois de nascer, a gente demora pra falar, demora pra caminhar, aí mais tarde demora a entender certas coisas, demora para dar o braço a torcer.
Viramos adolescentes teimosos e dramáticos.
Levamos um século para aceitar o fim de uma relação, e outro século para abrir a guarda para um novo amor, e já adultos demoramos a dizer a alguém o que sentimos, demoramos a perdoar um amigo, demoramos a tomar uma decisão.
Até que um dia a gente faz aniversário. 37 anos.
Ou 41.
Talvez 48.
Uma idade qualquer que esteja no meio do trajeto.
E a gente descobre que o tempo não pode continuar sendo desperdiçado.
Fazendo uma analogia com o futebol, é como se a gente estivesse com o jogo empatado no segundo tempo e ainda se desse ao luxo de atrasar a bola para o goleiro ou fazer tabelas desnecessárias.
Que esbanjamento!
Não falta muito para jogo acabar.
É preciso encontrar logo o caminho do gol. Sem muita frescura, sem muito desgaste, sem muito discurso.
Tudo o que a gente quer, depois de certa idade, é ir direto ao assunto.
Excetuando-se no sexo, onde a rapidez não é louvada, pra todo o resto é melhor atalhar.
E isso a gente só alcança com alguma vivência e maturidade.
Pessoas experientes já não cozinham em fogo brando, não esperam sentados, não ficam dando voltas e voltas, não necessitam percorrer todos os estágios.
Queimam etapas.
Não desperdiçam mais nada.
Uma pessoa é sempre bruta com você?
Não é obrigatório conviver com ela.
O cara está enrolando muito?
Beije-o primeiro.
A resposta do emprego ainda não veio?
Procure outro enquanto espera.
Paciência só para o que importa de verdade.
Paciência para ver a tarde cair.
Paciência para sorver um cálice de vinho.
Paciência para a música e para os livros.
Paciência para escutar um amigo.
Paciência para aquilo que vale nossa dedicação.
Pra enrolação, ATALHO.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

O Brasil encantado e os 9 anos da Carta da Terra


Por Alexandre Wahbe
No mês de junho de 2000 fomos todos presenteados com um documento planetário sem precedentes. Para situar a todos: A Carta da Terra tem o status de “nova declaração dos direitos humanos”, porém é um documento radicalmente mais contundente e globalizante. Sua gestação teve início em 1992, onde paralelo a Eco-92 (base governamental) foi implementado o Fórum das ONGs (base intelectual e sociedade civil global). Capitaneada por líderes planetários como Mikhail Gorbatchev e Leonardo Boff, e por instituições globais como a Comunidade Bahá´í Internacional, nasceu o embrião da Carta, que passou por interações e sinergias globais por 8 anos até ser apresentado como documento vivo e aberto em junho de 2000.
A Carta da Terra é uma declaração de amor pela vida, compaixão pela Terra e ética do humano, focada em 16 princípios básicos que giram entorno de eixos como o fomento à justiça social global, paz mundial, interdependência positiva entre as nações celebrando a diversidade mundial, equidade econômica, aproximação entre ciência e religiões, valorização das grandes tradições da humanidade, sustentabilidade de hábitos, preservação da Terra e de todas as formas de vida. É interessante notar que na ótica da Carta o homem não é o supra-sumo da natureza, e sim um ente preponderantemente mais perigoso que deve buscar modos sustentáveis de vida e de relação com os demais membros da grande comunidade da vida. Assim, os seres humanos, um monte de grama e as pulgas são vistos sob o mesmo prisma de coexistentes e interdependentes num mundo vivo.
Mas o que mudou em 9 anos? Falar de Carta da Terra e das categorias já elencadas logo após seu lançamento em 2000 era coisa de “maluco beleza”, idealista, sonhador, ingênuo...
Falar sobre esses assuntos hoje é uma necessidade emergente e anseio social explícito. Até as montadoras de veículos falam em sustentabilidade, economia, compromisso com diminuição do aquecimento global, etc.
Mas basicamente, o que ocorreu no mundo que poderíamos dizer moldados por esse “Espírito da Era” da Carta da Terra?
Dentro de 4 premissas que serviram de impulso à criação da Carta, destacamos: 1) “nova ciência’: Esse termo designa as descobertas de duas teorias revolucionárias da ciência do século XX, que vêm sendo digeridas aos poucos pelas instituições mundiais e pelas pessoas: teoria da relatividade (tempo e espaço como conhecemos são uma ilusão) e física quântica (a realidade como a conhecemos é formada de energia condensada moldável até por pensamentos humanos, e não por átomos como tijolos de existência). Citaria nessa primeira vertente o surgimento de vídeos como Quem Somos Nós I e II, onde foram popularizados estes conhecimentos de forma amplamente didática e convincente. Interessante que foi uma produção independente, assim como O Segredo I e II, que além da nova ciência abriu o debate mundial também para outras bases da Carta como 2) “tradições e sabedoria da humanidade”. Outra base de construção da Carta, 3) “Conferências Mundiais das Nações Unidas” – todas, de 92 até 2000 - envolvendo minorias, mulheres, desenvolvimento, meio ambiente e sustentabilidade, cidades, inspiraram ações maravilhosas como as 15 Metas do Milênio, catalisadoras únicas de esforços, atenção e ações para temas crucias em sustentabilidade e dignidade. Outro fato correlato a esta premissa que classificamos aqui na ordem de número 3, é o efeito cascata do filme de Al Gore (também independente), que lançou um vídeo popularizante de ideais de sustentabilidade e aquecimento global: Verdade Inconveniente foi a maior materialização didática do que a Carta da Terra quis nos dizer desde 2000, bem como a ação visível de maior geração de impacto e alteração de consciência mundial frente a estas problemáticas. Para não finalizar este tópico, os estudos e os vídeos do Dr. Emoto sobre A Mensagem da Água são o supra-sumo nesse terceiro quesito.
Brasil. Aqui os preceitos da Carta vibram em cada rincão, e vivemos “inusitâncias” únicas neste período, promovendo um verdadeiro “encantamento” planetário: Fórum Social Mundial, Fórum Mundial da Educação, e diria, governo popular do Brasil. Lula virou “o cara” pelas suas peripécias de emancipação, inclusão, humanização social massiva e por posicionar-se como arauto de uma nova ordem mundial. O Brasil (com as exceções das grandes cidades e suas dinâmicas) aparece hoje, 9 anos após o lançamento da Carta, como a célula importante de vital multiplicação em um mundo ideal, onde existem políticas públicas, ordem social, legislações e práticas de atenção pelo humano, relações harmônicas entre culturas diferentes, cultura de paz, afirmação de minorias, cultura de respeito e ação solidária colaborativa perante os demais países do globo, principalmente menos favorecidos. Não podemos esquecer da ministra extrativista, que pagou com o seu posto o preço para que a devida atenção fosse culminantemente dada ao meio ambiente e Amazônia, culminando na derrocada significativa do índice de destruição de florestas e na difusão da utopia tão necessária do desmatamento zero. Não esqueçamos da vigília pela Amazônia no Senado e do exemplo de artistas e sociedade no compromisso pela conservação da nossa Amazônia global.
No mais, importante ressaltar que uma das bases para o impulso da Carta da Terra, a que aqui classificamos “número 4)”, diz respeito aos “Ensinamentos das grandes religiões da Terra”, que não foram capazes ainda de gerar empoderamento em prol da unidade e poder de aglutinação para benevolência mundial. O que estará acontecendo? Ao que parece, as Revelações são perfeitas, porém as elites religiosas que criam e enfatizam os “ismos” ainda resistem em compreender a unidade e convergência das mensagens contidas na essência das 9 grandes fés mundiais: africana, hinduísta, judaica, zoroastriana, budista, cristã, islâmica, babí e bahá´í - todos convergindo para a fé em um Deus único e para a prática do amor. Esta seria a base em aberto dos 9 anos da Carta, o hiato do tema, para uma grande convergência mundial em prol da vida. Faltou nesses 9 anos, à grande maioria dos religiosos de toda a Terra (e às pessoas de bem), a ousadia das elites econômicas em prol da preservação do seu sistema insustentável.


*Alexandre Wahbe é empreendedor social, escritor e palestrante
Presidente da Fundação de Desenvolvimento Sustentável do Cantão
Endereço: Avenida Goiás número 66 Pium-TO CEP 77570000

domingo, 21 de junho de 2009

Big Brother Brasil Educa


Numa discussão sobre o Big Brother Brasil - que a cada edição bate recordes de audiência - provoquei várias caretas ao dizer que considero o programa uma oportunidade fantástica de aprendizado. Quase apanhei. Mas expliquei que tudo depende de como o espectador encara o programa.
Se você procura mais que simples entretenimento, consegue assistir o BBB de olho no impacto e influência de cada participante sobre os demais.
Ah, eles são vazios? São. Mas são gente como a gente. Você tem ali uma inestimável aula de antropologia, de sociologia, de política, com exemplos claros de como funciona a vida em sociedade. Verá os conflitos, as intrigas, a dissimulação, as mentiras, a manipulação, a generosidade, o medo - todos aqueles pequenos truques, pecados e atitudes com os quais convivemos no dia-a-dia. Está tudo ali, exposto pra quem quiser ver. E aprender. Assistindo o Big Brother Brasil como uma vitrine de comportamento você aplicará seu tempo em aprendizado.
Mas se você escolher assistir o BBB como mero entretenimento, ou pra ver as bundas das moças ou os muques dos moços, quem fica com quem, quem fica bêbado ou uma baixaria qualquer, terá aplicado seu tempo apenas em fofoca.
O Big Brother Brasil só é um sucesso estrondoso de audiência por explicitar claramente nossas fraquezas e atender àquele irresistível impulso que todos temos para o "voyeurismo": o espiar os outros sem ser notado. Quem escolhe se vai aprender com isso é você.
Bem, antes que venham as pedradas, deixa eu dizer onde começou esta reflexão: li num artigo recente que somente dez por cento da população tem disposição para aprendizado. São as pessoas que vão atrás, que gostam, que sentem prazer em aprender. Os outros noventa por cento nunca vão se importar em ampliar seus conhecimentos e habilidades até que sejam obrigados a isso, por pressão do trabalho por exemplo. Só dez por cento, já pensou? E justamente hoje, quando vivemos naufragados em informação. Nesse cenário é preciso refletir sobre um processo fundamental: o da educação continuada.
Aprender continuamente, estudar continuamente, é a única forma de enriquecer nossa capacidade de análise, de compreensão do mundo e detomada de decisão. De lutar para não ser eterna vítima de quem sabe como manipular as pessoas. Mas esse "estudar" não deve ser entendidoapenas como frequentar uma sala de aula com professor ou mergulhar num livro de matemática. Você pode estudar lendo um romance ou uma história em quadrinhos. Assistindo um filme de aventura. Ouvindo rock. Observando as pessoas que passam pela rua. Ou seus colegas aí ao lado. É a predisposição para aprender que confere aos acontecimentos um sentido pedagógico, sacou? A capacidade pedagógica não está no acontecimento em si, mas na escolha que você faz diante dele. Assim, é possível assistir ao programa do Gugu ou da Luciana Gimenez (nunca inteiros, é verdade), por exemplo. São fantásticas oportunidades de estudar como - através de um rótulo de "entretenimento" - a televisão aliena as pessoas.
"Entretenimento" é desculpa para tudo. Exime quem produz o lixo - no jornal, na revista, no livro, no rádio, na televisão, no teatro, no cinema, na música e na internet -, de qualquer responsabilidade com algo além de "matar o tempo" das pessoas. Um pecado...
No entanto, o dono de seu tempo é você. Você escolhe o que fazer com ele. Você escolhe para quem vai dar atenção. Você escolhe seu olhar. O Big Brother Brasil é um projeto milionário muito bem sucedido. Por mais que você esperneie, vai continuar no ar, batendo recordes até a fórmula se esgotar. "Matará o tempo" de 90% das pessoas que o assistem.
Mas os 10% dispostos a aprender farão dele uma aula.
Luciano Pires
COMENTE ESTE TEXTO:

sábado, 20 de junho de 2009

Envelhecer


Pontos de vista de George Carlin sobre envelhecer
Você sabia que a única época da nossa vida em que gostamos de ficar velhos é quando somos crianças? Se você tem menos de 10 anos, você está tão excitado sobre envelhecer que pensa em frações.
Quantos anos você tem? Tenho quatro e meio! Você nunca terá trinta e seis e meio. Você tem quatro e meio, indo para cinco! Este é o lance!
Quando você chega à adolescência, ninguém mais o segura. Você pula para um número próximo, ou mesmo alguns à frente. 'Qual é sua idade?'
'Eu vou fazer 16!' Você pode ter 13, mas (tá ligado?) vai fazer 16!
E aí chega o maior dia da sua vida! Você completa 21! Até as palavras soam como uma cerimônia: VOCÊ ESTÁ FAZENDO 21. Uhuuuuuuu!
Mas então você 'se torna' 30. Ooooh, que aconteceu agora? Isso faz você soar como leite estragado! Ele 'se tornou azedo'; tivemos que jogá-lo fora. Não tem mais graça agora, você é apenas um bolo azedo. O que está errado? O que mudou?
Você COMPLETA 21; você 'SE TORNA' 30; aí você está 'EMPURRANDO' 40. Putz! Pise no freio, tudo está derrapando! Antes que se dê conta, você CHEGA aos 50 e seus sonhos se foram.
Mas, espere! Você ALCANÇA os 60. Você nem achava que poderia!
Assim, você COMPLETA 21; você 'SE TORNA' 30, 'EMPURRA' os 40, CHEGA aos 50 e ALCANÇA os 60.
Você pegou tanto embalo que BATE nos 70! Depois disso, a coisa é na base do dia-a-dia; 'Estarei BATENDO aí na 4ª feira!'
Você entra nos seus 80 e cada dia é um ciclo completo; você bate no lanche, a tarde se torna 4:30; você alcança o horário de ir para a cama. E não termina aqui. Entrado nos 90, você começa a dar marcha à ré; 'Eu TINHA exatos 92.'
Aí acontece uma coisa estranha. Se você passa dos 100, você se torna criança pequena outra vez. 'Eu tenho 100 e meio!'
Que todos Vocês cheguem a um saudável 100 e meio!!
COMO PERMANECER JOVEM
Livre-se de todos os números não-essenciais. Isto inclui idade, peso e altura. Deixe os médicos se preocupar com eles. É para isso que você os paga.
Mantenha apenas os amigos alegres. Os ranzinzas só deprimem.
Continue aprendendo. Aprenda mais sobre o computador, ofícios, jardinagem, seja o que for, até radio-amadorismo. Nunca deixe o cérebro inativo. 'Uma mente inativa é a oficina do diabo'. E o nome de família do diabo é ALZHEIMER.
Aprecie as coisas simples.
Ria sempre, alto e bom som! Ria até perder o fôlego.
Lágrimas fazem parte. Suporte, queixe-se e vá adiante. As únicas pessoas que estão conosco a vida inteira somos nós mesmos. Mostre estar VIVO enquanto estiver vivo.
Cerque-se daquilo que ama, seja família, animais de estimação, coleções, música, plantas, hobbies, seja o que for. Seu lar é seu refúgio.
Cuide da sua saúde: se estiver boa, preserve-a. Se estiver instável, melhore-a. Se estiver além do que você possa fazer, peça ajuda.
Não 'viaje' às suas culpas. Faça uma viagem ao shopping, até o município mais próximo ou a um país no exterior, mas NÃO para onde você tiver enterrado as suas culpas.
Diga às pessoas a quem você ama que você as ama, a cada oportunidade.
E, LEMBRE-SE SEMPRE:
A vida não é medida pela quantidade de vezes que respiramos, mas pelos momentos que nos tiram a respiração.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Tem sempre presente


Tem sempre presente,
Que a pele se enruga,
Que o cabelo se torna branco,
Que os dias se convertem em anos,
Mas o mais importante não muda!
Tua força interior e tuas convicções
Não têm idade.

Teu espírito é o espanador
De qualquer teia de aranha.
Atrás de cada linha de chegada,
Há uma de partida.
Atrás de cada trunfo,
Há outro desafio.

Enquanto estiveres vivo,
Sente-te vivo.
Se sentes saudades do que fazias,
Torna a fazê-lo.
Não viva de fotografias amareladas.
Continua,
Apesar de todos esperarem que abandones.
Não deixes que se enferruje
O ferro que há em você.

Faz com que em lugar de pena,
Te respeitem.
Quando pelos anos não consigas correr,
Trota.

Quando não possas trotar,
Caminha.
Quando não possas caminhar,
Usa bengala.
Mas Nunca te Detenhas!

Madre Tereza de Calcutá

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Palavras mudam o mundo


PALAVRAS MUDAM O MUNDO: APRENDA A DIZER A SUA PALAVRA
Rosali K’Sun*
O pensamento e a educação, entendida sob o ponto de vista holístico (holos, o todo) já vem sendo introduzida na humanidade há muito tempo, praticamente desde os primeiros questionadores e anárquicos da ordem e dos costumes. A evolução acontece numa falha de sistema, uma pequena ruptura já é o suficiente para a entrada de um novo conteúdo.Os pioneiros, quando atuantes, sempre andam no fio da navalha: é um delicado equilíbrio entre a vida e a morte, ou seja, estar entre dois mundos: o velho e o novo. Isto equivale a um malabarismo quase circense > com a diferença de que o suor de um é recompensado com aplausos/glamour e do outro com fogueira/guilhotina/exílio. Mas não há como calar um pioneiro... “se me prendem vivo, eu escapa morto” é o grito de ordem latente no cérebro de uma pessoa de vanguarda, convicta de seu papel na história da humanidade local, regional ou mundial.
Aprender a Dizer a sua Palavra é uma frase de efeito, mas também é a introdução ao prefácio assinado pelo Professor Ernani Maria Fiori (ilustre professor de filosofia da UFRGS, falecido em 1986) constando no livro de Paulo Freire “Pedagogia do Oprimido”, ano de 1967.
Numa abordagem panorâmica do texto, o Professor fala que aprender a dizer nossa palavra passa pelo ato de nos autoconfigurar responsavelmente e, em seqüência, diz que a verdade do opressor reside na consciência do oprimido. Passados quarenta e dois anos e o texto ainda é atualíssimo! Há preciosidades de entendimento sobre nossas atuações cotidianas, tais como:“A prática da liberdade só encontrará adequada expressão numa pedagogia em que o oprimido tenha condições de, reflexivamente, descobrir-se e conquistar-se como sujeito de sua própria destinação histórica.” E ressaltamos também este outro trecho: “Talvez seja este o sentido mais exato da alfabetização: aprender a escrever sua vida, como autor e como testemunha de sua história, isto é, biografar-se, existenciar-se, historicizar-se.” Agradável sintonia e sincronicidade, talvez as teias da vida, (conforme Fritjof Capra) que nos levam a acreditar que as PALAVRAS CURAM!!!
Palavras mudam o Mundo! É sabido que na fala humana estão marcadas as vibrações dos pensamentos, sentimentos e emoções as quais foram formatadas pelo vento interno do SER – o Sopro. A cultura tupy guarani diz que uma palavra é como uma flecha viva que, uma vez pronunciada, procura realizar sua essência. Um conjunto de palavras emitidas através de um conceito, uma notícia, um discurso, uma palestra, etc. deixam a atmosfera impregnada da essência daquilo que foi dito. E as mesmas são de responsabilidade de quem as profere...
Aprendendo a dizer a nossa palavra com intenções claras e objetivas, calcadas em intenções de um cuidado amoroso, compassivo e produtivo, ajudamos a formatar a Alma do Mundo (o que é mais sutil, metafísico, para nós). Isto é o que entendemos ser a síntese do alerta do Professor Ernani M. Fiori e de tantos outros filósofos contemporâneos ou ancestrais. Na prática diária, ao exercitarmos o poder das palavras com sabedoria e consciência ajudamos a criar os ambientes e o mundo que queremos. A verbalização, ou seja - o verbo em ação – é o fator determinante do nosso mundo atual, pessoal e global.
PALAVRAS QUE CURAM, faça desta prática a sua doação ao mundo! Namastê
* Rosali K’Sun, pós graduada em Ecologia Humana, educanda no Colégio Internacional dos Terapeutas, na modalidade de terapeuta ambiental.
Rosali Kellermann Sunfone: (51) 8422-7079
reposição energética e orientações funcionais

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Quando nasce o amor?

Colaboração de Denise Tellier Sartori
Quando nasce o amor?
Quando estamos carentes e alguém se aproxima com as mãos estendidas
Ou quando nos abrimos para a vida e despertamos paixões?
Será que existe uma lógica no amor?
Somos nós quem decidimos a hora de amar
Ou o amor é realmente um laço
Um passo para a armadilha?
Se podemos viver o amor porque nos ausentamos
Por que nos decepcionamos tanto e queremos fugir dele
Por que apostamos tanto em alguém e chegamos ao ponto
De transferir nossa felicidade para outras mãos...
Será medo da realidade, uma fuga de nós mesmos...
Será que é possível viver um amor onde apenas a verdade
E somente a verdade seja a base da relação...
Será que devemos evitar a máscara que colocamos no amor?
Será que devemos ser tão realistas e secos para evitar a dor?
A dor, o amor, o calor, o desejo, o momento, a vida,
Uma explosão de todas as cores, de todos os sentidos,
Se você não se lembra mais... o amor provoca vertigens...
Espalha fogo por todos os lados,
É um querer até sem querer
É uma transformação radical em nosso metabolismo físico, Mental e espiritual
Quando amamos chegamos mais perto dos anjos...
Por isso, se tiver que optar entre o vazio da razão
Por medo de sofrer uma decepção e amargar meu dia,
Ainda assim, prefiro o risco do amor
Que embeleza a vida, dá motivação renovada
E transforma o mundo, as pessoas e as atitudes
Deixando tudo mais bonito, leve e eterno.
O amor é eterno mesmo quando dura pouco.
A emoção nunca se perde... as pessoas se vão... partem...
Mas fica sempre um perfume de saudade
Fica sempre uma recordação gostosa
Por isso, amar sempre vale a pena...
(Autoria desconhecida)

terça-feira, 16 de junho de 2009

Os rituais


OS RITUAIS QUE NOS DEVORAM A CADA DIA
Era uma vez um caçador que contratou um feiticeiro para ajudá-lo conseguir alguma coisa que pudesse lhe facilitar o trabalho nas caçadas.
Depois de alguns dias, o feiticeiro lhe entregou uma flauta mágica que, ao ser tocada, enfeitiçava os animais, fazendo-os dançar.
Entusiasmado com o instrumento, o caçador organizou uma caçada, convidando dois outros amigos caçadores para a África. Logo no primeiro dia de caçada, o grupo se deparou com um feroz tigre. De imediato, o caçador pôs-se a tocar a flauta e, milagrosamente, o tigre que já estava próximo de um de seus amigos, começou a dançar. Foi fuzilado a queima roupa.
Horas depois, um sobressalto. A caravana foi atacada por um leopardo que saltava de uma árvore. Ao som da flauta, contudo, o animal transformou-se, ficando manso e dançou. Os caçadores não hesitaram e mataram-no com vários tiros. E foi assim, a flauta sendo tocada, animais ferozes dançando, caçadores matando.
Ao final do dia, o grupo encontrou pela frente, um leão faminto. A Flauta soou, mas o leão não dançou. Ao contrário, atacou um dos amigos do caçador flautista, devorando-o. Logo depois, devorou o segundo. O tocador, desesperadamente, fazia soar as notas musicais, mas sem resultado algum. O leão não dançava. E enquanto tocava e tocava o caçador foi devorado também.
Dois macacos, em cima de uma árvore próxima, a tudo assistiam. Um deles "falou" com sabedoria:
— Eu sabia que eles iam se dar mal quando encontrassem o surdinho...
Moral da Historia:• Não confie cegamente nos métodos que sempre deram certo;
• Um dia, em dado contexto eles podem falhar...
• Tenha sempre planos de contingência, cultive a flexibilidade;
• Prepare alternativas para as situações imprevistas, seja criativo e tenha equilíbrio emocional;
• Preveja tudo que pode dar errado e prepare-se, tenha visão de futuro;
• Esteja atento às mudanças e não espere as dificuldades para agir, pois pode ser tarde demais."Cuidado com os leões surdos".

segunda-feira, 15 de junho de 2009


† Marechal Waldemar Levy Cardoso
04 dez 1900 – 13 mai 2009
Detentor do Bastão de Comando da Força Expedicionária Brasileira
Decano da Ordem dos Velhos Artilheiros
Sócio Honorário - Instituto de Geografia e História Militar do Brasil
Patrono de Cadeira da Delegacia da AHIMTB de Sorocaba e Região
Israel Blajberg (*)
No dia 13 de maio de 2009 a Família, o Exército e o Brasil sofreram uma grande perda. Os 108 anos de vida do já saudoso Marechal LEVY foram marcados pela luta incessante em prol dos ideais libertários e democráticos.
Desde 1921 quando saiu da Escola Militar, passando pelas glorias alcançadas na FEB, até idade tão avançada manteve elevada vibração, ardor e patriotismo, ele que era o mais antigo Veterano da Força Expedicionária Brasileira, combatendo na Itália para que a Humanidade pudesse viver em paz.
Duas coincidências refletem seu merecimento, por desígnios do Altíssimo, justamente quando ingressa no Mundo Vindouro. Os dias que correm revestem-se de profundo simbolismo, ligado a sua historia de luta pela Liberdade, através de 2 efemérides marcantes:
13 de maio foi quando a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, registrando o ainda o calendário judaico o 34º. dia do período de 7 semanas em que os hebreus deixaram a escravidão do Egito, recordando a jornada do Povo de Israel, o Êxodo para o Sinai, onde Moises recebeu as Tabuas da Lei.
Marechal Levy participou dos principais movimentos revolucionários nacionais, desde a revolta de 24, passando por 1930, a Intentona Comunista de 35, até 1964.
Na Itália como Tenente Coronel aos 44 anos comandou o Primeiro Grupo do 1º. Regimento de Obuses Auto-Rebocados da Força Expedicionária Brasileira, participando da Tomada de Monte Castelo, Montese e Castelnuovo com o apoio de fogos à Infantaria.
Passou para a reserva em 1966, após rica carreira militar onde exerceu importantes comissões. Foi Adido Militar na França. Presidiu o Conselho Nacional do Petróleo em 1967/68 e a Petrobrás em 1969. Como Veterano mais antigo e de maior precedência, era Detentor do Bastão de Comando da FEB, e ainda Decano da Ordem dos Velhos Artilheiros, que congrega os integrantes da Arma de Mallet.
Era uma tradição o comparecimento do Marechal ao Forte de Copacabana no Dia de Santa Bárbara, que coincide com a reunião da Ordem dos Velhos Artilheiros, da qual era o Decano.
Almoço Festivo, tantas vezes reuniu Artilheiros da Ativa e da Reserva em torno do carismático e sereno Marechal, que residia nas proximidades, na Rua Toneleros. Sua presença conferia um clima todo especial ao evento.
No Cassino dos Oficiais, o Marechal Levy recebia o Bastão de Comando da FEB, como mais antigo ex-combatente, e da janela comandava uma Salva Festiva. Pensativo, contemplando os obuseiros em posição, certamente recordava antigas manobras, quando comandava a Ordem de Fogo para as suas Baterias.
Depois do “Parabéns” o Marechal apagava as velas e agradecia sempre emocionado mas com voz clara e forte, encerrando-se a festa com a Canção da Artilharia.
Carioca da Rua Evaristo da Veiga no centro do Rio de Janeiro, seu pai era filho de portugueses e sua mãe a jovem professora Stella Levy, descendente de judeus do Norte da África.
Dizia haver Santa Bárbara salvo a sua vida na guerra. A Santa é a padroeira da artilharia, e seu dia é celebrado em 4 de dezembro, mesmo dia do aniversário do marechal.
Com Da. Maria da Glória, falecida em 2006 teve 3 filhos que lhes deram 11 netos, 15 bisnetos e tataranetos: Miriam, casada com o General Antônio Joaquim Soares Moreira, também da Arma de Artilharia, Cláudio e Roberto, este já falecido.
Que a memória da sua rica existência sirva de exemplo e guia para as futuras gerações.
Nascido no dia da Santa, falecido no Dia da Abolição, durante as 7 semanas recordando a jornada de um povo liberto, que a sua alma faça parte da corrente da vida eterna.

domingo, 14 de junho de 2009

A contaminação por bisfenol-A (BPA)

Estudo confirma a contaminação por bisfenol-A (BPA) a partir de garrafas plásticas
Em num novo estudo [Use of Polycarbonate Bottles and Urinary Bisphenol A Concentrations] da Harvard School of Public Health (HSPH) pesquisadores descobriram que os participantes que, ao longo de uma semana, beberam em garrafas de policarbonato, comumente usado garrafas plásticas e mamadeiras, apresentaram um aumento de dois terços da substância química bisfenol-A (BPA) na urina.
A reportagem é de Henrique Cortez e publicada por EcoDebate, 25-05-2009.A exposição ao BPA, utilizado na fabricação de policarbonato e outros plásticos, pode interferir com a reprodução e desenvolvimento e também tem sido associada com doenças cardiovasculares e diabetes em seres humanos.
O estudo é o primeiro a demonstrar que beber em garrafas de policarbonato (em garrafas plásticas o policarbonato pode ser identificado pelo código de reciclagem número 7) aumenta o nível de BPA na urina.
Estudos anteriores já haviam demonstrado que ferver garrafas plásticas acelera a liberação de substâncias tóxicas, mas este novo estudo demonstra que isto também ocorre durante o consumo de líquidos frios.
Numerosos estudos têm mostrado que o BPA age como um disruptor endócrino, incluindo o início precoce da maturação sexual, desenvolvimento e tecidos alterados na organização da glândula mamária e diminuição da produção espermática. Pode ser mais prejudicial nas etapas de desenvolvimento precoce.
Os dados do estudo são particularmente preocupantes, considerando que as crianças e adolescentes são grandes consumidores de bebidas envasadas em garrafas de policarbonato. Crianças e adolescentes são especialmente sensíveis à desregulação endócrina potencialmente causada pelo BPA.
O Canadá proibiu o uso de BPA em mamadeiras em 2008 e alguns fabricantes de garrafas de policarbonato, sob pressão dos consumidores, estão, voluntariamente, eliminando a presença do bisfenol-A em seus produtos. Com a crescente evidência dos potenciais efeitos nocivos do BPA em humanos e diante da contaminação mesmo em bebidas frias, também torna-se necessário investigar o efeito do BPA em lactentes, em distúrbios reprodutivos e no desenvolvimento do câncer de mama em adultos.
O estudo “Use of Polycarbonate Bottles and Urinary Bisphenol A Concentrations” foi publicado no Environmental Health Perspectives e está disponível.
Para mais informações, veja EcoDebate e Nosso Futuro Roubado
Original em: http://transnet.ning.com/profiles/blog/show?id=2018942%3ABlogPost%3A31940&xgs=1

sábado, 13 de junho de 2009

Lei do Caminhão de Lixo.


Um dia peguei um taxi e fomos direto para o aeroporto. Estávamos rodando na faixa certa quando de repente um carro preto saltou do estacionamento na nossa frente. O motorista do taxi pisou no freio, deslizou e escapou do outro carro por um triz! O motorista do outro carro sacudiu a cabeça e começou a gritar para nós. O motorista do taxi apenas sorriu e acenou para o cara.
E eu quero dizer que ele o fez bastante amigavelmente. Assim eu perguntei: 'Porque você fez isto? Este cara quase arruína o seu carro e nos manda para o hospital!' Foi quando o motorista do taxi me ensinou o que eu agora chamo 'A Lei do Caminhão de Lixo." Ele explicou que muitas pessoas são como caminhões de lixo. Andam por ai carregadas de lixo, cheias de frustrações, cheias de raiva, e de desapontamento.
À medida que suas pilhas de lixo crescem, elas precisam de um lugar para descarregar, e às vezes descarregam sobre a gente. Não tome isso pessoalmente. Apenas sorria, acene, deseje-lhes bem, e vá em frente.
Não pegue o lixo delas e espalhe sobre outras pessoas no trabalho, em casa, ou nas ruas.
O princípio disso é que pessoas bem sucedidas não deixam os caminhões de lixo estragarem o seu dia.
A vida é muito curta para levantar de manhã com sentimentos ruins, assim... Ame as pessoas que te tratam bem. Ore pelas que não o fazem.
A vida é dez por cento o que você faz dela e noventa por cento a maneira como você a recebe!
Recebido por e-mail sem a citação da autoria

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Dia dos namorados


"Nascestes juntos e juntos ficareis para sempre.

Estereis juntos quando as asas brancas da Morte acabarem com os vossos dias.

Estareis juntos mesmo na memória silenciosa de Deus.

Mas que haja espaços na vossa união e que os ventos celestiais possam dançar entre vós.

Amai-vos um ao outro, mas não façais do amor uma prisão;

Deixa antes que seja um mar ondulante entre as margens das vossas almas.

Enchei a taça um do outro, mas não bebais de uma só taça.

Parti o vosso pão ao meio, mas não comais do mesmo pão.

Como as cordas de uma lira estão sozinhoas embora vibrem ao som da mesma música.

Entregai os vossos corações, mas não ao cuidados um do outro.

E ficai juntos, mas não demasiados juntos, pois os pilares do tempo estão afastados, e o carvalho e o cipreste não crescem á sombra um do outro...

Gibran Kahlil Gibran "em "O Profeta".
Minha homenagem à minha namorada, amor da minha vida: Denise Tellier Sartori

quinta-feira, 11 de junho de 2009

O Poder da educação

Conta-se que o legislador Licurgo foi convidado a proferir uma palestra a respeito de educação.
Aceitou o convite, mas pediu, no entanto, o prazo de seis meses para se preparar.
O fato causou estranheza, pois todos sabiam que ele tinha capacidade e condições de falar a qualquer momento sobre o tema. E por isso mesmo, o haviam convidado.
Transcorridos os seis meses, compareceu ele perante a assembléia em expectativa.
Postou-se à tribuna, e logo em seguida entraram criados portando quatro gaiolas.
Em cada uma havia um animal, sendo duas lebres e dois cães.
A um sinal previamente estabelecido, um dos criados abriu a porta de uma das gaiolas e uma pequena lebre, branca, saiu a correr espantada.
Logo em seguida, outro criado abriu a gaiola em que estava o cão e este saiu em desabalada carreira ao encalço da lebre.
Alcançou-a com destreza, trucidando-a rapidamente.
A cena foi dantesca e chocou a todos. Uma grande comoção tomou conta da assembléia e os corações pareciam saltar do peito.
Ninguém conseguia entender o que Licurgo desejava com tal agressão.
Mesmo assim ele nada falou. Tornou a repetir o sinal convencionado e outra lebre foi libertada. A seguir outro cão.
O povo mal continha a respiração. Alguns mais sensíveis levaram as mãos aos olhos para não ver a reprise da morte bárbara do indefeso animalzinho que corria e saltava.
No primeiro instante o cão investiu contra a lebre. Contudo, em vez de abocanhá-la, deu-lhe com a pata e ela caiu.
Logo se ergueu e se pôs a brincar.
Para surpresa de todos, os dois ficaram a demonstrar tranqüila convivência, saltitando de um lado para outro.
Então, e somente então Licurgo falou:
“- Senhores, acabais de assistir a uma demonstração do que pode ser a educação. Ambas as lebres são filhas da mesma matriz, foram alimentadas igualmente e receberam os mesmos cuidados. Assim, igualmente os cães. A diferença entre eles reside simplesmente na educação.”
E prosseguiu vivamente o seu discurso dizendo das excelências do processo educativo.
“- A educação, baseada numa concepção exata da vida, transformaria a face do mundo.”
Devemos educar nosso filho, esclarecer sua inteligência, mas, antes de tudo, devemos falar ao seu coração, ensinando-o a despojar-se das suas imperfeições.
Lembremo-nos de que a sabedoria, por excelência, consiste em nos tornarmos melhores.
Licurgo foi um legislador grego que deve ter vivido no século quarto antes de Cristo.
O verbo educar é originário do latim educare ou educcere e quer dizer extrair de dentro.
Percebe-se, portanto, que a educação não se constitui em mero estabelecimento de informações, mas sim de trabalhar as potencialidades interiores do ser, a fim de que floresçam a semelhança de bela e perfumada flor.

Autoria: equipe de redação do Momento Espírita, com base no livro “Depois da Morte” de Léon Denis.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Sobre a Vírgula



Sobre a Vírgula: Muito legal a campanha dos 100 anos da ABI (Associação Brasileira de Imprensa).
Vírgula pode ser uma pausa... ou não.
Não, espere. Não espere.

Ela pode sumir com seu dinheiro.
23,4. 2,34.

Ela pode ser autoritária
Aceito, obrigado. Aceito obrigado.

Pode criar heróis.
Isso só, ele resolve. Isso só ele resolve.

E vilões.
Esse, juiz, é corrupto. Esse juiz é corrupto.

Ela pode ser a solução.
Vamos perder, nada foi resolvido. Vamos perder nada, foi resolvido.

A vírgula muda uma opinião.
Não queremos saber. Não, queremos saber.

Uma vírgula muda tudo.
ABI: 100 anos lutando para que ninguém mude uma vírgula da sua informação.

Detalhes Adicionais:
SE O HOMEM SOUBESSE O VALOR QUE TEM A MULHER ANDARIA DE QUATRO À SUA PROCURA.
Se você for mulher, certamente colocou a vírgula depois de MULHER. Se você for homem, colocou a vírgula depois de TEM.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Civilização ou "Sifilização"?


Gripe, pesticidas e transgênicos. Manifestações da crise civilizacional. A cada dia se torna mais difícil distinguir entre as mortes provocadas por agentes naturais externos e as mortes geradas no interior da sociedade industrial. As recorrentes pandemias que atingem a humanidade são resultantes de uma determinada matriz civilizatória industrial.
O artigo é de Victor M. Toledo, pesquisador do Instituto de Ecologia da Universidade Nacional Autônoma de México (UNAM), em artigo para o Página/12, 08-05-2009. A tradução é do Cepat.Eis o artigo.
Hoje, como no passado, a humanidade enfrenta uma nova pandemia de microorganismo, o qual, entretanto, não é senão uma fração de outra que se poderia chamar de suprema ou estrelar. A grande pandemia é sem dúvida a que nós mesmos, como espécie biológica provocamos nos últimos tempos. A espécie humana desafiou as leis do ecossistema.
De aproximadamente 1 bilhão de seres humanos que existiam em 1900 se passou aos 6 bilhões nesta década. Que planeta pode suportar essa insólita expansão? Do ponto de vista ecológico, manter essa gigantesca população significa travar permanentemente duríssima batalha contra os organismos que buscam se aproveitar desta situação anômala e, especialmente contra a gama conhecida de microorganismos: fungos, bactérias, vírus, retrovírus e viróides.
A grande pandemia, não é, entretanto, apenas demográfica, mas também diz respeito ao que podemos chamar de matriz civilizatória industrial, e inclui desde a visão moderna de mundo até aos desenhos tecnológicos e os mecanismos de acumulação implícitos ao desenvolvimento do capitalismo.
Não se pode apenas socorrer-se em Malthus, sem invocar Marx. O mundo de hoje necessita deter tanto o crescimento descomunal da população humana como transformar radicalmente o modelo de civilização. Hoje, os riscos não provêem unicamente de fora. A gripe estacional que a cada ano brota nos invernos dos dois hesmiférios tira a vida de 250 mil a 500 mil pessoas, é verdade, mas os carros matam anualmente 1 milhão de pessoas e os acidentes deixam entre 25 a 30 milhões de pessoas feridos a cada ano. Se a Aids mantém infectada a uma população estimada em 33 milhões de pessoas, das quais anualmente morrem 2 milhões, os pesticidas criados nos laboratórios químicos afetam, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a 2 milhões de pessoas e matam anualmente 200 mil.
A cada dia se torna mais difícil distinguir entre as mortes provocadas por agentes naturais externos e as mortes geradas no interior da sociedade industrial. As gripes, por exemplo, são enfermidades geradas por vírus que são criações naturais e industriais. Os vírus das gripes é o resultado da combinação endiabrada de formas que tem ido dos humanos às aves e aos porcos, do movimento entre esses últimos, e o do retorno aos humanos em ciclos dominados pelo acaso (as mutações) que se repetem silenciosamente e perigosamente por todo o planeta.
Este fenômeno se vê promovido e acentuado pela existência de gigantescos confinamentos mediante os quais a produção industrial gera os alimentos cárnicos (de aves, porcos, bovinos, etc). Os campos de concentração animal, que são cada vez mais a base da maquinaria industrial produtora de alimentos, que concentram milhões e centenas de milhões de animais para o seu sacrifício, são verdadeiros focos para a incubação, mutação e recombinação de vírus, como o da gripe.
E as cifras são impressionantes. A espécie humana mantém ao redor de dois bilhões de porcos, 85% dos quais estão na China, Europa e Estados Unidos. A cada semana as bocas humanas consomem 23 milhões de porcos, boa parta dos quais provêem de confinamentos massivos. Monopólios e monocultivos são duas formulações fortemente semelhantes desde o surgimento do capitalismo. Os coquetéis para a gestação de novas formas virais estão, pois, a luz do dia nas granjas industrializadas do mundo, não apenas dos porcos, mas das aves (a gripe aviária) e a dos bovinos (lembre-se do mal das vacas loucas).
O risco de enfermidade não apenas está ligado às cadeias alimentares (e aqui a necessidade de criar e ampliar sistemas agroecológicos de produção de alimentos sadios). Os diferentes ramos industriais geraram substancias tóxicas (apenas na Europa foram inventadas 40 mil) que estão demonstrando que são a causa, ou parte dela, de novas doenças, como certos tipos de câncer, alergias e estado de depressão imunológica. Entre eles, destacam-se os pesticidas, utilizados principalmente nos extensos campos de cultivo agroindustrial.
Define-se um pesticida como toda substância que serve para combater os parasitas e as doenças de cultivos, do gado, de animais domésticos, e mesmo do ser humano. Os pesticidas surgiram a partir da Segunda Guerra Mundial e são compostos químicos (DDT, organoclorados, organofosforados e carbomatos) elaborados para exterminar pragas e doenças que afetam as grandes concentrações humanas e as de suas plantas e animais domesticados. Não obstante, os pesticidas não apenas afetam a saúde humana, mas também geram impactos sobre os ciclos naturais e as espécies. A estranha extinção das abelhas em extensas regiões dos Estados Unidos e da China ao que parece foram provocada por estas substâncias.
O último desenho ligado aos extensos campos de cultivos agroindustriais são os organismos geneticamente modificados (alimentos transgênicos), que são criações derivados da biotecnologia e da genômica. Ainda não está demonstrado que causam dano a quem os consome, seu perigo potencial está no fato de que se trata de um novo tipo de contaminação: a genética, cujos efeitos são muito mais difíceis de detectar e controlar. Nessa situação, o ser humano, não Deus, joga com os dados da própria vida ao introduzir no mundo da natureza organismos que podem provocar mudanças inesperadas sobre as populações das espécies domesticadas e silvestres. No México, o caso do milho transgênico é um caso chave e dramático.
Os seres humanos estão metidos em uma encruzilhada, num turbilhão de riscos, que é o resultado do tamanho descomunal da população, a qual precisa se alimentar mediante formas (agroindustriais) que facilitam, por sua vez, a proliferação de patógenos, que contaminam e afetam a saúde humana e que ameaçam provocar transformações nunca antes vistas na estrutura genética dos organismos (transgênicos). Tudo isso é parte dessa grande pandemia na qual acabaremos chegando. Qual é a cura possível das infinitas pandemias que tem matado milhares?
Fonte: IHU

Seguidores

Visualizações nos últimos 30 dias

Visitas (clicks) desde o início do blog (31/3/2007) e; usuários Online:

Visitas (diárias) por locais do planeta, desde 13/5/2007:

Estatísticas