domingo, 31 de janeiro de 2010

A idade e a mudança


Mês passado participei de um evento sobre o Dia da Mulher.

Era um bate-papo com uma platéia composta de umas 250 mulheres de todas as raças, credos e idades.

E por falar em idade, lá pelas tantas, fui questionada sobre a minha e, como não me envergonho dela, respondi.

Foi um momento inesquecível...

A platéia inteira fez um 'oooohh' de descrédito.

Aí fiquei pensando: 'pô, estou neste auditório há quase uma hora exibindo minha inteligência, e a única coisa que provocou uma reação calorosa da mulherada foi o fato de eu não aparentar a idade que tenho? Onde é que nós estamos?'

Onde não sei, mas estamos correndo atrás de algo caquético chamado 'juventude eterna'. Estão todos em busca da reversão do tempo.

Acho ótimo, porque decrepitude também não é meu sonho de consumo, mas cirurgias estéticas não dão conta desse assunto sozinhas.

Há um outro truque que faz com que continuemos a ser chamadas de senhoritas mesmo em idade avançada.

A fonte da juventude chama-se "mudança".

De fato, quem é escravo da repetição está condenado a virar cadáver antes da hora.

A única maneira de ser idoso sem envelhecer é não se opor a novos comportamentos, é ter disposição para guinadas.

Eu pretendo morrer jovem aos 120 anos.

Mudança, o que vem a ser tal coisa?

Minha mãe recentemente mudou do apartamento enorme em que morou a vida toda para um bem menorzinho.

Teve que vender e doar mais da metade dos móveis e tranqueiras, que havia guardado e, mesmo tendo feito isso com certa dor, ao conquistar uma vida mais compacta e simplificada, rejuvenesceu.

Uma amiga casada há 38 anos cansou das galinhagens do marido e o mandou passear, sem temer ficar sozinha aos 65 anos.

Rejuvenesceu.

Uma outra cansou da pauleira urbana e trocou um baita emprego por um não tão bom, só que em Florianópolis, onde ela vai à praia sempre que tem sol.

Rejuvenesceu.

Toda mudança cobra um alto preço emocional.

Antes de se tomar uma decisão difícil, e durante a tomada, chora-se muito, os questionamentos são inúmeros, a vida se desestabiliza.

Mas então chega o depois, a coisa feita, e aí a recompensa fica escancarada na face.

Mudanças fazem milagres por nossos olhos, e é no olhar que se percebe a tal juventude eterna.

Um olhar opaco pode ser puxado e repuxado por um cirurgião a ponto de as rugas sumirem, só que continuará opaco porque não existe plástica que resgate seu brilho.

Quem dá brilho ao olhar é a vida que a gente optou por levar.

Olhe-se no espelho...

Lya Luft

sábado, 30 de janeiro de 2010

A era do LHC

Conheça as preocupações dos físicos na 'era do LHC'

Algumas dezenas de cientistas se reuniram por dois dias em Los Angeles, nos Estados Unidos, a fim de conversar sobre seus mais alucinados sonhos e esperanças para o universo. Ou pelo menos era essa a ideia.

"Quero determinar as questões que serão respondidas ao longo das próximas nove décadas", disse Maria Spiropolu na véspera da conferência, conhecida como "Cúpula da Física de Universo". A esperança dela era que o encontro, promovido com o apoio de Joseph Lykken, do Laboratório Nacional Fermi de Aceleração de Partículas, e de Gordon Kane, da Universidade do Michigan, replicasse o sucesso de um discurso do matemático David Hilbert, que em 1900 estabeleceu uma agenda com as 23 questões matemáticas que precisavam ser resolvidas no século XX.

Spiropolu é professora do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), e cientista sênior no Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (Cern), nas cercanias de Genebra.

No mês que vem o Large Hadron Collider (LHC), o mais poderoso acelerador de partículas já construído, começará a promover colisões entre prótons e a gerar faíscas do fogo primevo, em um esforço para recriar as condições que predominaram no universo no primeiro trilionésimo de segundo de sua criação.

O Large Hadron Collider (LHC) é o mais poderoso acelerador de partículas já construído


Os físicos estão especulando há 30 anos quanto ao que verão quando isso acontecer. E agora a hora de desembrulhar os presentes de Natal se aproxima.

Organizada em forma de "duelos" sobre visões de mundo, mesas redondas e sessões definidas como "diatribes e polêmicas", a conferência foi descrita como um evento no qual os físicos poderiam discutir de forma irrestrita aquilo que está por acontecer, evitando as ideias convencionais e "explorando a ousadia, mesmo que sob o risco de estarem errados", de acordo com as instruções que a Dra. Spiridopolu distribuiu por e-mail aos convidados. "Queremos saber aquilo que os incomoda e aquilo que os inspira", ela acrescentou.

Para reforçar ainda mais o clima de informalidade, os participantes foram hospedados em um hotel Hyatt de Hollywood que no passado era conhecido como ¿casa da baderna¿, por conta das confusões aprontadas pelos astros de rock que lá se hospedavam.

O eclético elenco de participantes incluía Larry Page, co-fundador do Google, que estava distribuindo os novos celulares de sua empresa como presente aos amigos; Elon Musk, criador do serviço de pagamentos online PayPal e hoje empresário no setor de carros elétricos, que sediou os eventos do primeiro dia na fábrica de sua SpaceX, que está construindo foguetes que transportarão carga e, possivelmente, astronautas para a Estação Espacial Internacional; e o cineasta Jesse Dylan, autor de um documentário sobre o novo acelerador de partículas.

Em uma das tardes do encontro, o ilusionista David Blaine foi ao refeitório da SpaceX para mostrar alguns truques de cartas aos físicos. O grupo de participantes provou que funciona tão bem na área da preocupação quanto na dos sonhos. "Estamos confusos", explicou Lykken, "e o mais provável é que continuemos confusos ainda por muito tempo".

O primeiro palestrante do dia foi Lisa Randall, física teórica da Universidade Harvard que começou com uma citação de Galileu no sentido de que a Física havia evoluído mais pelo trabalho em pequenos problemas do que pela conversa sobre os maiores - uma das questões de que ela trata em seu novo sobre ciência e o acelerador de partículas.

E por isso Randall enfatizou os desafios que a disciplina terá de superar. Os físicos têm fortes expectativas e defendem teorias elegantes sobre aquilo que vão encontrar, ela disse, mas, assim que começam a observar os detalhes dessas teorias, "elas deixam de ser tão bonitas".

Por exemplo, uma das grandes esperanças é de que surja alguma explicação para o fato de que a gravidade represente uma força tão fraca, se comparada às demais forças primordiais da natureza. Como é que um simples ímã de geladeira consegue manter sua posição contra a atração gravitacional exercida por toda a Terra?

Uma solução bastante popular envolve uma hipótese sobre um suposto traço da natureza conhecido como "superssimetria", que faria com que certas discrepâncias matemáticas nos cálculos se cancelassem mutuamente, bem como produziria uma pletora de partículas até o momento não descobertas - conhecidas coletivas como "wimps", uma abreviatura da expressão em inglês para partículas dotadas de massa e com interação fraca- e, presumivelmente, uma grande safra de prêmios Nobel.

Caso proceda o que os físicos definem como "o milagre das wimps", a superssimetria poderia também explicar a misteriosa matéria escura, que segundo os astrônomos compõem 25% do universo. Mas não existe qualquer partícula de superssimetria que atenda a todas essas necessidades sozinha, apontou Randall, sem que seja preciso alterar de alguma maneira os parâmetros.

Além disso, acrescentou a estudiosa, é preocupante que os efeitos superssimétricos não se tenham demonstrado como pequenos desvios com relação às previsões da Física atual, conhecidas como Modelo Padrão. "Muita coisa não acontece", disse Randall. "Seria de esperar que tivéssemos encontrado pistas, a essa altura, mas não foi o que aconteceu".

O momento é de entusiasmo, ela concluiu, mas as respostas que os físicos procuram podem não surgir tão rápido ou com tanta simplicidade quanto muitos prefeririam. Eles devem se preparar para surpresas e problemas. "Não consigo evitar", disse Randall. "Gosto de me preocupar".

Depois de Randall veio a palestra de Kane, que se define como otimista e tentou provocar a plateia ao alegar que a Física estava a ponto de "contemplar a porção submersa do iceberg". O LHC em breve provará a superssimetria, ele afirmou, e isso permitirá que os físicos encontrem explicações sobre praticamente tudo que existe no mundo físico, ou pelo menos na Física de partículas. Mas ele e outros palestrantes foram criticados por não mostrarem ousadia suficiente nas discussões em mesa redonda que se seguiram.

Michael Turner, da Universidade de Chicago, perguntou onde estavam as grandes ideias, onde estava a paixão? Aliás, ele também perguntou onde estava o universo. O grande avanço descrito por Kane como iminente não inclui explicação para a chamada energia escura, que parece estar acelerando a expansão do universo. Kane resmungou que as soluções propostas para a energia escura não afetavam a Física de partículas.

Outras preocupações foram mencionadas. Lawrence Krauss, cosmologista da Universidade Estadual do Arizona, disse que a maioria das teorias seriam negadas. "Temos a ideia de que elas estão certas porque continuamos falando a respeito delas", disse. Não só a maioria das teorias é incorreta, disse ele, como a maioria dos dados também o são, e estão sujeitos a fortes incertezas iniciais. A história recente da Física, ele afirmou, está repleta de descobertas promissoras que desapareceram porque não foi possível repeti-las. E assim prosseguiu a discussão.

Maurizio Pierini, um jovem físico do Cern, apontou que os testes da nova Física haviam sido concebidos primordialmente para descobrir a superssimetria. "Mas e se não houver superssimetria?", ele questionou. Outra suposição automática entre os físicos - a de que a matéria escura é uma simples partícula, em lugar de todo um espectro de comportamento obscuros - pode não ser verdade, foram informados os participantes. "Será que a natureza realmente ama a simplicidade?", perguntou Aaron Pierce, da Caltech.

Neal Weiner, da Universidade de Nova York, que sugeriu a existência de forças, e não só partículas, no lado escuro, disse que até recentemente as ideias sobre a matéria escura eram propelidas por conceitos de teoria das partículas, e não por dados.

"Aprenderemos em última análise que talvez a coisa pouco tenha a ver conosco", disse Weiner. "Quem sabe o que encontraremos do lado escuro?" Em terminado momento, Mark Wise, físico teórico da Caltech, se sentiu compelido a lembrar aos colegas que o momento não é deprimente para a Física, e mencionou o LHC e outras novas experiências, realizadas no espaço e na Terra. "Não devemos chamar nossa era de deprimente", disse.

Randall imediatamente interferiu. "Concordo em que o momento é bom", disse. "Faremos progresso pensando sobre os pequenos problemas". No segundo dia, a discussão prosseguiu em um auditório da Caltech, e terminou com a exibição do filme de Dylan e com uma palestra histórica de Lyn Evans, o cientista do Cern que supervisionou a construção do LHC ao longo de 15 anos de altos e baixos, entre os quais uma desastrosa explosão logo que o complexo começou a funcionar, em 2008.

Evans parecia relaxado, e disse que "é uma bela máquina. Agora devemos permitir que a aventura da descoberta comece".

Spiropolu disse que já havia começado. Seu detector, afirmou, havia registrado 50 mil colisões de prótons durante os testes do LHC em dezembro, recapitulando boa parte da Física de partículas do século 20. Agora estamos no século 21, afirmou Spiropulu, "e tudo aquilo que discutimos nos últimos dias será necessário imediatamente".

Tradução: Amy Traduções
The New York Times
Capturado no site: http://bit.ly/bb3OSj em 29/01/2010

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Crise Paraguaia

Em 1998, gestões diplomáticas e militares do Brasil e da Argentina ajudaram a neutralizar uma tentativa de golpe do então comandante do Exército do Paraguai e candidato presidencial, general Lino Oviedo, contra o presidente Juan Carlos Wasmosy. Nos meses seguintes, diplomatas brasileiros e argentinos redigiram a chamada cláusula democrática do Mercosul, assinada pelos chefes de Estado dos quatro países titulares do bloco — os três mais o Uruguai — , e Chile e Bolívia, então associados. Ela prevê a exclusão do Mercosul do país que sofrer um rompimento da ordem institucional, atuando como um instrumento de estabilidade política.

A situação no Paraguai volta a preocupar. A decisão da Sala Constitucional da Corte Suprema de anular uma resolução do Congresso que afastava dois magistrados abriu grave crise institucional.

É a primeira vez que a mais alta instância judiciária anula o resultado de um julgamento político do Legislativo. A oposição paraguaia argumenta que isto pode abrir um precedente e vir a beneficiar o atual presidente, Fernando Lugo, numa eventual disputa com o Congresso.

É o caso de o governo brasileiro ficar atento à necessidade de atuar para esvaziar a crise no país vizinho e parceiro, tendo em mente que qualquer encaminhamento deve ser feito escrupulosamente dentro da lei e sem tomar partido.

É bom lembrar que ainda não chegou ao fim a crise em Honduras, que se tornou aguda após a decisão da diplomacia brasileira de se manter aferrada à volta ao poder do destituído presidente Zelaya, refugiado desde 21 de setembro na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa.

No episódio, o governo brasileiro alegou questões de princípio para permanecer ao lado dos países da Alba, Venezuela à frente, mostrando uma inflexibilidade diante dos EUA que chegou a dificultar, em alguns momentos, uma solução para a crise.

No caso do Paraguai, seria recomendável que o Brasil reeditasse a parceria diplomática com a Argentina, que funcionou em 1998, convidando ainda o Uruguai, para evitar um conflito entre os três Poderes em Assunção. E os bolivarianos de Brasília precisam ser contidos.

Autor(es): Agencia O Globo

Jornal O Globo - 06/01/2010

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Depois das grandes tempestades



Depois das grandes tempestades em nossas vidas, às vezes, ao invés da bonança esperada, costumamos fechar a alma para balanço. E, por mais que digamos estar disponíveis ao diálogo,bem no fundo do nosso coração colocamos uma porta.

E esta porta fica tão trancada que, se nós mesmos não a abrirmos, tornar-se-á quase que intransponível.

Como se nossa casa tivesse sido saqueada e o medo de que fosse arrombada de novo não nos deixasse viver sossegados.

Visitantes cadastrados até poderiam chegar ao jardim...

Mas passar da soleira, quem disse?

E ficamos tantas vezes nos perguntando o porquê de ninguém se aproximar muito de nós se pensamos, numa atitude de bloqueio à verdade, que estamos dando espaço para que todos nos visitem.

Fingimos não enxergar o letreiro luminoso de "passagem proibida" ou os cadeados enormes que colocamos nos portões e nos muros que erguemos ao redor de nós, porque é duro admitir que temos medo de mais experiências depois que uma, duas, três ou mil delas não deram certo.

Mas se só as pessoas sensíveis enxergam esse bloqueio, e elas são cada vez em número menor, as não tão persistentes se afastam com medo de que soltemos os cães bravos em cima delas e as ponhamos para correr.

Assim acabamos, por comodismo, ficando com as pessoas menos perigosas; com aquelas com quem sabemos que nunca chegaremos a ter envolvimento maior, até porque sua percepção não é tão aguçada para penetrar no nosso interior.

Ficamos com aquelas com quem temos menos afinidade e pouco cumplicidade, principalmente aquela que vem do fundo da alma, porque não queremos que ninguém invada a fortaleza inexpugnável dos nossos segredos, onde guardamos as mágoas, os ódios não passados a limpo e os amores mal sucedidos.

Não queremos saber de quem nos leia pensamentos e não pretendemos nos prender a nada, embora digamos sempre o contrário e saibamos que a falta das amarras num porto onde poderemos atracar quando estamos à deriva pode constituir uma bela teoria de liberdade, mas não nos gratifica, pois o ser humano não nasceu para ficar só.

Nós, hoje, mal ou bem podemos escolher nossos amores e amigos.

E que possamos escolher os melhores, e não os mais cômodos.

E que possamos, também, ter alguns inimigos e, entre os nossos conhecidos, pessoas incompatíveis conosco, porque são eles que nos ajudam a superar os nossos limites e nos botam para frente, nem que seja para que lhes mostremos do que e o quanto somos capazes.

Precisamos ter histórias para contar, sejam elas com finais tristes ou felizes.

Precisamos passar por experiências que nem sempre são gratificantes, pois uma existência passada em brancas nuvens é uma existência sem frutos.

Um dia, talvez, venhamos a entender melhor os mistérios da vida e, para chegarmos a um determinado ponto, muitas vezes teremos que passar por vários obstáculos.

Talvez entendamos que precisamos nos purificar sofrendo várias provações até conseguir nossos objetivos e receber alguma recompensa.

Algumas doutrinas religiosas e filosóficas tentam explicar porque algumas pessoas sofrem e outras são poupadas e porque alguns de nós encontram suas metades e outros passem a vida inteira a procurá-las.

Mas são explicações que talvez nós leigos, não consigamos facilmente entender.

A única coisa que podemos arriscar, é que nada acontece por acaso (ou será que acontece?).

Talvez, quando sofremos, estejamos passando por um processo de purificação que nunca será entendido ou aceito por nós enquanto estivermos vivendo a experiência.

Talvez, quando procuramos alguém ou alguma coisa, estejamos nos informando; talvez, quando encontramos tanta gente incompatível conosco, é porque, de alguma maneira, somos ou fomos as pessoas determinadas a surgir em suas vidas, seja para suportá-la, ajudá-las ou para que, através delas, aprendamos alguma lição importante: da serenidade à perseverança, da paciência à fé.

Mas, por mais que apanhemos, que nos escondamos para fugirmos da vida, de nós mesmos, dos machucados e rejeições...

Tudo passa.

O desespero nunca foi solução para nada, pois, afinal, não há mal que sempre dure e nem bem que nunca acabe.

A vida sempre seguirá dando voltas.

Tomara que saibamos aproveitar as ascensões para levantar quem estiver próximo de nós e as quedas para aprendermos a ser humildes.

Autor desconhecido - se tiver informações a respeito, por gentileza comunique-me crsabbi@gmail.com

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Franco Atirador

Franco Atirador Canadense no Afeganistão...

No filme pode-se observar algumas seqüências de franco-atiradores (snipers ) canadenses eliminando franco-atiradores talibãs, no Afeganistão.

Estes vídeos foram feitos através da luneta do spotter ( parceiro observador ) do franco-atirador , que fica à sua direita .

O atirador canadense está usando um fuzil calibre ponto 50. O cartucho tem 20 cm de comprimento e o estojo tem 2,5 cm de diâmetro. O projétil tem 0,5 polegada ( 11,25 mm ) e 1,5 polegada de comprimento.

Atente, no primeiro vídeo , que o sniper talibã está acima de um espigão de pedra e quando se ouve o tiro , veja o que sucede. Confirmaram que o sniper talibã estava a 2.310 m de distância , o que consistiu em um novo recorde mundial, já que o recorde anterior era do sniper dos marines, o legendário Carlos Hatchkock, no Vietnã, em 1967.

O canadense estava a 2.800 m de altitude e o alvo com um vale entre eles. O recorde durou somente uns dois dias .

Os franco-atiradores canadenses operam apoiando a infantaria americana . Usam o fuzil MacMillan calibre 50, com ação de ferrolho e carregador de 5 tiros .

A equipe do franco-atirador é constituída de 3 homens , que além do fuzil .50, contam com três fuzis standard C7 canadenses, um deles com lança-granadas de 203mm.

Os pedaços que você vê voando são parte dos alvos ( corpos ), dado o violento deslocamento hidrostático por causa do alto calibre e velocidade do projétil.


terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Da dor à esperança!


A fome, a sede e o cheiro da morte povoam a capital Porto Príncipe, castigada pela lentidão da ajuda humanitária. Ainda assim, os moradores tentam retomar a rotina de antes do tremor que pode ter matado 200 mil. Para matar a sede, moradores quebraram os canos da rede que abastecia as casas e lojas agora em ruínas.


Enviados especiais

Porto Príncipe – Uma semana após o terremoto que arrasou o país e deixou cerca de 200 mil mortos — até ontem, o governo haitiano confirmava 75 mil —, os 3 milhões de moradores da capital do Haiti tentam retomar a vida. Mas a insegurança, o desespero e o cheiro da morte estão por toda parte. Não existe cidade. Sobram fome e sede. O tão propagado reforço norte-americano não se traduz em benefícios à população. Os militares dos Estados Unidos controlam o aeroporto, mas não são vistos nas ruas, diferentemente das forças de outras nações. Essas, no entanto, estão em menor número e com equipamentos insuficientes para minimizar o impacto da catástrofe. Praças, campos de futebol, qualquer lugar plano e sem construção por perto virou acampamento de desabrigados.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou o envio de 10 mil homens e mulheres de suas Forças Armadas ao Haiti. Até o momento, desembarcaram no país 2 mil militares. Cerca de 5 mil estariam em um porta-aviões — que exige um batalhão para o seu funcionamento — e em outras embarcações, à espera de ordens. São principalmente médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde. Em Porto Príncipe, o Correio presenciou uma concentração de militares dos EUA apenas no aeroporto e perto de prédios como a embaixada.

Por outro lado, os norte-americanos passaram a dar ouvidos aos brasileiros à frente da Missão de Estabilização da Organização das Nações Unidas no Haiti (Minustah). A pedido dos oficiais brasileiros, os militares dos EUA mudaram a tática de entrega de suprimentos aos sobreviventes do terremoto. Suspenderam o lançamento de caixas com comida, bebida e remédio dos helicópteros. Agora, entregam donativos em pontos previamente escolhidos pelos brasileiros, que mobilizam os moradores e organizam as filas.

Assédio dos moradores

Na ausência de organização e de um grande contingente de militares, torna-se impossível entregar os donativos. “Não dá para parar e dar nada aleatoriamente, fora de um local seguro, porque rapidamente juntam 2 mil pessoas e acabam até estragando o material”, ressaltou o capitão Ítalo Gama Franco Monsores, da Aeronáutica. Ele comandou missões de ajuda humanitária pós-terremoto. A reportagem atestou a declaração do militar por mais de uma vez. Jornalistas e membros das forças de paz são cercados por moradores famintos assim que descem dos carros. Mas sem violência.

Os haitianos pedem de tudo, até máscaras cirúrgicas usadas para que se sinta menos o odor dos corpos em avançado estado de decomposição sob os escombros. Morador de Citté Soleil, a maior favela de Porto Príncipe, Fábio Júnior, 15 anos, contou que não fazia uma refeição havia cinco dias. “E quem mais não come há cinco dias ou mais?”, perguntou, em francês, o adolescente a cinco jovens ao seu redor. Todos levantaram a mão. Fábio Júnior tem esse nome por ser filho de cidadão nascido em Portugal. “Se o Brasil e os outros países não ajudarem, vão todos morrer de fome e de doenças”, apelou.

Para matar a sede, moradores quebraram os canos da rede que abastecia as casas e lojas, agora em ruínas. Munidos de baldes, eles se aglomeram ao redor das fontes que jorram do encanamento danificado. A água não é tratada. Mas os moradores do Haiti estão acostumados a essa condição: não há rede de esgoto no país, que também vive sem iluminação pública. A mesma água é vendida por ambulantes, nas ruas, em saquinhos plásticos. Nas ruas, também são encontradas canas já cortadas, tomadas por moscas. Cada pedaço sai a US$ 1.

Escombros inexplorados

Assim como não se vê nas ruas os militares norte-americanos, também não há equipes de resgate suficientes. Elas trabalham concentradas em prédios onde se tem certeza de que havia muita gente no momento do terremoto, como o hotel que abrigava os funcionários da ONU ou supermercados. Milhares de casas e lojas em ruínas não receberam a visita dos socorristas. O mau cheiro que tomou conta de avenidas inteiras, como a Boullevard JJ Dessalines, importante centro comercial de Porto Príncipe, evidencia o horror da tragédia. Há uma grande quantidade de corpos sob concreto, ferro e madeira. A maioria dos moradores desistiu de revirar os escombros em busca de sobreviventes. Alguns são vistos sobre o resto dos prédios, apenas à procura do que pode ser aproveitado em outra construção. No entanto, não há mais mortos expostos nas ruas, cena comum até dois dias atrás.

Militares brasileiros ajudaram no recolhimento dos corpos. Com a ajuda de tratores, agora constroem um imenso cemitério. Ele terá valas que cabem até 20 cadáveres. Os enterros coletivos já começaram. “Mas, antes, todos os corpos são fotografados, para uma posterior identificação por parte da ONU”, destacou o major Rafaele De Nardi, das Forças Armadas brasileiras.

Orgulhoso, o militar contou que, um dia após terremoto, o Exército do Brasil conseguiu inaugurar um orfanato que a instituição construiu em Koescofe, localidade distante uma hora e meia de carro da capital Porto Príncipe. O prédio abriga 33 crianças haitianas. “Agora, elas têm dignidade”, comentou o major. Em meio ao caos, até os moradores das localidades mais pobres de Porto Príncipe tentam retomar a vida. A reportagem viu homens e mulheres cortando os cabelos em salões de beleza improvisados ao ar livre. Grupos levantando muros de casas que sofreram pequenos danos. Marceneiros consertando móveis. Crianças correndo, brincando em meio às ruas tomadas por lixo e pelo mau cheiro dos cadáveres dentro dos prédios que vieram abaixo. Todos com fome e sede, mas com esperança.

ONU: PAÍS ESTÁ MAIS SEGURO

Edmond Mulet, chefe interino da Minustah, a missão de estabilização do Haiti comandada pela ONU, apontou ontem melhora nas condições de segurança no país. Mulet afirmou que a situação não é de caos e violência generalizada. “A ajuda humanitária está aumentando e a coordenação dessa ajuda com o governo também está melhor”, disse.

Fonte: Correio Braziliense - 20/01/2010

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

A vulgaridade está no ar



Previsível e infalível como é a natureza humana, não demorarão a surgir reclamações sobre o comercial que usa imitações do presidente Luiz Inácio da Silva e da ministra Dilma Rousseff para vender papel higiênico.

Assim que fizer as contas e perceber que a paródia vulgariza mais que populariza a dupla, além de minar a imagem de gerente competente construída para a ministra, o governo haverá de arranjar um jeito de sumir com a propaganda do ar. Até para tentar evitar que outros sigam o mesmo caminho antes que o veio se revele promissor.

Quem pode o mais – que grandes empresas invistam dinheiro na produção de um filme institucional travestido de obra de entretenimento com o objetivo assumido de passar nos cobres o proverbial ofício da bajulação – pode o menos.

Pela lógica vigente – aquela segundo a qual quando muitos erram o erro configura-se um acerto -, a rigor o governo não teria do que reclamar. O presidente Lula, aliás, é o último a poder se queixar da grosseria do vizinho.

As razões são sobejamente conhecidas. Descontadas as ocasiões de crises e escândalos em que o presidente achou por bem recolher-se ao silêncio, nos últimos anos quase todos os dias Lula tem oferecido ao País demonstrações de sua capacidade de superação no que tange à deselegância nas maneiras. De falar, de agir e até de raciocinar.

Sua carência de apreço à cerimônia em boa medida é responsável por sua popularidade. Fala como aquele “brasileiro igualzinho a você” fabulado por marqueteiros de antigas campanhas eleitorais, que não falou ao coração do eleitorado à época, mas ressurgiu bem-sucedido depois de presidente eleito em campanha em que um outro marqueteiro recomendou moderação.

Respeito é bom e todo mundo gosta. Ocorre que é preciso se dar ao respeito e respeitar a todos para receber tratamento igual em troca. O uso de linguajar chulo, de críticas tão sem freios que mais parecem desaforos, da desqualificação moral de quem dele discorde acaba levando o autor a um patamar bem abaixo de seu posto.

O presidente não se impõe limites nem sequer de cortesia. Não pode exigir ser tratado com a respeitabilidade que seria devida ao presidente da República. O resultado é a disseminação da indelicadeza.

No ambiente da chefia da nação essa rudeza não se atém aos modos, alcança também os atos. Senão, vejamos a justificativa que a Presidência da República deu para a utilização de avião da FAB para transportar de São Paulo para Brasília 15 convidados do filho do presidente, cujas identidades o governo se recusa a revelar.

Segundo a assessoria de comunicação do Palácio do Planalto o presidente tem o direito de transportar convidados porque essa é uma “prerrogativa tradicionalmente exercida no Brasil: foi assim em governos anteriores, tem sido assim no atual”.

E ponto final. Nenhum dever de observância à regra de que ao setor público o que não é expressamente permitido é proibido, nenhum constrangimento de estender a tal prerrogativa a familiares – imitando os parlamentares com a cota de passagens aéreas do Congresso –, nenhuma concessão à óbvia inadequação a critérios razoáveis de conduta.

Nem mesmo uma pequena reverência à memória dos discursos de campanha nos quais Lula prometia, se eleito, “mudar” e lutar contra “tudo isso que está aí”. Ficou, por essa resposta da assessoria, consolidada a regra de que no tocante aos maus costumes antiguidade também é posto.

Luciano Pires




domingo, 24 de janeiro de 2010

Saca?

Tenho ficado impressionado com a quantidade de mulheres sozinhas que me procuram, no consultório. Na categoria “mulheres sozinhas”, incluo também aquelas que estão em relacionamentos nos quais o parceiro está, mas não está, saca? Não? Eu também não, mas, acredite se quiser, esta é a categoria mais densamente povoada do meu gráfico relativo á população feminina da nossa espécie, no momento. Pelo menos, as que me procuram…

Como é um relacionamento no qual o parceiro está, mas não está? Ah, ele está, mas não tem compromisso nenhum de estar lá amanhã ou depois. Ele está “ficando” com ela (e com a torcida do Flamengo ao mesmo tempo) enquanto a “parada rolar”, saca?

Algumas clientes me contam o mesmo roteiro: ela estava namorando um rapaz. Daí eles se separaram. Depois da separação, “ficaram” durante algum tempo e ele arrumou outra. E agora, como estão? Eu pergunto… Ah, agora a gente tá só de “rolo”, saca?…

Vejam, em um pequeno parágrafo, temos três categorias diferentes de relacionamentos: namoro, ficar e rolo. Não sei se sei claramente o que vem ser cada uma e a diferença entre elas, mas me parece que o que as caracteriza, são os teores de comprometimento com a relação, encontrados: o baixo, o baixíssimo e o quase inexistente, que seria uma espécie de “Coca-Diet” dos relacionamentos.

Traduzindo: Ela tinha um namorado. Eles tinham um relacionamento. Havia momentos, conflitos, negociações, resoluções de conflitos, sexo, que às vezes era bom, às vezes era ruim, e às vezes não rolava. Gozo, lágrimas, cobranças, baixarias, momentos sublimes… Eles saiam juntos para ir jantar, ir ao cinema, ir visitar os pais dela, os dele, a tia chata que está no hospital… Ele tinha que comprar um presente para ela no dia do aniversário dela, ela no dele… Dia dos namorados… Levar o cachorro para dar uma volta, dar uma dura no irmão menor dela, que não respeita ninguém… Um auxiliava o outro a estudar para o concurso, a prova da carteira de motorista… Ela lia o evangelho pra ele, que era ateu… Enfim, algo cheio de altos e baixos, momentos bons e ruins, alegres e tristes, que eles iam vivendo juntos, compartilhando… Tipo “Eduardo e Mônica”… Saca? Estavam até pensando em noivar… Em 2012 (se o mundo não acabar…)

Então ele começou a achar ruim essa história, por que tudo isso estava “limitando a liberdade” dele, e ele é muito jovem e precisa “viver a vida”, saca?… Uai tchê, mas aquilo tudo lá que eles estavam vivendo juntos não é a vida? É o que então? O que é a vida, então?

Mas ele achou (e os pais dele concordaram) que ele é “muito jovem para se comprometer”, e que precisa “aproveitar mais a vida”… Afinal, ele só tem trinta e cinco anos… Eles romperam o namoro…

Se você acha que cada um seguiu o seu rumo na vida, lambendo as feridas e cicatrizando o que ficou aberto, para se permitir uma nova relação com outra pessoa, você está completamente enganado. Eles agora inauguraram uma nova modalidade: o ficar. Eles “ficam”, de vez em quando.

Qual é a diferença? Bem, de toda aquela lista de coisas que eles faziam juntos, lá em cima, sobrou apenas o sexo, e sair, vez por outra para um jantar ou um cinema (cada um paga o seu, que fique bem claro). Ou seja, tira-se fora o ônus da relação, e fica-se apenas com o bônus. Filé sem osso, peixe sem espinhas, aquelas saladas que já se compram prontinhas para ir á mesa, não precisa nem lavar… Empacotadinho, você nem suja as mãos… Genial, não?

E o que aconteceu nos capítulos seguintes? Bem, ele arrumou outra namorada. Mas… Ele não era jovem demais para perder a sua “liberdade”? Sim, mas essa é gatíssima, e tem uns dez anos a menos, e… é malhadíssima, e… coisa de alma, espiritual, saca? Coisa de outra vida… E a cliente? Eles se separam de vez? Você poderia perguntar. Acabou o “ficar”?

Sim e não… Mais ou menos… Eles agora não estão mais ficando, eles estão de “rolo”. Saca?

Agora, de toda aquela lista, só sobrou o sexo. E é sempre bom, porque ela agora é a “outra”, e sexo com a outra sempre é mais gostoso, saca?

Este sim é o supra-sumo da “relação free”, “Amor” livre mesmo, a grande evolução da nossa espécie, o fast-food dos relacionamentos, só prazer, puro prazer… A Coca-Zero: o fast-foda. Nenhum compromisso meeeesmoooo! Nenhum sofrimento, nenhuma preocupação, nenhuma chateação. Até uma garota de programa, que recebe dinheiro explicitamente pelos seus serviços, recebe mais consideração…

Sim, podemos freudianamente enumerar uma lista de motivos para ela topar um “negócio da china” destes, e eu faria isto sem nenhuma objeção. Mas quando algo vira uma epidemia mundial, penso que temos que ir por outro caminho…

Já dizia Carl Jung em meados do século passado (JUNG, C.G.; Sobre o Amor - Seleção e edição de Marianne Schiess; Editora Idéias & Letras, Aparecida, SP, 2005; pg.23):


"Assim como nenhuma planta cresce contra a morte, não existem meios simples de se facilitar uma coisa difícil, como no caso da vida. Podemos somente eliminar a dificuldade por meio de um correspondente emprego de energia. As soluções libertadoras só existem quando o esforço é integral. Todo o resto é coisa mal feita e inútil. Só se poderia pensar em amor livre se todas as pessoas realizassem elevados feitos morais. Mas a idéia do amor livre não foi inventada com esse objetivo e sim para deixar algo difícil parecer fácil. Ao amor pertencem a profundidade e a fidelidade do sentimento, sem os quais o amor não é amor, mas somente humor. O amor verdadeiro sempre visa ligações duradouras, responsáveis. Ele só precisa da liberdade para escolha, não para sua implementação.Todo amor verdadeiro, profundo é um sacrifício. Sacrificamos nossas possibilidades, ou melhor, a ilusão de nossas possibilidades. Quando não há esse sacrifício, nossas ilusões impedirão o surgimento do sentimento profundo e responsável, mas com isso também somos privados da experiência do amor verdadeiro. O amor tem mais do que uma coisa em comum com a convicção religiosa: ele exige um posicionamento incondicional, ele espera uma doação completa. E como apenas aquele que crê, aquele que se doa por completo a seu Deus, partilha da manifestação da graça de Deus, assim também o amor só revela seus maiores segredos e milagres àquele capaz de uma doação incondicional e de fidelidade de sentimentos. Como esse esforço é muito grande, só alguns poucos mortais podem vangloriar-se de tê-lo realizado. Porém, como o amor mais fiel e o que se doa ao máximo sempre é o mais belo, nunca se deveria procurar o que pudesse facilitá-lo. Só um mau cavaleiro de sua dama do coração recua diante da dificuldade do amor. O AMOR É COMO DEUS, AMBOS SÓ SE OFERECEM AOS SEUS SERVIÇAIS MAIS CORAJOSOS."

É claro que Jung está falando de algo muito elevado, de um modelo ideal. Mas não podemos deixar de olhar para a situação em que nos encontramos, na qual estamos fazendo justamente aquilo que ele diz ser “coisa mal feita e inútil”, aquilo que ele diz não ser amor, e sim apenas humor, e nos perguntarmos: onde este trem vai parar? O que acontece quando tornamos algo difícil parecer fácil? O que acontece conosco, quando não queremos mais viver nenhum tipo de sacrifício pelo amor? Nenhum tipo de sacrifício? O que acontece conosco quando renunciamos ao amor, ou a possibilidade de vir a conhecê-lo, mesmo que de longe? O que acontece conosco quando renunciamos à renuncia, e partimos numa viagem desesperada em busca de prazer?

O que acontece conosco quando nos prostramos aos pés de uma deusa chamada liberdade, mesmo que não tenhamos a menor idéia do significado espiritual desta palavra?

Podemos talvez nos perguntar o que vai acontecer com essa geração de homens e mulheres, essa geração de menininhos e menininhas mimados que só querem comer a cobertura de chocolate do bolo? Menininhos e menininhas que quando encontram o recheio de ameixa, logo pegam outra fatia, para comer só o “docinho”… O que espera essa geração de gente que foge da entrega e do amor, que nem o diabo foge da cruz? Essa gente que foge do compromisso, de decisão? Da escolha, do sacrifício, essa gente que foge da dor… E da vida… O que acabará por encontrar?

Talvez esta fala do velho sábio esteja relacionada com a explosão nas vendas de anti-depressívos e anti-ansiolíticos que observamos nas últimas décadas… Talvez este assunto que discutimos aqui esteja relacionado de alguma maneira com as previsões sombrias da OMS (Organização Mundial de Saúde), de que teremos 35% da população mundial sofrendo de depressão em 2020, e outros 35% atolados em alguma forma severa de adição, sejam drogas, alcool, comida, sexo ou compras…

Saca?
 
Publicado no dia 07/10/09, por Carlos Maltz.

http://www.carlosmaltz.com.br/blog/

sábado, 23 de janeiro de 2010

E se?


Ela é apresentadora veterana de programas de televisão. Não está nas redes de grande audiência, mas conhece profundamente os bastidores da indústria televisiva e faria uma palestra no mesmo evento que eu. Aproveitei para tirar um monte de dúvidas, uma delas sobre um programa novo que sua emissora havia colocado no ar. Uma coisa estranha, com apresentadores deslocados e conteúdo policialesco, repleto de sangue e com um comentarista que ficava o tempo todo falando a mesma coisa e repetindo cenas, um horror!. Minha dúvida era simples: como é que uma porcaria dessas é criada?

Será que um grupo de gente inteligente se reunia para discutir, elaborar e planejar a porcaria? Ou seria tudo obra do acaso? Ou então da sobrinha do dono, do amigo do diretor, da neta do político ou da mulher do patrocinador? E ela respondeu:
- Há um grupo de cabecinhas sim, Luciano! E a técnica que eles usam para a criação dos programas é o "e se?".

E então ela deu o exemplo de um programa baseado em notícias e amenidades, criado para ser apresentado nas manhãs. Um dia alguém notou que cada vez que uma notícia policial aparecia, a audiência aumentava. Então, numa das reuniões daquele grupo de cabecinhas, alguém disse:
- E se a gente aumentar as notícias policiais?

Pronto! O programa das manhãs ficou ensangüentado, histriônico, lacrimoso e barulhento. E a audiência cresceu... Pouco depois, surgiu uma apresentadora bonita que chamava a atenção do público e gerava audiência. Batata! Noutra reunião dos cabecinhas saiu esta:
- E se ela apresentar um programa policial?

Notícias policiais com apresentadora bonita? Pronto! A moça totalmente deslocada, passou a apresentar tragédias enquanto o comentarista com seu blábláblá vampiresco tomou conta das manhãs. E assim aquela programação baseada em notícias foi se transformando, apelando para as tragédias e a violência. Jornalismo? Bah! Tudo decidido na base do "e se?".

Tá certo, a audiência cresceu, mas ficou diferente. As pessoas que assistiam para ver as notícias, para saber das novidades, para ver a receita do bolo, aos poucos foram expulsas pelo sangue e violência. Mudaram de estação, desligaram a televisão, procuraram alguma atividade que preenchesse suas almas, seus espíritos, suas mentes, com coisas nutritivas. E a grande audiência que restou passou a ser composta de gente interessada em sangue. Em tragédias. Em desgraças. Gente que não quer estímulos criativos ou intelectuais. Gente que quer baixaria.

Dor. Miséria e ódio. Audiência medida pela quantidade, jamais pela qualidade.

E quanto mais o programa se nivela por baixo, mais cresce o número absoluto da audiência. E gerentes de marketing e publicitários, excitados pela imensa audiência de pocotós, programam anúncios que vão dar razão aos cabecinhas:
- Viu só como estávamos certos?

Aí outra emissora vê o sucesso e copia. E assim vamos, construindo uma nação de idiotas.

Perguntei para a apresentadora como é que era conviver nesse meio, e a resposta veio, entre melancólica e conformada:
- Para os cabecinhas, sou um corpo estranho na emissora. Faço jornalismo...

Pois bem... O lixo só está lá por causa da audiência que, se você não dá, seu marido dá. Sua esposa dá. Seus filhos dão. Seu vizinho dá. Seus empregados dão.

E se não dessem?

Luciano Pires
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quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Ética Profissional


Um exemplo de total falta de ética profissional

Sempre achei muito difícil para qualquer Banco, quer seja público ou privado, obter uma boa colocação no Prêmio Melhores Empresas para se Trabalhar, haja visto a característica do trabalho, altamente estressante, campeão de número de suicídios entre todas as demais empresas brasileiras, de todos os ramos e, campeão em provocar distúrbios mentais entre todos os demais empregos, no mundo todo.

Mesmo com esse cenário dramático para os bancários, muito louvável ser uma das diretrizes da Caixa Econômica Federal atingir esse objetivo até 2015.

Porém, a CAIXA sofre por ser uma empresa gigante e, é muito comum ouvir-se nos seus corredores, que há várias empresas dentro da CAIXA. Tudo isso porque é difícil alinhar-se uma política única nas suas mais diversas áreas.

Um exemplo claro e prático do que estou me referindo é a resposta que recebi de uma área que cuida do plano de saúde dos seus funcionários, custeado pela empresa e pelos funcionários, no sentido de rever o descredenciamento da Clínica Rocha Weber, a principal cliente, até então da Caixa Saúde, eleita pela própria procura natural dos funcionários, em resposta a qualidade dos serviços prestados.

Só para falar da Psicóloga Gislaine Weber, uma das profissionais da Clínica, no ano passado ela foi a preparadora de dois pacientes que obtiveram os primeiros lugares, primeiro lugar no curso de Administração e outro primeiro lugar no curso de Medicina, ambos na Universidade de Caxias do Sul.

Primeiro vejam a resposta da empresa a um abaixo assinado organizado pelos funcionários para não descredenciarem a Clínica:

Prezados Beneficiários

1 Em relação ao abaixo assinado dos beneficiários do Saúde CAIXA de Caxias do Sul solicitando que seja revisto o processo de descredenciamento da Clínica Rocha Weber esclarecemos que os gestores da GIPES deliberam sobre todos os credenciamentos de profissionais e entidades, embasados em pareceres técnicos emitidos por empresa contratada pela CAIXA para prestação de serviços de auditoria e assessoria em saúde.

2 O parecer técnico visa assegurar à CAIXA que as contratações autorizadas atendem a todos os requisitos e padrões técnicos definidos pelo Saúde Caixa.

3 Esta GIPES/PO atua estritamente na observância da conformidade definida pela CAIXA para a contratação da rede credenciada do Saúde Caixa, portanto a manifestação de descontentamento do abaixo assinado não configura elemento superveniente suficiente para alteração do posicionamento desta GIPES/PO, uma vez que o parecer técnico suplanta tal instrumento.
 
Não acham que faltou alguém avisar essa área da diretriz estabelecida?
Não acham que se avisaram, faltou explicar o que significa, o que é necessário para atingir a diretriz?
Não acham que faltou explicar para essa área, pelo menos, quais são os quesitos avaliados para alcançar uma boa avaliação?
Não acham que se explicaram, esqueceram que os questionários são respondidos pelos funcionários - clientes do Plano de Saúde?
Não acham que independentemente da diretriz estabelecida a área incorreu numa grave falta ética; primeiro por desrespeitar o ser humano; segundo porque se realmente há algum impedimento "técnico" ele deveria ser esclarecido; terceiro porque essa forma de agir é dos tempos dos imperialistas; quarto porque falhou com a ética do negócio, afinal de contas o cliente foi ignorado e desconsiderado e; quinto (só para ficar por aqui) se o parecer técnico suplanta o desejo dos clientes (que pagam por isso) isso não significa ser necessário bater a porta na cara deles.

Um caso mais do que característico de quem não precisa do cliente. Ignora-se o fato de que se a área existe é porque há clientes e se há clientes o mercado diz que há uma competitividade gigante e nesse contexto deve-se comportar coerentemente para sobreviver, quiçá para crescer.

Mas os cidadãos pagam os impostos e no primeiro sinal de dificuldade o erário público estará lá para “salvar a empresa”, como sempre. Portanto, tudo isso aqui não passa de uma simples tempestade num mísero copo d’água.

Enfim, eis um exemplo concreto de como as coisas acontecem na maioria das empresas públicas de forma incólume. Tudo porque são públicas, pois se fosse numa empresa privada isto nunca teria acontecido e, se eventualmente ocorresse os responsáveis já estariam no olho da rua!

Eis, portanto, um legítimo exemplo de falta de ética profissional.

Lamentável!

Com certeza, essa não é uma atitude coerente com os padrões profissionais, morais e éticos da maioria dos funcionários da instituição, da maioria da Diretoria da empresa, tampouco do que espera a população brasileira da CAIXA.

Ah, e se mesmo assim a empresa atingir essa diretriz, os méritos serão todos da Presidenta da Caixa, Maria Fernanda. Trata-se de uma abnegada das melhores técnicas de gestão, mas que infelizmente não conta com executivos suficientes à sua altura, necessários em número para dar o suporte administrativo indispensável e adequado, preponderantemente atuando nas chamadas “áreas meios” (que não tem contato com o cliente externo), paradoxalmente aos executivos que atuam na área negocial, que produzem resultados fantásticos, ano após ano.

Viva ao futuro, pois lá não sobrará lugar para quem não tiver maestria e ética profissional.

Assim espero e acredito!

Carlos Roberto Sabbi
Editor e cidadão brasileiro
Maceió, 10 de fevereiro de 2010.

(Este artigo pode ser reproduzido, desde que integralmente e citada a fonte)


Eu não perco tempo com bobagens


Dr. Ernesto Artur - Cardiologista


Quando publiquei estes conselhos 'amigos-da-onça' em meu site, recebi uma enxurrada de e-mails, até mesmo do exterior, dizendo que isto lhes serviu de alerta, pois muitos estavam adotando esse tipo de vida inconscientemente.

1. Cuide de seu trabalho antes de tudo. As necessidades pessoais e familiares são secundárias.

2 Trabalhe aos sábados o dia inteiro e, se puder também aos domingos.

3. Se não puder permanecer no escritório à noite, leve trabalho para casa e trabalhe até tarde.

4. Ao invés de dizer não, diga sempre sim a tudo que lhe solicitarem.

5. Procure fazer parte de todas as comissões, comitês, diretorias, conselhos e aceite todos os convites para conferências, seminários, encontros, reuniões, simpósios etc.

6. Não se dê ao luxo de um café da manhã ou uma refeição tranqüila. Pelo contrário, não perca tempo e aproveite o horário das refeições para fechar negócios ou fazer reuniões importantes.

7. Não perca tempo fazendo ginástica, nadando, pescando, jogando bola ou tênis Afinal, tempo é dinheiro.

8. Nunca tire férias, você não precisa disso. Lembre-se que você é de ferro. (e ferro , enferruja!!. .rs)

9. Centralize todo o trabalho em você, controle e examine tudo para ver se nada está errado.. Delegar é pura bobagem; é tudo com você mesmo.

10. Se sentir que está perdendo o ritmo, o fôlego e pintar aquela dor de estômago, tome logo estimulantes, energéticos e anti-ácidos. Eles vão te deixar tinindo.

11. Se tiver dificuldades em dormir não perca tempo: tome calmantes e sedativos de todos os tipos. Agem rápido e são baratos.

12. E por último, o mais importante: não se permita ter momentos de oração, meditação, audição de uma boa música e reflexão sobre sua vida. Isto é para crédulos e tolos sensíveis.

Repita para si: eu não perco tempo com bobagens.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Profeta Gentileza - José Datrino


José Datrino nasceu em Cafelândia-SP em 11 de Abril de 1917, teve infância pobre e dificil, porém desde criança possui um comportamento pouco típico de sua idade. Por volta dos 12 anos, passou a ter premonições sobre sua missão na terra, na qual acreditava que um dia, depois de constituir família, filhos e bens, deixaria tudo em prol de sua missão.

No dia 17 de dezembro de 1961, na cidade de Niterói, houve um grande incêndio no circo "Gran Circus Norte-Americano", o que foi considerado uma das maiores tragédias circenses do mundo. Neste incêndio morreram mais de 500 pessoas, a maioria, crianças. Na antevéspera do Natal, seis dias após o acontecimento, José acordou alegando ter ouvido "vozes astrais", segundo suas próprias palavras, que o mandavam abandonar o mundo material e se dedicar apenas ao mundo espiritual. O Profeta pegou um de seus caminhões e foi para o local do incêndio. Plantou jardim e horta sobre as cinzas do circo em Niterói, local que um dia foi palco de tantas alegrias, mas também de muita tristeza. Aquela foi sua morada por quatro anos. Lá, José Datrino incutiu nas pessoas o real sentido das palavras Agradecido e Gentileza. Foi um consolador voluntário, que confortou os familiares das vítimas da tragédia com suas palavras de bondade. Daquele dia em diante, passou a se chamar "José Agradecido", ou simplesmente “Profeta Gentileza”.

A partir de 1980, escolheu 56 pilastras do Viaduto do Caju, que vai do Cemitério do Caju até a Rodoviária Novo Rio, numa extensão de aproximadamente 1,5km. Ele encheu as pilastras do viaduto com inscrições em verde-amarelo propondo sua crítica do mundo e sua alternativa ao mal-estar da civilização.

Com o decorrer dos anos, os murais foram danificados por pichadores, sofreram vandalismo, e mais tarde cobertos com tinta de cor cinza.
 
O apagamento das inscrições foi criticado e posteriormente com ajuda da prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, foi organizado o projeto Rio com Gentileza, com o objetivo restaurar os murais das pilastras. Começaram a ser recuperadas em janeiro de 1999. Em maio de 2000, a restauração das inscrições foi concluída e o patrimônio urbano carioca foi preservado.

José Datrino faleceu em 29 de Maio de 1996, aos 79 anos em Mirandópolis-SP.

Original em:
http://fotolog.terra.com.br/lilianeedmundo:23

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Abraçando a imperfeição


(Livre tradução de um texto em inglês, sem designação de autoria.)

Quando eu ainda era um menino, ocasionalmente, minha mãe gostava de fazer um lanche, tipo café da manhã, na hora do jantar. E eu me lembro especialmente de uma noite, quando ela fez um lanche desses, depois de um dia de trabalho, muito duro.

Naquela noite longínqua, minha mãe pôs um prato de ovos, lingüiça e torradas bastante queimadas, defronte ao meu pai.

Eu me lembro de ter esperado um pouco, para ver se alguém notava o fato. Tudo o que meu pai fez, foi pegar a sua torrada, sorrir para minha mãe e me perguntar como tinha sido o meu dia, na escola.

Eu não me lembro do que respondi, mas me lembro de ter olhado para ele lambuzando a torrada com manteiga e geléia e engolindo cada bocado.

Quando eu deixei a mesa naquela noite, ouvi minha mãe se desculpando por haver queimado a torrada. E eu nunca esquecerei o que ele disse: "Amor , eu adoro torrada queimada."

Mais tarde, naquela noite, quando fui dar um beijo de boa noite em meu pai, eu lhe perguntei se ele tinha realmente gostado da torrada queimada. Ele me envolveu em seus braços e me disse: "Companheiro, sua mãe teve hoje, um dia de trabalho muito pesado e estava realmente cansada. Além disso, uma torrada queimada não faz mal a ninguém.

A vida é cheia de imperfeições e as pessoas não são perfeitas. E eu também não sou um melhor empregado, ou cozinheiro!"

O que tenho aprendido através dos anos é que saber aceitar as falhas alheias, escolhendo relevar as diferenças entre uns e outros, é uma das chaves mais importantes para criar relacionamentos saudáveis e duradouros.

De fato, poderíamos estender esta lição para qualquer tipo de relacionamento: entre marido e mulher, pais e filhos, e com amigos.

Não ponha a chave de sua felicidade no bolso de outra pessoa, mas no seu próprio.

As pessoas sempre se esquecerão do que você lhes fez, ou do que lhes disse.

Mas nunca esquecerão o modo pelo qual você as acolheu e valorizou.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Controle sobre o pé direito

Muito interessante!!!



VOCÊ TEM CONTROLE SOBRE O SEU PÉ DIREITO?

Se não conseguir, pelo menos dará boas risadas... Tire a prova você mesmo, para ver se você tem controle de seu pé direito.

Quando você estiver sentado à sua mesa, faça círculos com o seu pé direito no sentido dos ponteiros de um relógio.

Enquanto estiver fazendo isso, desenhe na mesa o número 6 com a sua mão direita. O movimento do seu pé vai mudar de direção... Vai circular contrário aos ponteiros de um relógio...

Conseguiu?

Duvido!

Não adianta, dizem que é o mesmo local do cérebro que comanda...

sábado, 16 de janeiro de 2010

A República da quantidade


Um seguidor do confucionismo, Ji Mèngke, que passou para a história como Mêncio, escreveu uns 300 anos antes de Cristo o seguinte:

"Alguns trabalham com a cabeça, outros com os músculos. Os que trabalham com a cabeça dirigem os que trabalham com os músculos."

Muito bom, né? O pensamento de Mêncio tem me ocupado a cada vez que observo as coisas inexplicáveis que acontecem neste nosso brasilzão.

O apagão do Lula, por exemplo. Ops! Desculpe! A novilíngua petista já definiu que não foi apagão. Foi blecaute. Quem tem apagão é o FHC, né? Pois bem, nos últimos anos investimos quantidades crescentes de dinheiro em nosso sistema de geração de energia. E então - a se acreditar nas explicações dos técnicos escolhidos para falar - um raio cai no lugar certo e... pimba! Tudo no escuro. Mas "nunca antes neste país tivemos tanta geração, tanta conectividade, tanto controle, tanta eficiência." Qual é o indicador de sucesso? Quantidade.

Outro exemplo? O exame do Enade, obrigando milhares de estudantes a deslocarem-se 40, 60, 100 quilômetros para fazer uma prova. Quem cuidou da logística do exame deve ser uma daquelas figuras onipresentes no Brasil: o burro com iniciativa. E as perguntas com propaganda do governo? Uma vergonha. Qual é o indicador de sucesso? "Nunca antes neste país tivemos tantos estudantes participando de uma avaliação". Quantidade.

Vamos ao SUS, o Sistema Único de Saúde? É tão bom que vão sugerir ao Obama que copie. E as filas, o desaparelhamento, a falta de médicos? Ah... O indicador de sucesso é: "Nunca antes neste país tanta gente teve atendimento médico". Quantidade.

Quer mais? Que tal nosso sistema educacional? Investimos, comunicamos, elaboramos, implementamos. E entra ano, sai ano, terminamos os testes de nível de conhecimento empatados com a Belonésia do Sul em penúltimo lugar. Indicador de sucesso? "Nunca antes neste país tivemos tanta criança na escola, tanta sala de aula, tão pouca evasão escolar". De novo, a quantidade.

Vamos às operadoras de celular? A prestação de serviços é uma merda, mas "nunca antes tivemos tantos técnicos, tantas torres, tantos atendentes telefônicos, tantos clientes". Indicador de sucesso: quantidade.

E aquele programa horrível de televisão, com sangue, bundas e baixarias? "Nunca tivemos uma audiência tão alta". Quantidade...

A resposta é sempre "nunca tantos, nunca quantos": quantidade. Claro! Quantidade dá pra reproduzir facilmente com números que (quase) todo   mundo entende. Mas e a qualidade? Dá pra reduzir a números? Não dá. Para avaliar "qualidade" tem que ter cabeça.

O Brasil é a República da Quantidade. Quer saber? Conseguimos. "Abrasileiramos" Mêncio: "No Brasil, alguns trabalham com a cabeça, outros com os músculos. Os que trabalham com os músculos dirigem os que trabalham com a cabeça."


Luciano Pires
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sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Comissão da verdade

"Comissão da Verdade é uma conquista", diz José Gregori

Carolina Oms

Especial para Terra Magazine

Coordenador do primeiro Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH), lançado em 1996 durante o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), o ex-ministro da Justiça de FHC José Gregori minimiza a polêmica em torno da terceira edição do programa. "Foi um acidente de percurso", diz sobre as divergências entre o ministro da Defesa Nelson Jobim e Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial de Direitos Humanos.

O documento, que propõe a criação de uma Comissão Nacional da Verdade, para apurar os crimes cometidos durante a ditadura, irritou os militares e o ministro da Defesa, Nelson Jobim.

Gregori defende a versão atual do plano: "A Comissão da Verdade é uma conquista, ela será benéfica para a sociedade brasileira", mas faz ressalvas sobre outros pontos polêmicos, como a questão do aborto: "Talvez, a redação do plano não tenha sido feliz".

Ex-secretário Nacional de Direitos Humanos, Gregori também observa que a mídia só "se interessou pela briga entre o setor civil e o setor militar do governo e não pelo plano" e que não há sentido opor os planos do governo Lula ao do governo de FHC: "A oposição ocorreu em decorrência da crise (entre Jobim e Vannuchi)", explica.

Confira a entrevista:

Terra Magazine - Como o senhor recebeu o Programa Nacional de Direitos Humanos?

José Gregori: Essa questão de Planos de Direitos Humanos é positiva, estimuladora de práticas que ajudam a promoção dos Direitos Humanos. Vem de uma recomendação da Conferência de Viena em 1983.

Eu, a pedido do então ministro da Justiça Nelson Jobim e do presidente Fernando Henrique Cardoso, coordenei a feitura do primeiro plano, acho que ele foi muito positivo no sentido das reivindicações e das medidas que poderiam ser tomadas, umas ficaram esquecidas no papel do plano, mas outras, que até pareciam utópicas, foram realizadas. Inclusive, o primeiro Plano teve a consequência de criar a Secretaria Nacional de Direitos Humanos, essa secretaria que existe até hoje. Em tese, eu sou um dos defensores da ideia dos planos nacionais.

Há importantes alterações na versão atual?

Os tempos são outros. Os Direitos Humanos sempre acompanham problemas superados ou que permanecem. O primeiro plano tinha um viés de direitos civis, estávamos recém-saídos do regime militar. As questões de cidadania, liberdade, participação política, de minorias eram problemas muito atuais naquela época, por isso a feição do plano é de natureza civil.

O segundo PNDH abriu para concepção moderna de Direitos Humanos que abrange não só os direitos civis, mas os econômicos, sociais e culturais. E esse terceiro está nessa mesma linha: Ser um instrumento das políticas de Direitos Humanos.

Mas então qual o motivo de tanta polêmica em torno do Plano?

Foi um acidente de percurso. Houve um desentendimento entre Ministério da Defesa e a Secretaria de Direitos Humanos, em cima de uma questão que não é totalmente pacificada na sociedade brasileira, que é saber se a anistia, uma conquista extraordinária, contemplou não só os que sofreram as represálias do regime então vigente no Brasil ou se aqueles que infringirão sofrimentos a esses se eles também são abrangidos pela anistia, a maioria, militares.

E como o senhor se posiciona nessa questão?

Eu sempre, historicamente, desde de que participei da campanha da anistia, acho que ela foi reivindicada e obtida de maneira ampla e irrestrita. Não teria propósito, à luz da luta pela anistia, você querer processar alguém que tenha participado da luta armada, assim como também não há base para processar um sujeito que trabalhou no DOI-CODI.

É uma realidade dura, mas a verdade é que todos os lados envolvidos em transgressões legais foram beneficiados, ninguém quis saber o que o Brizola tinha feito ou não. Ele voltou e um ano depois ele era governador do Rio de Janeiro. E a mesma coisa com dezenas e dezenas de políticos. Afinal de contas, hoje, quem governa esse país são os que sofreram as conseqüências do regime autoritário.

Você tem que interpretar a Lei da Anistia do sentido de complementá-la, eu mesmo fiz a Lei dos Desaparecidos Políticos. Houve uma comissão que julgou pedidos de indenização, recolheu fartíssimo material. Dentro da Lei da Anistia você pode tirar conseqüências, mas sem negar essa característica que foi beneficiar todos os envolvidos na luta política de um determinado período político.

E a apuração dos crimes contra os direitos humanos durante a ditadura militar?

Isso está fora do campo da Lei da Anistia, você pode recolher material e fazer levantamentos históricos...

Mas o que se exige é abertura dos arquivos...

Eu acho que a Comissão da Verdade é uma conquista, ela será benéfica para a sociedade brasileira no seu conjunto, principalmente para as novas gerações. Não foi uma coisa boa, por exemplo, o Rui Barbosa ter pedido para queimar os arquivos da escravidão. Também acho que foi uma oportunidade perdida não termos levantado os arquivos do período ditatorial do Getúlio Vargas.

É benéfica uma comissão que recolha processamento, que analise e que esse material seja colocado à disposição de todos os lados. Dentro de uma redação que não seja conflitiva, a Lei da Verdade é uma coisa positiva.

E, no entanto, esse também é um ponto conflituoso...

Devido a não-pacificação da ideia da anistia. Se você dá a entender a um setor que a anistia não é ampla e irrestrita, esse setor se encolhe, isso é natural. Ficando claro que a Lei da Anistia é imodificável, que foi conseguida na sociedade brasileira e homologada por todos os lados como uma pedra em cima do passado, aí as buscas e a documentação ficarão mais fáceis.

O plano possui também outros pontos polêmicos, como a questão do aborto, nesta terça-feira, 12, Lula recuou sobre a defesa do aborto...

Esses problemas existem na sociedade brasileira e talvez a redação do plano não tenha sido feliz. Às vezes você propõe uma redação que defende uma tese que ainda não tem consenso na sociedade.

Mas os PNDH's deveriam defender consensos e não propor discussões? No momento, ele está propondo discussões, o senhor acha isso positivo?

O problema é o seguinte: esse plano provocou uma crise e logo depois uma espécie de impasse, precisamos superar essa situação, a meu ver o não-plano seria extremamente negativo e, principalmente a não-Comissão da Verdade. Isso seria extremamente negativo para a história dos Direitos Humanos no Brasil.

Corre-se esse risco?

Acho que a gente tem que fazer de tudo para evitar isso. O desejável seria que o plano saísse, como os dois primeiros, sem esse tumulto. Agora que veio o tumulto nós temos que resolve-lo, para não sacrificar uma coisa que é um avanço. Um terceiro, quarto, depois um décimo plano é um sinal de que o país entrou na trilha das democracias.

Como avalia a maneira como o PNDH foi recebido pela mídia?

O problema é que a mídia se interessou, no começo, pela briga entre o setor civil e o setor militar do governo e não pelo plano. Se não tivesse havido essa crise, esse plano seria lido por pouca gente.

Nesse sentido, pode ser positiva a polêmica?

Às vezes, a gente tem que procurar dialeticamente um lado favorável. Tudo isso mostrou que a questão dos Direitos Humanos não é um enfeite, ela é tão importante quanto economia, saúde, educação e outras matérias, digamos assim, de base. E mostrou também que o campo de abrangência envolve as liberdades e garantias civis, o econômico, o social e o cultural básico para a pessoa.

A concepção dos Direitos Humanos hoje é que eles no seu aspecto civil, econômico, social constitui uma espécie de unidade, como é a santíssima trindade do catolicismo. Isso é uma bruta novidade para boa parte da população brasileira.

A defesa dos direitos humanos, não deveria ser uma política de Estado? Fugindo um pouco do caráter personalista que parece ter se impregnado aos temas, o Plano do Lula ou do Fernando Henrique Cardoso?

Exatamente, os Direitos Humanos devem ser uma política de Estado. Não tem sentido, nessa questão, opor um ao outro. A oposição ocorreu por causa da crise. E toda vez que tem uma crise no governo você não pode esperar que a oposição fique pescando no rio.

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