Por Paulo Henrique Dionísio [1]
A Física Quântica desperta, em muitas pessoas, interesses variados. Nascida com o século XX, bastaram algumas décadas para que influenciasse, decisivamente, a vida de todos nós, pois deu sustentação teórica à estonteante revolução tecnológica, ocorrida, principalmente, a partir dos anos cinqüenta. Concomitantemente, exigiu dos físicos profundas alterações em sua maneira de descrever os fenômenos naturais, em sua forma de compreender e explicar a natureza. Na verdade, não houve consenso. Ficaram famosas as discussões entre Einstein e Niels Bohr, centradas, principalmente, na questão do caráter probabilístico da nova teoria em oposição ao determinismo da Física Clássica e na interpretação de alguns aspectos do formalismo matemático utilizado. E as discussões perduram, apesar da sofistica ção dos novos experimentos que o próprio desenvolvimento tecnológico viabiliza, realizados com o fim específico de tentar elucidar as questões pendentes. Dualidade onda-partícula, princípio da incerteza, o gato de Schrödinger, o colapso da função de onda, a ação da consciência do observador sobre o estado do sistema... Expressões como essas respingam no leigo em Física, que fica entre curioso e perplexo, às vezes, esperançoso, no mais das vezes, indiferente. Mas afinal, o que é mesmo a Física Quântica?
Em uma tentativa de interpretar os novos paradigmas nascidos com a Física Quântica, Niels Bohr formulou o seu "princípio da complementaridade", segundo o qual os sistemas quânticos podem se apresentar sob dois aspectos aparentemente incompatíveis e mutuamente exclusivos. Quando um dos aspectos é aparente, o outro fica oculto e vice-versa, como uma moeda que nos volta apenas uma face de cada vez. Em um (nada aconselhável, advirto!) exercício de generalização, há quem proponha pares de conceitos complementares (conceitos que não podem ser esclarecidos simultaneamente) ou de condições complementares (condições que não podem ser satisfeitas simultaneamente). Certa vez, em uma entrevista, alguém perguntou a Bohr [2]: "O que é complementar à verdade?" Ao que ele respondeu: "A clareza".
Este texto é uma tentativa de desmentir o princípio da complementaridade, ao menos no que diz respeito ao par verdade clareza. O autor pretende ser "verdadeiro" ao responder a questão o que é a Física Quântica, fazendo-o de maneira fidedigna, precisa e clara. Esforça-se, ao mesmo tempo, por ser acessível aos não-físicos e manter-se adequado ao ambiente acadêmico.
Para tanto, será necessário falarmos não apenas "sobre" a Física, mas também "de" Física. Trata-se, sem dúvida, de um propósito ambicioso. Seu eventual sucesso será creditado, principalmente à disposição e ao empenho de quem lê.
A Física Quântica desperta, em muitas pessoas, interesses variados. Nascida com o século XX, bastaram algumas décadas para que influenciasse, decisivamente, a vida de todos nós, pois deu sustentação teórica à estonteante revolução tecnológica, ocorrida, principalmente, a partir dos anos cinqüenta. Concomitantemente, exigiu dos físicos profundas alterações em sua maneira de descrever os fenômenos naturais, em sua forma de compreender e explicar a natureza. Na verdade, não houve consenso. Ficaram famosas as discussões entre Einstein e Niels Bohr, centradas, principalmente, na questão do caráter probabilístico da nova teoria em oposição ao determinismo da Física Clássica e na interpretação de alguns aspectos do formalismo matemático utilizado. E as discussões perduram, apesar da sofistica ção dos novos experimentos que o próprio desenvolvimento tecnológico viabiliza, realizados com o fim específico de tentar elucidar as questões pendentes. Dualidade onda-partícula, princípio da incerteza, o gato de Schrödinger, o colapso da função de onda, a ação da consciência do observador sobre o estado do sistema... Expressões como essas respingam no leigo em Física, que fica entre curioso e perplexo, às vezes, esperançoso, no mais das vezes, indiferente. Mas afinal, o que é mesmo a Física Quântica?
Em uma tentativa de interpretar os novos paradigmas nascidos com a Física Quântica, Niels Bohr formulou o seu "princípio da complementaridade", segundo o qual os sistemas quânticos podem se apresentar sob dois aspectos aparentemente incompatíveis e mutuamente exclusivos. Quando um dos aspectos é aparente, o outro fica oculto e vice-versa, como uma moeda que nos volta apenas uma face de cada vez. Em um (nada aconselhável, advirto!) exercício de generalização, há quem proponha pares de conceitos complementares (conceitos que não podem ser esclarecidos simultaneamente) ou de condições complementares (condições que não podem ser satisfeitas simultaneamente). Certa vez, em uma entrevista, alguém perguntou a Bohr [2]: "O que é complementar à verdade?" Ao que ele respondeu: "A clareza".
Este texto é uma tentativa de desmentir o princípio da complementaridade, ao menos no que diz respeito ao par verdade clareza. O autor pretende ser "verdadeiro" ao responder a questão o que é a Física Quântica, fazendo-o de maneira fidedigna, precisa e clara. Esforça-se, ao mesmo tempo, por ser acessível aos não-físicos e manter-se adequado ao ambiente acadêmico.
Para tanto, será necessário falarmos não apenas "sobre" a Física, mas também "de" Física. Trata-se, sem dúvida, de um propósito ambicioso. Seu eventual sucesso será creditado, principalmente à disposição e ao empenho de quem lê.
1 Professor na Unidade de Ciências Exatas e Tecnológicas da UNISINOS. Doutor em Física, pela UFRGS.
2 Conforme PIZA, A. F. R. de Toledo. Schrödinger, Emaranhado e Decoerência. In:HUSSEIN, Mahir; SALINAS Sílvio (org.). 100 anos de física quântica. São Paulo: Livraria da Física, 2001, p.14.
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