domingo, 21 de setembro de 2008
O Samurai
As sete maravilhas do mundo
2) A Muralha da China
3) O Canal do Panamá
4) As pirâmides do Egito
5) O Grand Canyon
6) O Empire State Building
7) A Basília de São Pedro
Ao recolher os votos, o professor notou uma estudante muito quieta. A menina não tinha virado sua folha ainda. O professor então perguntou a ela se tinha problemas com sua lista. A menina quieta respondeu:
- Sim, um pouco. Eu não consigo fazer a lista, porque são muitos.
O professor disse:
- Bem, diga-nos o que você já tem e talvez nós possamos ajudá-la.
A menina hesitou, então leu:
- Eu penso que as sete maravilhas do mundo sejam:
1 - Ver
2 - Ouvir
3 - Tocar
4 - Provar
5 - Sentir
6 - Rir
7 - E amar ...
A sala então ficou completamente em silêncio...
(autor desconhecido)
Original em:
http://www.possibilidades.com.br/parabolas/sete_maravilhas.asp
O galo angustiado
Toda manhã acordava pelo clarão do horizonte e bastava que cantasse duas ou três vezes para que o sol se elevasse acima para o céu. "O sol nasce pela força do meu canto", dizia ele. "Eu pertenço à linhagem dos levantadores do sol. Antes de mim era meu pai; antes de meu pai era meu avô!"...
O velho sábio o olhou de cima de seu filosófico poleiro, quando ele vinha se esgueirando, tropeçando nos próprios pés, como que se escondendo de si mesmo. E disse: "Olá! Você nem precisa dizer nada, do jeito que você está. Aposto que você descobriu que não é você quem levanta o sol. Como foi que você se distraiu assim? Por acaso você andou se apaixonando?". Sua voz tinha um tom divertido, mas ao mesmo tempo compreensivo, como se tudo fosse natural para ele. A seu convite, o galo angustiado empoleirou-se a seu lado e contou-lhe a sua história. O filósofo ouviu cada detalhe com a paciência dos pensadores. Quando o consulente já se sentia compreendido, o velho sábio fez-lhe uma longa preleção:
"Antes, quando você ainda achava que até o sol se levantava pelo poder do seu canto, digamos que você estava enganado. Para definir seu problema com precisão, você tinha o que pode ser chamado de "Ilusão de Onipotência". Então, pela mágica do amor, você descobriu o seu próprio engano, e até aí estaria ótimo, porque nenhuma vantagem existe em estar tão iludido. Saiba você que ninguém acredita realmente nessa história de canto de galo levantar o sol. Para a maioria, isto é apenas simbólico: só os tolos tomam isto ao pé da letra. "Entretanto, agora", continuou o sábio pensador, "você está pensando que não tem mais nenhum valor, o que é de certa forma compreensível em quem baseou a vida em tão grande ilusão. Contudo, examinando a situação com maior profundidade, você está apenas trocando uma ilusão por outra ilusão. O que era uma 'Ilusão de Onipotência' pode ser agora chamado de 'Ilusão de Incompetência'. Aos meus olhos, continuou o sábio, nada realmente mudou. Você era, é e vai continuar sendo, um galo normal, cumpridor de sua função de gerenciar o galinheiro, de acordo com a tradição dos galináceos. Seu maior risco, continuou o pensador, é o de ficar alternando ilusões. Ontem era 'Ilusão de Onipotência', hoje, 'Ilusão de Incompetência'. Amanhã você poderá voltar à Ilusão de Onipotência novamente, e depois ter outra desilusão... Pense bem nisto: uma ilusão não pode ser solucionada por outra ilusão. A solução não está nem nas nuvens nem no fundo do poço. A solução está na realidade". Após um longo período de silêncio, o velho galo filósofo voltou-se para os seus pensamentos. Nosso herói desceu da árvore para a vida comum do galinheiro.
No dia seguinte, aos primeiros raios da manhã, cantou para anunciar o sol nascente. E tudo continuou como era antes.
Psicólogo - Diretor da Sociedade de Terapia Breve (BH) - Trainer em PNL pelo Southern Institute of NLP da Flórida (home page: www.ibrapnl.com.br )
Original em:
Para uma ética global
Logo no início da referida obra, o autor conta-nos duas histórias paradigmaticamente sugestivas deste trágico conflito entre o homem e a natureza; conflito do qual, infelizmente, ainda não lográmos assumir plena consciência, embrenhados que estamos no nosso dia-a-dia comezinho e rotineiro.
Na primeira, descrevendo um quadro de Goya, fala-nos de dois inimigos, que, atolados até aos joelhos, brandem os seus varapaus numa luta encarniçada sobre areias movediças. A cada movimento da luta, vão sendo gradualmente engolidos numa lama viscosa. Enquanto isso, num outro plano do quadro, exterior à luta, perspectiva-nos a nós como espectadores, entretidos e entusiasmados pela paixão da luta, a participarmos nela, lançando as nossas apostas, como se de um banal jogo se tratasse.
Na segunda história, citando o canto XXI da “Ilíada”, o autor descreve uma estranha e louca batalha na qual Aquiles luta contra a enchente de um rio. Nessa luta, à medida que o herói lança sobre as águas os cadáveres dos adversários vencidos, o nível das águas vai subindo de tal modo que o riacho, já trasbordante, o vai cobrindo até aos ombros, correndo o risco de os submergir.
A moral destas histórias é a seguinte: o pântano de Goya, tal como o rio de Aquiles, outrora locais, tornaram-se agora globais: já não são o pântano ou o riozinho da nossa aldeia, de que falava Alberto Caeiro, o guardador de rebanhos, mas o próprio planeta Terra. Tal como os lutadores do pântano de Goya ou do rio de Aquiles, é agora a Terra quem se arrisca a ser engolida e, com ela, todos nós também, meros espectadores passivos e entretidos, como no quadro de Goya, na diversão dos nossos jogos de apostas.
Não interessa analisar aqui o posicionamento do autor no contexto das novas éticas contemporâneas. Mas perante um incontornável quadro actual de globalização da acção humana, ainda que localmente situada, não podemos deixar de concordar com ele, quando diz que “devemos decidir a paz entre nós para salvaguardar o mundo e a paz com o mundo para nos salvaguardarmos a nós próprios” [1].
Afinal, “Tudo está ligado”, como dizia o grande chefe índio, Seatle de seu nome, em carta enviada ao presidente dos EUA, corria o ano de 1854. E sentenciava nela, com a autoridade de uma sabedoria ancestral muito mais profunda do que a profundidade do nosso saber racionalista e tecno-científico: “tudo o que acontecer à terra, acontecerá aos filhos da terra (...), e aquilo que ele [o homem] fizer à rede da vida, ele o faz a si próprio”. Porque, dizia ainda aquele a quem outrora designávamos e talvez alguns designem ainda hoje de indígena ou selvagem, “Se os homens cospem no solo, cospem em si próprios” [2].
Passado este preâmbulo, confesso que sempre me interroguei se a globalização é um bem ou um mal em si mesma. Mas a questão não passa, contudo, de mero exercício retórico, uma vez que enferma de uma falácia intrínseca, pois o ‘em si’ é uma categoria filosófica de cariz ontológico-metafísico que nos remete para uma ideia de absoluto e a realidade mundana em que vivemos é tudo menos absoluta, já que a relatividade é a grande constante que preside à natureza das coisas, da vida e do mundo que temos.
Por isso, há que afirmar desde já que a globalização não pode ser vista como um bem ou um mal em si mesma, como algumas interpretações apressadas por condicionamentos ideológicos de diversa ordem muitos vezes tendem a considerar. Podemos dizer, isso sim, que há aspectos bons ou maus, positivos ou negativos, daquilo a que, genérica e por vezes ambiguamente, chamamos de globalização. Por exemplo, a globalização do mal não pode nunca ser encarada como positiva e, portanto, um bem; do mesmo modo que a globalização do bem não pode nunca ser considerada negativamente e, portanto um mal, para qualquer perspectiva ética minimamente equilibrada. Não esqueço, no entanto, que esta consideração já pressupõe necessariamente uma apreciação valorativa da minha parte. Mas não estará toda a realidade condicionada ao juízo valorativo humano? Não estará na raiz do ético a apreciação e/ou a justificação do comportamento humano perante os seus congéneres?
O que pretendo dizer com isto? Simplesmente que, sendo a globalização uma categoria filosófica, sociológica, política, ou outra, pela qual não podemos deixar de ver o mundo dos nossos dias sem ser à escala de uma chamada ‘aldeia global’, em função das multiproximidades e das multidependências mediáticas, comunicacionais, políticas, económicas, ambientais etc., é imperativo submetê-la a uma condicionante ético-valorativa. O mesmo é dizer que é imperativo falar de uma ética da globalização, como muito bem avançou Peter Singer como subtítulo para a sua obra mais recente ‘Um Só Mundo’[3]. Foi orientado por esta perspectiva de um caminho para uma ética global, em razão de vivermos num só mundo, que é de todos em conjunto e de ninguém em particular, que organizei este meu exercício discursivo.
Na verdade, é o homem quem tem o poder de fazer da globalização um bem ou um mal, em função do sentido ou razão de ser que colocar na sua ‘praxis’ quotidiana. E esse sentido ou razão de ser, como determinante axiológica ou valorativa da acção, é necessariamente a mais radical e imperativa condicionante que a globalização deve assumir. Quero com isto dizer que só faz sentido falar da globalização como um bem ou um mal em função dos valores que humanamente orientam a nossa acção quotidiana, quer esta seja local ou globalmente considerada. Na realidade, já não podemos esquecer que numa sociedade cada vez mais globalizada como a nossa, a acção, ainda que localmente situada, tem cada vez mais implicações à escala global, no sentido em que o lixo no meu quintal, precisamente por ser lixo e apesar de estar no meu quintal, mesmo que não me incomode a mim, não pode deixar de incomodar o meu vizinho. E isto, obviamente, exige de mim um conjunto de deveres éticos perante os direitos desse meu vizinho. Portanto, é duma ética da responsabilidade colectiva e partilhada que é urgente falar agora; não uma ética particularista, assente na variabilidade dos interesses individuais, grupais ou nacionais. Precisa-se, pois, de uma ética global, necessariamente supra-individual, supra-grupal ou supra-nacional, preocupada essencialmente com o que, paradoxalmente, designaria de um interesse egoisticamente desinteressado, ou seja, de uma ética com a preocupação da preservação de todos os equilíbrios vitais do nosso mundo, sejam eles orgânicos, sociais, culturais ou outros. No fundo, uma ética que possa vir a ser legitimada e salvaguardada no plano jurídico pelo direito internacional, sob a égide de uma organização supranacional como é ainda hoje a ONU, instância sem a qual, queiramos ou não, num mundo globalizado, não há outro meio de coexistência pacífica quer dos homens entre si quer também com a própria natureza, como premonitoriamente já antevira Kant no séc. XVIII, num pequeno opúsculo intitulado “Ideia de uma História Universal com um Propósito Cosmopolita” [4].
Mas surge legítima a questão: de que valores falamos quando falamos de valores perante a globalização? Após os pessimismos e niilismos de há mais de um século a esta parte, haverá ainda uma efectiva crise de valores como vulgarmente se diz, uma crise exponenciada pelo chamado relativismo axiológico dos nossos dias ou, ao contrário, é possível ainda perspectivar e lutar por um conjunto de valores objectiváveis e mesmo universalizáveis, como condição de sentido para a existência do homem no mundo que temos? Será todo o valor, por diverso que seja, igualmente legítimo como determinante da acção ou será necessário pensar a partir de uma escala axiológica, no sentido em que uns valores serão mais importantes do que outros e, por isso mesmo, deverão ser condicionantes destes? E deverão tais valores, assim considerados pela nossa razão como importantes e decisivos para a salvaguarda relacional do nosso mundo humano e natural, ser deixados ao arbítrio ético das vontades ou consciências individuais de cada um ou, em vez disso, deverão esses valores ser legitimados sob a forma jurídico-contratual dum direito, pensado não já apenas como internacional, porque, em teoria, exclusor de alguns, mas dum direito que, forçando o conceito, teria de designar de global ou para a globalização e ao qual todos ficariam subordinados? Mas como conjugar esta obrigação legal com as lógicas dos poderes nacionais ou multinacionais?
É óbvio que me inclino para as segundas hipóteses das questões disjuntivas que formulei, ou seja, se à ideia de globalização presidir qualquer interesse de natureza particularista ou egoísta, expressa nas lógicas de poder referidas, e não uma determinante ética global, virada para o interesse comum, humanista, filantrópico e, no limite, cósmico-holista, no sentido de uma preocupação com o equilíbrio da natureza no seu todo multi-relaccional, trans-individual e trans-especista, como pensar na bondade de uma globalização, por exemplo, apenas económica ou política? De resto, se todos os valores são relativos, o bem e o mal, a pobreza e a riqueza do desperdício, a tirania e a liberdade, a defesa dos ecossistemas e os desequilíbrios ambientais estão igualmente legitimados. Pergunto ainda, serão os valores particularistas ou egoístas, subjacentes à ideia de estado-nação e que têm até hoje presidido às relações internacionais entre os povos, capazes de salvaguardarem o bem comum num mundo globalizado e supranacional? Como poderão os líderes políticos dos estados-nação responder à globalização da fome, da miséria económica e social, dos desequilíbrios ambientais ou, como exemplo último dum mal global, do terrorismo internacional, quando a sua preocupação maior é ainda a da salvaguarda do interesse nacional, como ficou claramente expresso com a recusa dos EUA em subscrever o Protocolo de Quioto ou em apoiar a implementação do domínio da lei internacional através da criação de um Tribunal Penal Internacional? Com que legitimidade é que alguém, indivíduo ou nação, por mais poderosos que sejam, se poderão subtrair a uma responsabilidade comum, quando a sua acção é também parte do problema de todos? Afinal, que mundo edificaremos nós sobre o arbítrio dos poderes, numa realidade colectiva que nos torna incontornavelmente interdependentes?
A verdade é que posturas políticas desta natureza implicam concepções éticas parciais e egoístas, que já não se coadunam com a dimensão global do mundo de hoje. E se alguma virtude é possível encontrar nos trágicos acontecimentos de 11 de Setembro no World Trade Center em Nova York ou no recente 11 de Março em Madrid, ela reside no facto de nos demonstrar que a globalização do mal já não pode ser combatida sem uma cooperação trans-nacional. Do mesmo modo, as emissões de dióxido de carbono dos escapes dos automóveis, que irão provocar alterações climatéricas com repercussões económicas, sociais, ambientais, de saúde pública, etc., também nos mostram que afinal somos um só mundo, como demonstra Peter Singer na obra citada, um mundo globalizado, e que só a cooperação de todos, orientada por uma perspectiva ética diferente da até aqui existente, nos permitirá alterar o actual estado de coisas, no sentido da edificação de uma ‘casa comum’ (um dos sentidos do termo grego ‘êthos’) moralmente mais equilibrada e cosmicamente mais justa.
Reparem que a grande diferença entre os primeiros exemplos que dei do mal global, chamado terrorismo internacional, relativamente ao mal global ambiental, resultante das alterações climatéricas provocadas pelas emissões de gases tóxicos, reside unicamente no choque mediático provocado em nós pelo visionamento emotivo e em directo da morte trágica das vítimas urbanas do terrorismo. Não obstante esta, há uma diferença maior e, portanto, igualmente terrível: é que as vítimas a prazo do segundo mal global referido serão incomparavelmente mais numerosas do que as dum terrorismo internacional, embora de menor atenção mediática e de menor preocupação colectiva ou de consciência pública. E este é ainda um outro problema, que mereceria outra abordagem analítica particular.
As múltiplas perspectivas éticas que se perfilam no debate filosófico actual, desde as tradicionais éticas antropocêntricas às éticas mais radicais e até perigosamente fundamentalistas, como as genericamente designadas por “Deep Ecology” (Ecologia Profunda), todas elas nos chamam a atenção para o problema crucial dos nossos dias: a tragédia da possível extinção da vida no planeta Terra, um facto terrível de que é urgente tomar consciência colectiva. Nunca como nos nossos dias o homem teve em suas mãos um tão grande poder. E se com o anúncio da “Morte de Deus”, Nietzsche constatava este tão relevante acontecimento histórico-civilacional do poder humano, ao mesmo tempo questionava-se também para onde caminharíamos nós agora libertos da tutela divina. Não correríamos agora o risco de estarmos incessantemente a cair? De sermos como fantasmas errantes através de um vazio infinito? Não teria sido a grandeza deste acto demasiado grande para nós? Estaríamos nós à altura da grandiosidade deste acto [5]? O problema que se coloca hoje é se a morte de Deus não traz consigo também, irremediavelmente ligada, a morte do próprio homem e da vida no planeta Terra.
Não pretendo sequer colocar a questão no plano religioso tradicional, nem sequer indagar se o ético vem obscurecer o sentido da transcendência do divino. O que me parece urgente é recolocar a questão no plano de uma nova ética, sucedânea de uma nova sensibilidade e de uma nova espiritualidade ecológica, capaz de não mais olhar para o homem como dono e senhor da natureza, em função do qual esta teria o seu destino sacrificial fatalmente traçado desde as cosmogonias míticas da antiguidade, em especial dos Génesis[6]. Infelizmente, o erro histórico desta concepção de uma natureza à parte do homem tem sido a causa da agressão do homem à natureza, cujos desequilíbrios daí resultantes, a manterem-se no actual ritmo, tornarão a vida na Terra insustentável a prazo.
Em jeito de conclusão diria que a ética global de que falo aqui não pode deixar de considerar como princípio maior da acção o respeito do homem, não já apenas e só para com o seu congénere humano, mas também para com a própria natureza no seu todo, quer fora, quer dentro do homem, que é natureza também. E se hoje discutimos aqui como tema central deste seminário “a globalização e os direitos humanos”, não posso deixar de afirmar a exigência de uma co-extenção desses direitos para além do próprio homem, sob risco de ter de considerar como redutor o objecto jurídico pressuposto na temática do seminário.
Com efeito, no plano ético a discussão faz-se hoje em torno de outros seres de consideração e respeito moral para além do próprio homem, como os animais, os ecossistemas, a paisagem ou a natureza no seu todo, os quais, necessariamente, terão de ganhar expressão jurídica no plano do direito. E neste caso, a nossa responsabilidade moral será tanto maior quanto mais frágeis estiveram estes seres face à acção humana e quanto mais globalizada for essa mesma acção.
Finalmente, neste espaço de reflexão conjunta, entre pessoas que perfilham uma base espiritual comum, assente num conjunto de princípios que procuram a salvaguarda da coexistência pacífica, da tolerância, do respeito e da fraternidade universais entre os povos, afirmo que, nesta era global e na perspectiva daquilo a que Peter Singer designou por “comunidade ética global” [7], não poderemos doravante deixar de assumir e de estender estes princípios também a todos os outros seres de consideração moral, sob o risco de, sem estes, nem o mundo nem o próprio homem poderem, não só coexistir, como, no limite, sobreviverem [Parágrafo alterado].
Termino, pois, citando ainda o velho chefe índio. E com ele formularia um voto de esperança ecologicamente global e fraterno: “por fim, talvez sejamos irmãos”[8]!
Acácio Bárbara
(Apresentado no Seminário “A Globalização e os Direitos Humanos”,
Monte Real, 3 Abril de 2004)
Bibliografia:
BÍBLIA SAGRADA, “Génesis”, I, 26-28; IX, 2.
KANT, Immanuel, “A IDEIA DE UMA HISTÓRIA UNIVERSAL COM PROPÓSITO COSMOPOLITA”, in A Paz Perpétua e outros opúsculos, Trad. de Artur Morão, Lisboa, Edições 70, 1988.
“POEMA ECOLÓGICO”, Trad. de Júlio Roberto, Lisboa, Edições ITAU, s/d.
NIETZSCHE, Friedrich, Gaia Ciência, § 125.
SERRES, Michel, O Contrato Natural, Trad. de Serafim Ferreira, Lisboa, Instituto Piaget, 1994.
SINGER, Peter, Um só mundo: a ética da globalização, Trad. de Maria de Fátima St. Aubin, Lisboa, Gradiva, 2004.
[1] SERRES, Michel, O Contrato Natural, Lisboa, Instituto Piaget, 1994, p. 46.
[2] “POEMA ECOLÓGICO”, Trad. De Júlio Roberto, Lisboa, Edições ITAU, s/d.
[3] Cf. SINGER, Peter, Um só mundo: a ética da globalização, Lisboa, Gradiva, 2004.
[4] Cf. KANT, Immanuel, “A IDEIA DE UMA HISTÓRIA UNIVERSAL COM PROPÓSITO COSMOPOLITA”, in A Paz Perpétua e outros opúsculos, Trad. de Artur Morão, Lisboa, Edições 70, 1988, pp. 21-37.
[5] Cf. NIETZSCHE, Friedrich, Gaia Ciência, § 125.
[6] Cf. BÍBLIA SAGRADA, “Génesis”, I, 26-28; IX, 2.
[7] SINGER, Peter, op. cit., p. 205.
[8] “POEMA ECOLÓGICO”, Idem.
terça-feira, 16 de setembro de 2008
O cão e o coelho - uma parábola da vida
- Ele vai comer o meu coelho!
- De jeito nenhum. O meu pastor é filhote. Vão crescer juntos e 'pegar' amizade!!!
E, parece que o dono do cão tinha razão. Juntos cresceram e se tornaram amigos. Era normal ver o coelho no quintal do cachorro e vice-versa. As crianças, felizes com os dois animais.
Eis que o dono do coelho foi viajar no fim de semana com a família. E não levaram o coelho. No domingo, à tarde, o dono do cachorro e a família tomavam um lanche tranquilamente, quando, de repente, entra o pastor alemão com o coelho entre os dentes, imundo, sujo de terra e morto. O cão levou uma tremenda surra! Quase mataram o cachorro de tanto agredi-lo.
Dizia o homem:
- O vizinho estava certo. Só podia dar nisso!
Mais algumas horas e os vizinhos iam chegar. E agora?!
Todos se olhavam. O cachorro, coitado, chorando lá fora, lambendo os seus ferimentos.
- Já pensaram como vão ficar as crianças?
Não se sabe exatamente quem teve a idéia, mas parecia infalível:
- Vamos lavar o coelho, deixá-lo limpinho, depois a gente seca com o secador e o colocamos na sua casinha. E assim fizeram. Até perfume colocaram no animalzinho. Ficou lindo. Parecia vivo, diziam as crianças. Logo depois ouvem os vizinhos chegarem. Notam os gritos das crianças.
- Descobriram!
Não passaram cinco minutos e o dono do coelho veio bater à porta, assustado. Parecia que tinha visto um fantasma.
- O que foi?! Que cara é essa?
- O coelho, o coelho...
- O que tem o coelho?
- Morreu!
- Morreu? Ainda hoje à tarde parecia tão bem.
- Morreu na sexta-feira!
- Na sexta?!
- Foi. Antes de viajarmos, as crianças o enterraram no fundo do quintal e agora ele reapareceu!
A história termina aqui. O que aconteceu depois fica para a imaginação de cada um de nós. Mas o grande personagem desta história, sem dúvida alguma, é o cachorro. Imagine o coitado, desde sexta-feira procurando em vão pelo seu amigo de infância. Depois de muito farejar, descobre seu amigo coelho morto e enterrado. O que faz ele? Provavelmente com o coração partido, desenterra o amigo e vai mostrar para seus donos, imaginando que o fizessem ressuscitar.
E o ser humano continua julgando os outros...
A outra lição que podemos tirar desta história é que o homem tem a tendência de julgar os fatos sem antes verificar o que de fato aconteceu.
Quantas vezes tiramos conclusões erradas das situações e nos achamos donos da verdade?
Histórias como essa, são para pensarmos bem nas atitudes que tomamos.
Às vezes, fazemos o mesmo...
A vida tem quatro sentidos: amar, sofrer, lutar e vencer.
Então: AME muito, SOFRA pouco, LUTE bastante e VENÇA sempre!!!
domingo, 14 de setembro de 2008
Não estás deprimido, estás distraído
Distraído em relação à vida que te preenche. Distraído em relação à vida que te rodeia. Golfinhos, bosques, mares, montanhas, rios.
Não caias como caiu teu irmão que sofre por um único ser humano, quando existem cinco mil e seiscentos milhões no mundo. Além de tudo, não é assim tão ruim viver só. Eu fico bem, decidindo a cada instante o que desejo fazer, e graças à solidão conheço-me… o que é fundamental para viver.
Não faças o que fez teu pai, que se sente velho porque tem setenta anos, e esquece que Moisés comandou o Êxodo aos oitenta e Rubinstein interpretava Chopin com uma maestria sem igual aos noventa, para citar apenas dois casos conhecidos.
Não estás deprimido, estás distraído. Por isso acreditas que perdeste algo, o que é impossível, porque tudo te foi dado. Não fizeste um só cabelo de tua cabeça, portanto não és dono de coisa alguma.
Além disso, a vida não te tira coisas: te liberta de coisas… alivia-te para que possas voar mais alto, para que alcances a plenitude. Do útero ao túmulo, vivemos numa escola; por isso, o que chamas de problemas são apenas lições.
Não perdeste coisa alguma: Aquele que morre apenas está adiantado em relação a nós, porque todos vamos na mesma direção. E não esqueças, que o melhor dele, o amor, continua vivo em teu coração.
Não existe a morte... Apenas a mudança. E do outro lado te esperam pessoas maravilhosas: Gandhi, o Arcanjo Miguel, Whitman, São Agostinho, Madre Teresa, teu avô e minha mãe, que acreditava que a pobreza está mais próxima do amor, porque o dinheiro nos distrai com coisas demais, e nos machuca, porque nos torna desconfiados.
Faz apenas o que amas e serás feliz. Aquele que faz o que ama, está benditamente condenado ao sucesso, que chegará quando for a hora, porque o que deve ser será, e chegará de forma natural.
Deus te tornou responsável por um ser humano, que és tu. Deves trazer felicidade e liberdade para ti mesmo. E só então poderás compartilhar a vida verdadeira com todos os outros.
Lembra-te: "Amarás ao próximo como a ti mesmo". Reconcilia-te contigo, coloca-te frente ao espelho e pensa que esta criatura que vês, é uma obra de Deus, e decide neste exato momento ser feliz, porque a felicidade é uma aquisição.
Aliás, a felicidade não é um direito, mas um dever; porque se não fores feliz, estarás levando amargura para todos os teus vizinhos.
Um único homem que não possuiu talento ou valor para viver, mandou matar seis milhões de judeus, seus irmãos.
Existem tantas coisas para experimentar, e a nossa passagem pela terra é tão curta, que sofrer é uma perda de tempo. Podemos experimentar a neve no inverno e as flores na primavera, o chocolate de Perusa, a baguette francesa, os tacos mexicanos, o vinho chileno, os mares e os rios, o futebol dos brasileiros, as Mil e Uma Noites, a Divina Comédia, Quixote, Pedro Páramo, os boleros de Manzanero e as poesias de Whitman; a música de Mahler, Mozart, Chopin, Beethoven; as pinturas de Caravaggio, Rembrandt, Velázquez, Picasso e Tamayo, entre tantas maravilhas.
E se estás com câncer ou AIDS, podem acontecer duas coisas, e ambas são positivas: se a doença ganha, te liberta do corpo que é cheio de processos (tenho fome, tenho frio, tenho sono, tenho vontades, tenho razão, tenho dúvidas)... Se tu vences, serás mais humilde, mais agradecido... portanto, facilmente feliz, livre do enorme peso da culpa, da responsabilidade e da vaidade, disposto a viver cada instante profundamente, como deve ser.
Não estás deprimido, estás desocupado.
Ajuda a criança que precisa de ti, essa criança que será sócia do teu filho. Ajuda os velhos e os jovens te ajudarão quando for tua vez.
Aliás, o serviço prestado é uma forma segura de ser feliz, como é gostar da natureza e cuidar dela para aqueles que virão.
Dá sem medida, e receberás sem medida.
Ama até que te tornes o ser amado; mais ainda converte-te no próprio Amor.
E não te deixes enganar por alguns homicidas e suicidas.
O bem é maioria, mas não se percebe porque é silencioso
Uma bomba faz mais barulho que uma carícia, porém, para cada bomba que destrói há milhões de carícias que alimentam a vida. Vale a pena, não é mesmo?
Se Deus possuísse uma geladeira, teria a tua foto pregada nela. Se ele possuísse uma carteira, tua foto estaria nela. Ele te envia flores a cada primavera. Ele te envia um amanhecer a cada manhã. Cada vez que desejas falar, Ele te escuta. Ele poderia viver em qualquer ponto do Universo, mas escolheu o teu coração.
Amor Platônico
Ou até mesmo ninguém
Talvez alguém invisível
Que a admira a distância
Sem a menor esperança
De um dia tornar-me visível
E você?
Você é o motivo
Do meu amanhecer
E a minha angústia
Ao anoitecer
Você é o brinquedo caro
E eu a criança pobre
O menino solitário que quer ter o que não pode
Dono de um amor sublime
Mas culpado por querê-la
Como quem a olha na vitrine
Mas jamais poderá tê-la
Eu sei de todas as suas tristezas
E alegrias
Mas você nada sabe
Nem da minha fraqueza
Nem da minha covardia
Nem sequer que eu existo
E como um filme banal
Entre o figurante e a atriz principal
Meu papel era irrelevante
Para contracenar
No final
No final
Efêmero
Filosofia
Ética
sábado, 13 de setembro de 2008
Sócrates
A vida que não passamos em revista não vale a pena viver.
A palavra é o fio de ouro do pensamento.
Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância.
É melhor fazer pouco e bem, do que muito e mal.
Alcançar o sucesso pelos próprios méritos. Vitoriosos os que assim procedem.
A ociosidade é que envelhece, não o trabalho.
O início da sabedoria é a admissão da própria ignorância.
Chamo de preguiçoso o homem que podia estar melhor empregado.
Há sabedoria em não crer saber aquilo que tu não sabes.
Não penses mal dos que procedem mal; pense somente que estão equivocados.
O amor é filho de dois deuses, a carência e a astúcia.
A verdade não está com os homens, mas entre os homens.
Quatro características deve ter um juiz: ouvir cortesmente, responder sabiamente, ponderar prudentemente e decidir imparcialmente.
Quem melhor conhece a verdade é mais capaz de mentir.
Sob a direção de um forte general, não haverá jamais soldados fracos.
Todo o meu saber consiste em saber que nada sei.
Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo de Deus.
Platão
Frases de Platão:
"O belo é o esplendor da verdade".
"O que mais vale não é viver, mas viver bem".
"Vencer a si próprio é a maior de todas as vitórias".
"O amor é uma perigosa doença mental".
"Praticar injustiças é pior que sofrê-las".
"A harmonia se consegue através da virtude".
"Teme a velhice, pois ela nunca vem só".
"A educação deve possibitar ao corpo e à alma toda a perfeição e a beleza que podem ter".
Fonte: http://www.suapesquisa.com/platao/
Aristóteles
Aristóteles foi viver em Atenas aos 17 anos, onde conheceu Platão, tornando seu discípulo. Passou o ano de 343 a.C. como preceptor do imperador Alexandre, o Grande, da Macedônia. Fundou em Atenas, no ano de 335 a.C, a escola Liceu, voltada para o estudo das ciências naturais. Seus estudos filosóficos baseavam-se em experimentações para comprovar fenômenos da natureza.
O filósofo valorizava a inteligência humana, única forma de alcançar a verdade. Fez escola e seus pensamentos foram seguidos e propagados pelos discípulos. Pensou e escreveu sobre diversas áreas do conhecimento: política, lógica, moral, ética, teologia, pedagogia, metafísica, didática, poética, retórica, física, antropologia, psicologia e biologia. Publicou muitas obras de cunho didático, principalmente para o público geral. Valorizava a educação e a considerava uma das formas crescimento intelectual e humano. Sua grande obra é o livro Organon, que reúne grande parte de seus pensamentos.
Pensamento de Aristóteles sobre a educação: "A educação tem raízes amargas, mas os frutos são doces". Aristóteles (D.L. 5, 18).
Frases de Aristóteles:
"O verdadeiro discípulo é aquele que consegue superar o mestre."
"A principal qualidade do estilo é a clareza."
"O homem que é prudente não diz tudo quanto pensa, mas pensa tudo quanto diz."
"O homem livre é senhor de sua vontade e somente escravo de sua própria consciência."
"Devemos tratar nossos amigos como queremos que eles nos tratem."
"O verdadeiro sábio procura a ausência de dor, e não o prazer." Fonte: http://www.suapesquisa.com/aristoteles/
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
A Idade de Ser Feliz
Uma só idade para a gente se encantar com a vida e viver apaixonadamente e desfrutar tudo com toda intensidade sem medo, nem culpa de sentir prazer.
Fase dourada em que a gente pode criar e recriar a vida, a nossa própria imagem e semelhança e vestir-se com todas as cores e experimentar todos os sabores e entregar-se a todos os amores sem preconceito nem pudor.
Tempo de entusiasmo e coragem em que todo o desafio é mais um convite à luta que a gente enfrenta com toda disposição de tentar algo NOVO, de NOVO e de NOVO, e quantas vezes for preciso.
Essa idade tão fugaz na vida da gente chama-se PRESENTE e tem a duração do instante que passa.
Mário Quintana
A maior máquina do mundo
terça-feira, 9 de setembro de 2008
Índia, Gandhi e Madre Tereza
Textos de Gandhi e Madre Tereza de Calcutá.
Imagens da Índia