terça-feira, 3 de março de 2009

Confúcio e o Rei


Parábola

Conta uma lenda chinesa que certa vez, achava-se Confúcio, o grande filósofo, na sala do rei. Em dado momento, o soberano, afastando-se por alguns instantes dos ricos mandarins que o rodeavam, dirigiu-se ao sábio chinês e lhe perguntou:
- Como deve agir um magistrado? Com extrema severidade a fim de corrigir e dominar os maus, ou com absoluta benevolência a fim de não sacrificar os bons?
Ao ouvir as palavras do rei, o ilustre filósofo conservou-se em silêncio.Passados alguns minutos, de profunda reflexão, chamou um servo, que estava por perto, e pediu-lhe que trouxesse dois baldes um com água fervente e outro com água gelada.
Havia na sala, adornando a escada que conduzia ao trono, dois lindos vasos dourados de porcelana. Eram peças preciosas, quase sagradas, que o rei apreciava muito.Com a maior naturalidade, ordenou o filósofo ao servo:
- Quero que enchas esses dois vasos com a água que acabas de trazer, sendo um com a água fervente e o outro com a água gelada!
Preparava-se o servo obediente para despejar, como lhe fora ordenado, a água fervente num dos vasos e a gelada no outro quando o rei, saindo de sua estupefação, interrompeu-o com incontida energia:
- Que loucura é essa, venerável Confúcio! Queres destruir essas obras maravilhosas? A água fervente fará, certamente, arrebentar o vaso em que for colocada e a água gelada fará partir-se o outro!
Confúcio tomou, então, um dos baldes, misturou a água fervente com a água gelada e, com a mistura assim obtida, encheu os dois vasos sem perigo algum.
O poderoso monarca e seus mandarins observavam atônitos a atitude singular do filósofo. Este, porém, indiferente ao assombro que causava, aproximou-se do soberano e falou:
- A alma do povo, ó rei, é como um vaso de porcelana, e a justiça é como água. A água fervente da severidade ou a gelada da excessiva benevolência são igualmente desastrosas para a delicada porcelana.
Faz uma pausa e concluiu:
- Por isso é sábio e prudente que haja um perfeito equilíbrio entre a severidade, com que se pode corrigir o mau, e a benevolência, com que se deve educar o bom.
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